sexta-feira, 25 de janeiro de 2008

Invisual #14 || RADIO ZERO

Sexta-Feira, às 20h: vai para o "ar-virtual", cortesia da famosa Rádio Zero, mais uma emissão do Invisual, um programa que pretende divulgar as promíscuas relações entre a banda desenhada e a música.
...
Produzido por Rui Tomás e Marcos Farrajota, o 14º programa, irá incidir sobre o Festival de Angoulême onde estará a Associação Chili Com Carne com um stand dividido com a Boing Being. O Farrajota não participará neste programa.
...
O ciclo de músicas dedicadas ao sub-anormal do Super-Homem fica para a outra semana.
...
É repetido à Segunda-Feira pelas 11h30.

terça-feira, 22 de janeiro de 2008

Vinil Soundcraft

Abriu uma nova loja de discos na capital, fica dentro da Fermento (loja de bonecada artesanal) e partilha espaço com a Cine Cittá (loja de cinema). O dono da loja é o Nuno Franco, jornalista que escreve sobre bd. E como o pessoal da bd é fixe - é mentira! mas é fixe escrever cenas deste tipo - serve este "post" para divulgar o estabelecimento comercial que por acaso tem uma razoável oferta de vinil para todos os bolsos. Eis as primeiras aquisições:

Nazareth: Hair of The Dog (1975; Vertigo) é o sexto álbum deste grupo escocês de Hard Rock dos anos 70 que agradará qualquer fã dos Led Zep... Este é o álbum mais famoso do grupo, e talvez por causa disso é que há edição portuguesa pela Círculo de Leitores. A capa de David Roe ajudou na compra. Os loucos anos 70, yeah!!!

Flamin'Groovies: Flamin'Groovies Now (1978; Sire) também com edição portuguesa pela Nova, é Blues Rock ao que parece respeitado por muitos, mas parece que apanhei o álbum errado que está mais próximo de uns Beatles (gravaram uma versão dos "fab four" neste disco, e já agora duas dos Rolling Stones). Saiem da casca prá lamechas "Indie-Poops" dos anos 80 - sim, não se inventou nada! Já tinha ouvido falar nos tipos e daí a compra - e bem, na Soundcraft não há leitor de discos... Fica a curiosidade para outros álbuns a descobrir destes norte-americanos que são considerados como influência na Power-Pop.

E já que se fala dos anos 80: também veio para casa o álbum de estreia homónimo dos A Flock of Seaguls (1982; Jive), edição portuguesa da Edisom - o que significa que tem um tema extra, Tokyo.
Lembrada como uma banda "one hit" por causa de I Ran (so far away), este álbum ou esta banda tem temas bem mais porreiros que possam parecer à primeira. Um Synthpop / New Wave bem produzido a começar logo pelo energético Modern love is automatic - no limite da era da SIDA portanto. Outros temas também tem o carisma Pop para serem apreciadas sem a nostalgia idiota dos anos 80 que impera nas festas neste país de atrasados mentais - ei! os anos 80 já foram, ninguém tem nostalgia dos anos 90, foda-se!?! A capa é tão ou mais vomitante como os penteados dos elementos do grupo - que conseguiram a proeza de se passar a usar a expressão "Flock of Seagulls Hairstyle" para penteados ridículos. É obra!

O melhor para o fim: La Dee Dah & Other Great Novelty Hits (1986; Charly / Topline) de vários artistas é uma colectânea de 12 temas de Novelty - género musical criado na Grande Depressão, que geralmente pega num tema conhecido e acrescenta efeitos sonoros de desenhos animados à Warner Bros ou outro tipo de sons humorísticos para gozar com o tema de origem - na origem, o Novelty foi um "proto-industrial" porque os músicos usavam lixo como instrumentos musicais (a pobreza oblige). Spike Jones é o Deus da cena (mas não está aqui) e um "novelty-artist" dos dias de hoje é o genial Weird Al Yankovic. Neste disco, o material é intervalado entre as décadas de 50 e 70 tem muitos temas a gozar com índios e cowboys (ex.: Running Bear de Johnny Preston ou Papa OO Mow Mow dos Rivingstons - os Trashmen, Ramones e Cramps também já pegaram nela no Surfin'Bird) mas também a consumidores de "junk-food" -Junk Food Junkie de Larry Groce. Vintage q.b por um Euro.

