segunda-feira, 29 de janeiro de 2007

Suomi Jazzi (Jazzi?)

Jucifer ofereceu-me no Natal um gira-discos, tecnologia anacrónica mas de gozo sónico muito mais denso que o digital - acreditava que a história de que o vinil era melhor do que o digital era uma tanga de saudosistas e nostálgicos. Afinal não, o vinil soa mesmo bem e por isso voltei à carga de arranjar esses discos pesados de capas espectaculares. Em Angoulême, troquei algumas tretas nacionais (como o segundo CD do Kubik que deve soar melhor aos ouvidos estrangeiros)
por umas peças que já há muito cobiçava da editora finlandesa Boing Being, que para além de editar livros de ilustração e bd (como a antologia Glömp) edita também discos.

Assim, calhou-me a finalmente o 10" "Bez kalhotek" (2002) dos Space Rocket e o LP homónimo de Suurin Onni (2005). Ambos dedicados a um Jazz bastardo que tem sido explorado lá para a escandinávia - as edições da norueguesa Rune Grammofon já são conhecidas por todos, certo? Ou seja, as ideias deste "uusi Jazz" ("novo Jazz" em finlandês se me perdoarem a brincadeira) é que continuamos a ter aquele feeling de Swing e também de capacidade de improvisação mas misturadas com contaminações de outras linguagens afastadas do "cristal Jazz".

Space Rocket até por aproximação do nome lembra os Sad Rockets tal é o Lounge que existe entre os dois. Ouve-se este disco quase sem se aperceber que estamos a ouvir algo, apesar da ficha técnica apontar para uma montanha de instrumentos que são utilizados. Mesmo quando o barulho se lança no lado B (no lado B, no lado B!!! Há quanto tempo que não se escreve "lado B" numa resenha de um disco! Snif, snif) ele não incomoda nem atrapalha... Estamos num caso de estigma nórdico em que nunca antes o "cool" foi tão sinónimo de "frio"? Felizmente em vinil algum calor é transmitido... [3; um 10" fica sempre bem na prateleira]

Quanto ao Suurin Onni (que deverá significar "Come Pó meu pequeno gnomo amoroso" ou algo tão bem inventado) é menos pretencioso e muito mais eficiente. Move-se pelo Folk - com um sabor dos balcãs, o que resulta num tom mais festivo e simplório - e pelo Free, logo, estamos perante um trabalho de Freeak Jazz! Agradável... [3,5; para ouvir nas manhãs de inverno, sem dúvida]

Zlad, Zynth & Zonik

segunda-feira, 22 de janeiro de 2007

Macaco quer-é-buá!

Buttons the Chimp: "Hear mo'evil" (Chimportant; 2003)

Hum... OK! Admito que a capa é um bocado foleira e até a fotografia da caveira com os headphones tá mal tirada, ou mal scanada ou será mesmo mal impressa mas devo admitir que vejo um certo primitivismo (mito ordinário o do bom primitivo... eu sei), um mau gosto associado a certa bizarria pseudo-mística, como se fosse um ácido deslocado das Raves dos finais dos anos 80... A música? Ouve-se...
De vez enquando compro discos só pelas capas - se tiverem baratos, claro - e de vez enquando aparecem umas surpresas agradáveis... a frequência de surpresas agradáveis é rara, seja como for, creio mesmo que destas colheitas visuais-sonoras, coisas boas só me lembro do Wrong-eyed Jesus (Luaka Bop; 1997), álbum de estreia do Jim White com uma capa brutal e um som alt.country não habitual nos meus ouvidos. Sem relação sonora possível, este(s?) Buttons the Chimp vai pela via rápida da Electrónica eclética produzindo faixas ora de Techno ora de Dub ora Breakbeat ora loops de samples de Jazzito ou de música oriental. A interferir as funcionalidades dessas faixas estão alguns ruídos agudos e inesperados - it's a Glitch kind of thing.

Qualidade numérica: 4/5 Objectivo pós-audição: Vou guardá-lo pela capa fanhosa

sexta-feira, 19 de janeiro de 2007

Formigueiro nos pés e cu dorido

Sr. Alfaiate: "A vida na ponta dos dedos" (Loop; 2006)
Buraka Som Sistema: "From Buraka to the World EP" (Enchufada; 2006)

