quinta-feira, 12 de junho de 2025
domingo, 1 de junho de 2025
Mantra sexalien e tal
Estes gajos é KMFDM, nunca falham... Queres ouvir Alien Sex Fiend? Então é o que vais ouvir! Não se vão a fazer merda ou baixar a qualidade. É sempre o mesmo mas sempre bom! Possessed (13th Moon / Cherry Red; 2018) é o 13º álbum da "banda" (é mais um duo passadas estas décadas) e à primeira é um disco que nada diz - tirando o habitual deles: escatologia e tripalhices - mas repetem as frases mil vezes, o que parece é que muda o pano de fundo musical: mais Dark Surf aqui, mais beat electro acolá, ecos góticos por todo o lado, etc... mas sempre a dizer o mesmo ou até mesmo nada de especial porque a merda é uma realidade. E desilude pensando nos tempos mais famosos do projecto. Vai criando mossa aos poucos, em "repeat" até nem se sabe quando começa o disco e acaba. Grandes demónios sexuais estes gajos! Grandes grandes...
25
- Fabrice Neaud : Le Dernier Sergent vol. 1 : Les Guerres Immobiles (Delcourt; 2023) + Nu-Men (Soleil; 2012-13)
- Anders Nilsen : Tongues #1-6 + Supplement #1 (Nomiracles; 2017-2024)
- Rudolfo : Fusão Dimensional : A Ascensão do Governo Sombra (Palpable Press)
- Nathan Fielder : The Rehearsal (2022)
- Sherill Tippins : Inside the Dream Palace - The life and Times of New York's Legendary Chelsea Hotel (Simon & Schuster; 2013)
- Shintaro Kago : Parasitic City #0, 1, 2 (Hollow Press; 2022-24)
- Joe Sacco : War on Gaza (Fantagraphics; 2024)
- Martin Dupont : Hot Paradox (Infrastition; 2011 - orig. 1987) + Just because... (Infrastition; 2011 - orig. 1984)
- Samplerman : Bedetruire (Le Dernier Cri)
- DJ Balli : Scrap Vinyl (Vinilificio; 2024)
- Queimada + Spitgod (Vortex; 15.03)
- Marie-Claude Treilhou : Simone Barbes ou la Vertu (1980)
- Bies Podziemi : How to eat Christians without decreasing your I.Q. (Opuntia Books)
- Karen Finley : Tratamento de Choque (Frenesi; 2003 - orig. 1990)
- William Onyeabor : Crashes in Love (Luaka Bop; 2015 - orig. 1977)
- Rafael Dionísio : Ocorrências Nocturnas. Exercício de Escrita (Bicicleta)
- Yoshiharu Tsuge : Oba Electroplating Factory (Drawn & Quarterly; 2024)
- Jessica Hausner : Clube Zero (2023) + Little Joe / A Flor da Felicidade (2019)
- Rodolfo Mariano : Questmaster (Ao Norte)
- Sidney Lumet : Serpico (1973)
- Stefan Golaszewski : Mariage / Casamento (2022)
- Henri-Georges Clouzot : Les Diaboliques (1955)
- Dillon Mapletof & Oliver Taylor : Everyone Else Burns (2023-24)
- Viljar Bøe : Good Boy (2022)
- Mo Amer : Mo (2 temporadas, 2022-25)
só para dizer que este blogue não tem muito público por isso não há mal em dizer que amanhã é Vai à praia e Bas Rotten... arf arf arf arf
obscuridade e de um esforço de dissociá-lo dos moicanos que ainda o
caracterizam, porque o livro esgotou e continua desconhecido ou
ignorado, é tempo de lhe dar uma segunda vida, idealmente mais útil, nem
que seja pela ajuda que dará à Disgraça.
Assim, 7 anos depois, o relançamento de Corta e Cola / Punk Comix terá
lugar, novamente, na Disgraça, no domingo, dia 1 de Junho, às 17h, com
uma conversa informal com alguns falsos especialistas sobre anarco-punk,
straight edge e sharp, fanzines e centros sociais, e tudo o mais que
quem estiver a assistir também queira partilhar ou discutir.
Depois da conversa, cantina vegana disgraçada!!
Depois da cantina vegana, dois concertos!
(regresso às catacumbas do grind lisboeta mais desejado)+
identificada (é diy, é lo-fi, é queer-core, é post-punk! é banger!)
"Ahhh mas nem sei quem vai tocar... Acho que não vou." Então vai à igreja seu granda borrego!
Todo os trocos angariados revertem para a compra da Disgraça.
sábado, 19 de abril de 2025
José António Moura: "Cadernos de Divulgação # 1.4" (Marte Instantânea; 2025)
Não vale a pena repetir o que já foi escrito, embora esta capa do novo volume cor de salmão meta o Cadernos de Divulgação muito próximo do Isto vai acabar em lágrimas! O arquivo do melómano José António Moura é incrível e até poderá ser visto como excessivo mas o facto é que se não se mostrar tudo do arquivo deste percurso de JAM quando poderemos alguma vez outra vez? Excelente as bandas industriais que remexe, e é de cagar a rir o facto dos Front Line Assembly terem pegado no logótipo do PS (OMG! Portugal is so Socialist!!!) do punho fechado para usarem para si. Estamos nos anos 80, ainda não seria altura da mudança para o logo da florzinha rosa, felizmente os homens de barba rija do PS voltaram aos tempos do punho e à fantástica intervenção social, credo, não há ironia possível... Isso é que seria uma bela capa em papel vermelho!