E ainda arranjei o primeiro ao vivo, Welcome to Mexico... Asshole (1991; Invisible / Devotion), dos Pigface - que um dia destes terá um melhor tempo de antena, até porque o meu PC parece que pifou!

BD de Marte || Sonic Scope Quarterly

Já está disponível a "revista pdf" «for contemporary visual art» Sonic Scope Quarterly, editada pela Grain of Sound.
Neste número 11 irão encontrar trabalhos de gente como o Opuntia, Jucifer e o nosso camara Marte, com as suas "comic-strips" In DJ GoldenShower record collection - como aliás já tinha acontecido no número 8.
A pasta "zipada" inclui um mp3 exclusivo. É só sacar!

sexta-feira, 18 de janeiro de 2008

Invisual #13 || RÁDIO ZERO

Sexta-Feira, às 20h: vai para o "ar-virtual", cortesia da famosa Rádio Zero, mais uma emissão do Invisual, um programa que pretende divulgar as promíscuas relações entre a banda desenhada e a música.
...
Produzido por Rui Tomás e Marcos Farrajota, o 13º programa irá incidir sobre algumas novidades editoriais e algumas pérolas musicais ligadas à bd como The Band of Blacky Ranchette, Gary Numan (por causa de Strum and drang: great moments in Rock'n'Roll de Joel Orff) e um excerto da banda sonora do filme de animação Persépolis que adapta a bd de Marjane Satrapi - a música é de Olivier Berné.
...
No ciclo de músicas dedicadas ao sub-anormal do Super-Homem ficará a cargo de Eminem com Superman do álbum The Eminem Show (Aftermath/ Interscope; 2002).
...
É repetido à Segunda-Feira pelas 11h30.

Fernando Cerqueira (ed.): "Antibothis, vol.1" (col. THISCOvery CCChannel, Chili Com Carne + Thisco; 2007)

Mais do que ser a nova aventura editorial da Chili Com Carne e da Thisco - o nome da colecção remonta à promoção/protocolo entre as duas associações) é a nova aventura cultural de Fernando Cerqueira (Croniamantal, SPH, livraria Ligotage, Ras.Al.Ghul, Rasal.Asad, Thisco) que aqui faz o papel de editor da antologia de "vozes discordantes", Antibothis.
Ou por ser o primeiro volume ou por ser uma antologia, Antibothis tem altos e baixos - e se calhar esta afirmação deriva também dos meus interesses à partida. Os altos são de indole cultural e político, como os textos do eco-fascista finlandês Pentti Linkola ou sobre Arte Cibernética pelo brasileiro Edgar Franco. Os baixos serão os que se metem pela religião e as tretas esotéricas como os textos do Ordo Antichristianus Illuminati ou Denny Sargent, e pensando melhor não tem haver com o facto do assunto não me interessar - viva Julius Évola! - mas porque as entrevistas foram feitas por e-mail e revelam os defeitos desse formato. Há também partes cinzentas como os textos "cut-up" cacofónicos do japonês Kenji Siratori que são verdadeiros "ciber-puzzles" sem solução racional. A Inteligência Artifical já existe e escreve poesia... O nipónico sabe imitá-la! Uma poesia "alien" e sem qualquer possibilidade de afinidade humana - impressionante seja como for, além de que é pela primeira vez que Siratori é publicado em Portugal, é um (e)feito!
Quanto ao CD que é de "spoken word / oral cut up" tem um resultado não muito longe da colectânea Electronic Thisturbance (Thisco; 2004) excepto que aqui acontece duas coisas, a primeira é que os textos são envolta do conceito "this" (textos escritos por Cerqueira) e em segundo, a música e as vozes foram misturadas também por Cerqueira sem o conhecimento dos artistas participantes. Daí que a "parceria" Netherworld com Kenji Siratori ou a de Jarboe com Rasal.Asad sejam inesperadas até para os próprios artistas. As excepções serão as de Phil Von e Thermidor que cuidaram de tudo (som + voz). Dos textos escritos em inglês acontecem algumas curiosidades: Siratori e os Structura recitam nas suas línguas maternas (japonês e português) o que sempre é melhor que o inglês empastelado de Fernando Ribeiro, Thermidor e Euthymia - todos eles portugueses que assim acabam por em risco a seriedade do projecto. Quem sabe trabalhar com voz sabe e por isso destacam-se como são os casos de Christophe Demarthe, Jarboe, Structura e Siratori.
Está à venda aqui.

