terça-feira, 7 de outubro de 2008

Alah Rocks!!!


Boris & Merzbow: Rock Dream (Southern Lord / Sabotage; 2007)
v/a: Waking Up Scheherazade: Arabian Garage/Psych 60's-70's (Grey Past?; 2008)

O Ocidente adora o Oriente sem o assumir e sabe que de "lá" pode aprender muito e até roubar ideias (de forma aborrecida) o que os Orientais inventam. Uma lista? Soka! Do Médio ao Extremo Oriente: Rock psicadélico,Tamagoshi, Haikus, Haxixe, Zen-Zen, Tao-tao, Mao-Mao, Buda-Buda, Dalai Lamas, Kama Sutra, 1001 noites, Dragonball, Ópio, Japanoise, Nusrat Fateh Ali Khan, Hello Kittie, e claro o "ultimate tantric orgasmatron": siga a sua vidinha quotidiana chata e um dia deste, quando menos esperar, leva com dois Boeings 767 nos cornos.
Claro que é um Amor não assumido, porque os Ocidentais vem a História da Humanidade quase que exclusivamente de forma eurocêntrica: houve chimpazés, homídeos, sumérios e múmias mas desapareceram excepto as últimas, depois veio a Grécia, Roma, o idiota do Jesus (que andou a chupar muito orientalismo pelos vistos), e o cataclismo-mor, ou seja, a Roma Católica. Depois os portugueses foram até ao Extremo, os italianos e franceses inventaram o "Humanismo", os ingleses a Revolução Industrial e os norte-americanos o Neo-Liberalismo e a TV por cabo... O resto do planeta sempre foi primitivo e não contribuiram em nada a não darem chatices e a matemática quando os árabes ainda não eram fundamentalistas... tá-dá! Não é um óptimo resumo de 200.000 anos de Homo Sapiens? Eu acho que é...
Entretanto os Ocidentais sempre aborrecidos têm descoberto que afinal os primitivos, manhosos do caraças, afinal até tem coisas boas e influentes sobre a nossa cultura do tipo, não haveria Death Metal sem África nem chamuças sem os indianos.
[falta texto aqui para fazer relação com o que foi dito e a resenha dos discos já seguir... que se lixe, estou de férias não me apetece escrever muito, fica assim mesmo!]
O primeiro disco é um "nuggets" de países árabes, a saber do Líbano, Algéria, Irão, Egipto no período de 1966 e 1972, ou seja na altura em que os países ainda não tinham apanhado com revoluções islámicas (como o Irão) e estavam abertas à Democracia e os "valores ocidentais". São 12 bandas e 16 faixas (4 bandas repetêm-se no lado A e B do LP) que usam o Rock e o som "étnico árabe" em perfeita fusão de estilos, embora algumas não fujam muito do "template" anglo-saxónico do Rock dos anos 60's como os Kool Kats. Alguns cantam em inglês, outros naquela algaraviada que ninguém entende. Cantam também na essência músicas de Amor excepto os libaneses The News que na letra fazem-se passar por habitantes da lua e à procura da Paz (é para rir mesmo). Destaque para os Sea-Ders (verdadeiros Beatles do Ali-Bábá e que em breve a Groovie irá reeditá-los), El-Abranis (detentores de um groove primitivo e quase assustador!), Morocco que foi gravado nos EUA e aproxima-se de um estereotipado Belly-Dance / Exotica mas com uma cavalgada Garage caótica, os Raks com o seu Raks Dance até podem estar a cantar que as formigas são giras e trabalham muito mas a malha deles é tão potente que quase apetece vestir um cinto de explosivos e suicidar-me para dentro de uma carrinha de transporte de putos israelitas; mas a melhor de todas é Kareem Issaq & Middle Eastern Rock (gravado também nos EUA) que mais uma vez numa língua incompreensivel usa um "fuzz" infernal e um andamento mortal, Besaha é o nome desta petita de ouro negro! O disco deve ser "pirata" mas é um verdadeiro "must have"! Não há nome de editora em lado nenhum embora uma investigação na 'net aparece a Grey Past como possível responsável. Por cá encontrei o disco na loja Vinil Experience. O disco, em vinil (claro está) é colorido - violeta psicadélico tal como é o triplo vinil dos "Merzboris".
Pelo menos a minha cópia dos "Merzboris" é também tal como outras 999 cópias sendo que eainda existem mais 1000 exemplares em vinil vermelho e ainda outros 800 a laranja... O que há mesmo é uma especulação sobre os produtos Boris, cheio de edições limitadas e tratamento deluxe - um tratamento auto-infligido ao que parece porque até convidam o mestre Merzbow a tocar com eles mesmo que os resultados sejam pouco interessantes. Não sei se é por culpa do vinil que se separa em 3 discos - o que equivale a 6 mudanças/interrupções para escutar o álbum todo - ou se das capacidades dos próprios protagonistas mas algo não funciona bem. Boris e Merzbow tocam ao vivo num clube em Tóquio, Boris com aquele Rock manhoso e o Merzbow a bombardear barulho digital sem que alguma vez haja uma símbiose das duas entidades. Talvez possa haver um momento ou dois interessantes mas no geral parece que temos uma banda de Rock de um lado a tocar os seus temas de sempre e do outro um gajo do Noise a tentar chamar a atenção ou a foder as músicas dos outros - como unDJ GoldenShower já brinquei também desta forma mas não editei nenhum álbum de luxo.

Obrigado a Jucifer pela prenda de aniversário Merzboris, e ao Pedro Stuka pelo maxi Motor-Momy-Army (Ed Banger; 2008) de Sebastian, um tipo electro-noise na onda de T. Raumschmiere.

1 comentário:

João Gama Marques disse...

Esse comprei em Barcelona por tuta e meio... bem fica na estante dos coleccionáveis!