O primeiro é um álbum de "scratch", coisa rara em Portugal... e quando sabemos que quem está por detrás dele é o Nelassassin (DJ dos Micro, Bulllet entre outras colaborações e filiações) com as colaborações de Ollie Teeba (dos Herbaliser), DJ Damented, Kika Santos, Mellow D, SP, Verbal e DJ Riot mais curiosos ficamos. Há na rodela Hip Hop (claro) instrumental de qualidade mas encontraremos "agradáveis" (diz a editora) momentos Soul e R'n'B (agradáveis? para quem?) e funcionalidade Drum'n'Bass na última faixa, bastante atrasada no tempo, só para inglês ver. Com a função de ser cosmopolita até ao tutano, ouve-se bem dada à excelente produção do disco mas como quase tudo que vêm da Loop (que fez, no ano passado, 5 anos de actividade nas áreas do Hip Hop e outros géneros) há um trago ao artificialismo, uma perseguição dos modelos comerciais anglo-saxónicos óbvios numa tentativa de compromisso entre uma música de autor / alternativa com sucesso comercial - basta ver as banhadas que são Vicious 5 ou Fuse... Por isso, seguimos uma viagem mediana - a título de gosto pessoal, os fashion victims dirão que é um grande álbum - em que os melhores momentos passam pelas faixas que participa Kalaf (sempre em very-cool-style) e Sam the Kid com Bob the Rage Sense em guerra aberta ao que é e não é Hip Hop - tema sempre desagradável e masturbatório mas aqui com alguma garra e pujança por vir da boca de Sam. [3,7; Quando há uma Festa de Troca de Discos, caramba!?]
O segundo é o EP de estreia daquele foi o fenómeno da música portuguesa em 2006 - e que só ouvi na totalidade agora em 2007. Considero este CD-EP um dos discos mais importantes em Portugal dos últimos 10 anos. Ainda em tempos, na revista cinzenta Entulho Informativo a propósito de "Ngonguenhação" (Matarroa; 2004) do Conjunto Ngonguenha, escrevia que em Portugal temos vergonha de usar a matéria-prima da música africana (conclusão, aliás, nada nova porque vinha da leitura das escríticas pop de Miguel Esteves Cardoso), quando somos nós dos países com mais potencial para tal dada a nossa estreita relação histórica-colonialista com África e outros continentes. Mas não, aqui é a saudade e a morcegada que servem de personalidade nacional para a música e cujos exponentes máximos são os Madredeus e os Moonspell. Enfim... 2006 é o ano de ruptura graças ao boom estival dos Buraka Som Sistema e talvez venha a ser o ano em que Portugal passará a deixar de ser um país salazarento-de-merda e mapear-se-á na música do globo com um som completamente fresco [mas segundo a edição de hoje do Y, os franceses já se estão a adiantar com festas e a lançar discos de Kuduro - de origem angolana].
Sinceramente gostaria que os BSS venham a ser tão ou mais importantes como foi o House manhoso dos Underground Sound of Lisbon nos anos 90. Música de Dança Inteligente Crioula (IDM-PALOP?), Kuduro Progressivo (como lhe chamam), F-Dubstep (F de Fuck ou de Funk), Grime de Lata, qualquer designação servirá para este futuro "new two-tone" de uma sociedade que se quer progressista e cosmopolita, europeia e outras tretas. Dá-lhe Buraka! Vai ao World, vai! [4,5; precisadizer+?]
Entretanto para quem sofre de melomania, com ou sem critério, e procurar saber o que é o Kuduro, o sítio Wikipedia já é uma fonte de pesquisa levando já para páginas de artistas como o Dog Murras (o que me diverti a visitar a página murraspower.com) ou poderá encontrar algumas compilações manhosas como "Kuduro - Sempre a subir" da editora-pimba-k7-pirata Ovação (de que ano? não se sabe...) com Zeca, Semal, Frank Lioni, Virgilio Fire (hehehehe), Big Beto (que compila as faixas e no final faz um mix de todos os temas neste CD), DJ Fantasma (com este nome podia ser um DJ Gó-Gó!), Milay Xavier e MLX com Kwanhama. Diversão total garantida por muito pouco dinheiro... «É elaaaa! É elaaaaaaaa!» Que photochupada di capa, hein!? [3; é prá vergonha!]
Grandes temas desta nova vaga de Kuduro-pt também pode ser encontrado nos discos "Poesia Urbana" e no disco dos Nigga Poison.

sábado, 6 de janeiro de 2007

OsL no concerto de Decreto 77 + M.A.D. || ESPAÇO

Concerto das 20h às 22h
resto da noite com os OSAMAsecretLOVERS
cartaz por Morte 3000

quarta-feira, 3 de janeiro de 2007

Moonsorrow: "V: Hävitetty"

Published in Free! Magazine #1

Top Ten Thisco

Na última Feira Laica e penúltimo Samizdata Club - este último comemorava um ano de existência e cinco da Thisco, existência essa que se materializa em 40 CD's - consegui os últimos poucos discos que me faltavam do extenso catálogo da editora: as duas colectâneas, a primeira quando a editora ainda se identificava com um ponto a separar, Thisconnected (This.co + Fonoteca de Lisboa; 2000) e Thiscotronica - sample mind (Thisco + Fonoteca; 2004), um sample-CD que era suplemento de um número da revista espanhola Margen.

E se os CD's em questão não me trouxeram grandes novidade do que já ouvi no catálogo da editora e não deixando de serem duas boas antologias de electrónica alternativa (inter)nacional, o que me leva a escrever este "post" tem mais haver com a injusta invisibilidade pública deste projecto editorial.

Assim sendo decidi fazer um Top das minhas edições favoritas da Thisco para servir de mais um "teaser" de divulgação - a escolha é feita meramente pelo gosto pessoal deste vosso querido unDJ...

Top Ten Thisco
1. shhh...
2. Merzbow Dust of dreams
3. v/a: Thiscology
4. Ghoak: Some are weird
5. Samuel Jerónimo: Redra andra endre de fase
6. KK Null: Kosmo Incognita
7. Mimetic Tale: Personal plot
8. [f.e.v.e.r.]: Electronics
9. Rasal.asad: Lahva
10. v/a: Symptom of thisease