segunda-feira, 14 de janeiro de 2008

CIA info 48.7

Ao que parece, desde 5 de Novembro que anda uma exposição colectiva itenerante de bd + ilustração + cartoon em que eu participo com as tiras do discos e concertos.
Eis a informação que tenho: «O Espaço Musas, com o apoio da Junta de Freguesia de Santo Ildefonso, vai organizar uma exposição colectiva de Banda Desenhada, Ilustração e Cartoon para a qual o (a) convidamos a visitar. A exposição estará patente na sede da Junta de Freguesia de Santo Ildefonso, onde será inaugurada, às 17h do dia 5 de Novembro 07, aí se mantendo até ao sábado seguinte, dia 10. Percorrerá depois, sucessivamente, os seguintes locais de exposição: Espaço Musas – até 25 de Novembro, Casa Viva – de 1 até 22 de Dezembro, Central Comics – de 1 até 31 de Janeiro, regressando depois ao Espaço Musas para novo período de exposição final de quinze dias, com datas a determinar.»
Participam Rui Ricardo, Rui Sousa, Ivan Mendonça, Hugo Jesus & Manuel Morgado e Paulo Pinto. Galeria dos trabalhos expostos aqui.

sexta-feira, 11 de janeiro de 2008

Invisual #12 || RADIO ZERO

Sexta-Feira, às 20h: vai para o "ar-virtual", cortesia da famosa Rádio Zero, mais uma emissão do Invisual, um programa que pretende divulgar as promíscuas relações entre a banda desenhada e a música.
...
Produzido por Rui Tomás e Marcos Farrajota, o 12º programa terá dois convidados muito especiais, os eslovenos Jakob Klemencic e David Krancan, autor de bd e editor da Stripburger, a propósito da exposição "Honey Talks" na Bedeteca de Lisboa.
...
Playlist: Último, Laibach e no ciclo de músicas dedicadas ao sub-anormal do Super-Homem, os Flaming Lips com Waitin' for a Superman do álbum The Soft Bulletin (Warner; 1999).
...
É repetido à Segunda-Feira pelas 11h30.

quinta-feira, 10 de janeiro de 2008

Ainda 'tá vivo, branquela!?



Bezegol: "Rude bwoy stand" (Matarroa; 2007)
Freddy Locks: "Bring up the feeling" (Gumalaka / Matarroa; 2007?)

Agora que a Jamaica já faz definitivamente no mapa musical de Portugal - demorou algumas décadas para saber que daquela ilha não era só Peter Tosh e o Bob Marley - começou a rapinagem dos vários estilos de música que aquele país criou nos últimos 40 anos e que influenciaram toda a produção musical no mundo. Começaram a aparecer bandinhas de Reggae para animar os bares de surfistas da costa vicentina, compostas por putos deslavados e sem pica, e ignorando o trabalho mais inspirado dos Kussondulola que conseguiram fazer a ponte musical robusta entre Jamaica, Angola e Portugal, começaram a gravar, alguns com pontos mais abaixo (os últimos dos referidos Kussondulola, Mercado Negro e a maioria dos "novatos"...) e alguns pontitos mais acima (como o último de Prince Wadada).
O álbum de estreia do Freddy Locks é o mimetismo perfeito de qualquer disco de Roots Reggae, é uma «jóia na produção de Reggae em Portugal», um "wallpaper" sonoro que tanto pode estar a ser tocado na aparelhagem de uma esplanada no melhor dia de Verão como na aparelhagem de casa à procura de "positive vibes". Tão perfeita que é esta música a imitar os modelos que podia ter sido feito na origem jamaicana... como podia ter sido feito na Rússia ou na Suiça ou onde vocês quiserem. A única referência portuguesa será a participação de um Rap em português emitido pelo MC Tranquilo (um padreco moralista chato como qualquer beato). O disco é tão bom qualquer outro bom disco de Reggae, é tão saudável como futuramente será entrar nos cafés sem o fumo dos cigarros. O problema será para aqueles que querem fumar! Ah! Sendo esta edição feita com o apoio da Matarroa e do talentoso Chemega, e fazem a "big shit" de capa e embalagem que é!? A ganza nos brancos bate mal, pelos vistos...
Ao contrário de Freddy, Bezegol é menos positivo e mais eclético - sim, é um sítio para fumadores de seja o que for! Do Dancehall ao HipHop, do Ragga à Soul, Bezegol mostra que tem garras, aliás como DJ de MatoZoo mostrava que "samplagem" de sons estranhos e originais era com ele. No álbum de estreia consegue nos surpreender com samples de filmes brasileiros (os diálogos são cortar à faca), um excerto inesperado dos Ramones à abrir, uma guitarra portuguesa (não "samplada"!), sons do 25 de Abril, ... ainda assim a esquizofrenia não é completa, o que é uma pena talvez porque o investimento de Bezegol passa muito para uma (sua) voz grave de "ganza-man" que canta num inglês não muito convicente. O esforço de imitar um modelo parece desnecessário e parece que Bezegol não tem confiança no seu talento - como acontece com quase todos os artistas portugueses. Apesar de Bezegol não saber que não pode fazer uma voz negra, e porque as listas já andam por aí, aqui vai o hype: este é pelo menos o melhor disco da Matarroa de 2007. Peace!

PS - memória para os que não tem e para relembrar aos "pulas" que querem ser "niggers" deveriam arrumar as botas porque vão estar sempre atrasados. A semana passada consegui uma raridade: Black Ja Tchga (Mesapro; 1997) dos cabo-verdianos Black Side - que já tinha feito uma resenha no extinto zine My Precious Things (14 números, FC Kómix; 1996-2000). Residentes na Holanda misturavam tudo o que era "black sound": Reggae, HipHop, Ragga, Pop africano, Dub,... Fusão embrulhada em crioulo du power, brotha! Aprendi pula com esta Obra-Prima!

E bom... o que se pode dizer disto!? Pai Grande (Sons d'África; 200_) que tem como sub-título Dog Murras apadrinha estrelas do Kuduro... é uma colectêna de Kuduro que achei que poderia colocar por aqui também, não sei bem porquê - porque é música Power du Black Pá! Claro, para provar que a cena "Black" é non-stop e cheia de pica. Como se sabe a tecnologia está em favor dos "pobres" - se eles conseguirem ter acesso, claro está - e é assim que à medida que a tecnologia chega às favelas, terceiro mundo e afins, novas pespectivas musicais populares surgem como o Baile Funk, Reggaton, Kuduro... Este disco é uma colectânea apadrinhada por um super-star (um xungão!) que é o Dog Murras - só o nome merce ser super-star. Já se sabe o que se pode ouvir aqui: tambor-techno, letra sexual parva para curtir em festa, o que for necessário para o branco ainda com tiques de colonialista com medo do futuro - Aprendi pula!

domingo, 6 de janeiro de 2008

Too much monkey business


v/a: "Portuguese Nuggets, vol.4" (Galo de Barcelos; 2007)

Afinal os angolanos enganaram-nos duplamente. Afinal a série "Portuguese Nuggets" não acabou nem parece longe de acabar mas deveria. Se já no volume anterior só um dos lados do vinil valia a pena, neste quarto volume apenas quatro temas se safam, a saber: Ababilah, um tema psicadélico com matizes orientais dos Quarteto 1111, Uma velha foi à feira dos Impacto, Os gatos de Nuno Filipe e Poema do homem rã dos Tubarões, canções estranhas em português. O resto são ou versões de temas conhecidos como House of the Rising Sun (pelo Conjunto José Novoa) ou músicas vulgares de um género de uma certa época. O que diferenciava os outros três volumes é que eles conseguiram revelar temas seminais como o primeiro tema Rock português de Joaquim Costa gravado em 1959 mas nunca antes editado (vol.3), temas emblemáticos como Se eu enlouquecer de Daniel Bacelar (vol.2), versões de músicas tradicionais portuguesas em formato Rock/Surf como Oh Rosa arredonda a saia dos Tártaros (vol.2), bizarrias como os Steamers (vol.2) ou ingenuidades em inglês como S. Francisco Girls dos Vodkas (vol.2).
O que este quarto volume (re)edita podia estar em qualquer outro "Nuggets" de outro país. Não quero tirar a importância do trabalho destes angolanos da Galo de Barcelos - porque mais ninguém o fez ou fará - mas parece que se a ideia é ser "completista" ou "coleccionista" talvez o estatuto de "Nuggets" (pepitas) já não faça tanto sentido. Não valia mudar para "The Complete 60's Portuguese Rock"?
Apesar de haver um texto interessante sobre o Rock português no interior do disco faltam as biografias das bandas como aconteceu nos volumes 1 e 3. A pressa é inimiga da perfeição.

Phanatos: "Opus 2" + The Ga!n: "Get the Ga!n"

to be published in Free! Magazine (site)

sexta-feira, 4 de janeiro de 2008

Invisual #11 || RÁDIO ZERO

Sexta-Feira, às 20h: vai para o "ar-virtual", cortesia da famosa Rádio Zero, mais uma emissão do Invisual, um programa que pretende divulgar as promíscuas relações entre a banda desenhada e a música.
...
Produzido por Rui Tomás e Marcos Farrajota, o 11º programa irá incidir sobre algumas novidades editoriais e algumas pérolas musicais ligadas à bd (ilustração e design) como Stomp (b.s.o. do filme Tank Girl), Laibach (a propósito da visita do colectivo esloveno Strip Core à Bedeteca de Lisboa), Kubik (colaborador no Ups! #4) e Noberto Lobo.
...
Ano Novo, Vida Nova, Novas Expectativas em relação ao programa! Uma delas é começar um ciclo de músicas dedicadas ao sub-anormal do Super-Homem, Gil Scott Heron irá estrear com Ain't such thing as Superman do álbum First Minute of a New Day (Arista; 1975).
...
É repetido à Segunda-Feira pelas 11h30.

quinta-feira, 3 de janeiro de 2008

Romanos, Mesopotâmios & Vikings


Dada Tuga : a Portuguese Post Modern Pop/Rock 1983 - 2003 (Soul Jazz; 200_)

Ocaso Épico: "Muito obrigado" (Dansa do Som; 1988)

Em 200_ de certeza que uma editora estrangeira vai fazer uma colectânea de bandas Rock portuguesas dos anos 80. Longe de mim nostalgias parvas e mercantis mas acho que um disco que a música urbana portuguesa nesse período foi algo de bastante original, visto até a uma escala global. Ou porque eram filhos-dos-papás ou porque eram apenas intelectuais/artistas, a verdade é que as bandas dessa década foram o expoente da criatividade musical neste país cinzento - não estou a afirmar que nos dias de hoje não hajam boas bandas, ou que não tenham havido nos anos 90, mas infelizmente o que se vê hoje são estagiários para a fama (por falta dela é que são "alternativas") ou profissionais estéreis: Xutos, Blind Zero, Fonzie, David Fonseca (para quem tanto canta sobre os 80 devia fazer um TPC mais trabalhado), etc...
Num país atrasado, pobre e pouco informado é de estranhar que tenham aparecido tantos "aliens" como Mão Morta, Pop Dell Arte, Émas foice, Enapá 2000, Santa Maria Gasolina em teu Ventre, Mler Ife Dada, Repórter Estrábico, (os primeiros tempos de) GNR, K4 Quadrado Azul, Lucretia Divina, etc... quase todas estas bandas unidas entre elas pelo pós-modernismo, ou seja a capacidade de pegar em mil géneros de músicas e misturá-las criando novas formas de ouvir. Se da lista acima alguns nomes forem mais fáceis de identificar com uma estética Rock, ainda assim é de relembrar um álbum como Corações Felpudos dos Mão Morta que corta com a tradição Rock, ou sendo o humor e a pastiche uma característica do pós-modernismo porque não meter nesse saco os Enapá 2000 e os Émas foice? E já agora, nesta colectânea imaginada podia-se continuar a viagem até ao novo milénio com projectos como Primitive Reason e Blasted Mechanism (primeiros álbuns de ambos), The Astonishing Urbana Fall e até Kubik e Stealing Orchestra - acabava a colectânea com o segundo álbum de Stealing!
Bem, isto tudo porque apanhei o vinil dos Ocaso Épico numa loja de discos em vinilo - nas Escadinhas do Duque, não me lembro o nome da loja mas é algo tipo "Discolecção" ou um nome tão horrível como isso. Este é o maior registo oficial de bizarria Pop liderada pelo já falecido Farinha Master (Carlos Cordeiro), depois deste disco (que só há vinilo) ainda foi editada uma k7/maquete: Desperdícios (1989) que pode ser descarregada aqui. "Álbum-alien" em que encontramos música tradicional portuguesa com tratamento trangénico e arraçado de Pop/Rock, música oriental e alguma ambiental (concreta ou experimental?), em óbvia esquizofrenia sonora. O lado A é mais agressivo porque é mais "apunkalhado" e as letras são mais directas, mundanas e de costumes: «E a produção musical / do triste saloio nacional / nunca deixou de cheirar o cu / de cheirar o cu / o cu ao capital» (Tinto If), «Chegou da Beira Baixa / uma linda criancinha / vinha tirar o curso / construir a vidinha / vinha ver o mundo / tal como a sopeirinha» (Da Beira Baixa à Extrema-Dura); enquanto que o lado B é mais instrospectivo e calmo. A produção não é das piores - para quem não sabe, a produção foi um dos maiores problemas dos discos portugueses nessa "década dourada".
A capa do disco é divertida q.b, com o Farinha Master a fazer de beato, na contra-capa há mais fotografias dele a protagonizar um rufia, um padreco, um sacana, um boémio e duas em ambiente Zen-brilhante. No interior, mais fotografias maradas: campinos-khrisnas, gajos vestidos de Rockers de 80's com outros gajos vestidos com fatos orientais, o Master no estúdio de gravação acompanhado por um engenheiro de som (?) dono de um bigode à portuguesa, afinal de contas, não podemos esquecer onde estávamos.
...
E agora algo completamente diferente, a tracklist-work-in-progress de Dada Tuga : a Portuguese Post Modern Pop/Rock 1983 - 2003:
1- Pop Dell Arte: "Querelle" (1987)
2- Mler Ife Dada: "Dance Music" (1989)
3- Enapá 2000: "Pão, Amor e Totobola" (1987)
4- Ocaso Épico: "Da Beira Baixa à Extrema-Dura" (1988)
5- Mão Morta: " É Uma Selvajaria" (1990)
6- Santa Maria, Gasolina em teu ventre!: "Go West, Céline" (1991)
7- ...