Sempre desejoso de mais e mais, que venham mais episódios dos tempos do Cavaquistão Industrial. Ei! Acho que falta aqui o episódio em que gamaram um pedal de guitarra aos Sprung Aus Den Wolken depois do concerto no Rock Rendez-Vous... Bons velhos tempos!
quinta-feira, 27 de março de 2025
Adalberto Alves : "Arabesco : da Música Árabe e da Música Portuguesa" (Assírio & Alvim; 1989)

No fundo sabemos que algo está mal na nosso modo de ser. Algo foi imposto, não é suposto sermos assim, cristãos! Bem, ninguém deveria ser cristão para dizer a verdade mas falando só de Portugal, o que acontece é que não nos damos bem com a batuta da civilização europeia - aliás, os europeus do Norte tem a mania de dizer que Portugal é onde começa África. Eles tem razão!!! Somos tão estúpidos como os cabo-verdianos (que acham que são europeus!) por não assumirmos o outro continente, o africano. Realmente num país que todos devem a todos, que passa a vida a tentar a dar voltas ao sistema, que gosta de receber, de conversar e de conviver, que é hospitaleiro e de vida despreocupada, não são características bem sintonizadas com os tecno-protestante do Norte. Sempre senti que "o meu coração era árabe", agora tenho a certeza.
segunda-feira, 10 de março de 2025
Merda Frita 3
Graças ao José Feitor - então ao editor do fanzine Merda Frita Mensal - fiquei a saber do seu lançamento... enfim, putos!
Aqui está a mensagem: Fruto de sinergia marada entre decanos (Imprensa Canalha) e jovens militantes do mau gosto (Matilde Feitor e meliantes da Merda Frita), anuncia-se evento apocalíptico no dia 15 de Março, a partir das 18h30, nos novos aposentos da Oficina do Cego (Estrada de Chelas 101, Lisboa - Espaços da Gráfica Municipal).
Serão apresentados ao público incauto as seguintes pérolas:
Fosso #3 (José Feitor, Imprensa Canalha)
Merda Frita #3 (Merda Frita Lda)
Fora de Campo #2, Night Time, My Time, Contos do Mar (Bancarr0ta, Matilde Feitor)
Haverá ainda exposição de originais de José Feitor para o Fosso e impressão serigráfica dos postais que acompanham a edição.
Comes e bebes assegurados pela Oficina, conversa a expensas dos ilustres autores e seus convidados.
sexta-feira, 7 de março de 2025
Propaganda
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de
Joana Estrela
21º volume da Mercantologia, colecção dedicada à reedição de material perdido do mundo dos zines. Editado por Marcos Farrajota e publicado pela Associação Chili Com Carne no âmbito da comemoração da primeira edição desta obra, lançada originalmente pela Plana Press em 2014.
A edição teve uma reedição pela autora, ambas redigidas em inglês.
...
O design do livro foi replicado da edição original desenhada por Luís Camanho e Ana Isabel Carvalho.
CHEGARAM HOJE 500 exemplares!
Já se encontram na Kingpin e Snob...
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domingo, 23 de fevereiro de 2025
Bosta, Merdina e Moerdas: obrigado!
Incrível como uma música dos Mão Morta de 1992 nunca esteve tão actual:
https://www.rtp.pt/play/p14349/e824909/linha-da-frente
sábado, 22 de fevereiro de 2025
M.A.L.
M.A.L.
de
é o 20º volume da Mercantologia, colecção dedicada à reedição de material perdido no mundo dos fanzines.
M.A.L. é uma série de banda desenhada que foi desenvolvida durante o Verão de 2019 através de um exercício criativo de produção diário e respectiva publicação em lightninrods.tumblr.com. Entre 2019 e 2021 foram impressos três números da série em formato fanzine. Encontra-se aqui uma selecção das melhores bandas desenhadas da série.
Foram impressos 500 exemplares, 80p 16,5x23cm p/b, capa dura em geltex
já está disponível na nossa loja em linha e na Almedina, BdMania, Cult, Kingpin, Linha de Sombra, Matéria Prima, Snob, Socorro, STET, Tigre de Papel, Tinta nos Nervos, Velhotes, Mundo Fantasma e ZDB. Brevemente na Eventual (Espanha).
Rodolfo Mariano é um dos artistas mais produtivos na actual BD portuguesa - quem desconfiar que pegue na máquina do tempo e vá visitar a suas exposições retrospectivas no Festival de Beja em 2022 ou a Horror Vacui - gastará menos gasosa espácio-temporal porque foi só em Fevereiro de 2024, ufa! Uma afirmação destas pode dizer nada ou tanto como o Maior Colecionador de Guitarras da Tâsmânia, claro, mas será cego quem não tem acompanhado o seu trabalho e reparado nos saltos qualitativos cada vez que aparece uma nova produção sua. E mais! Eis um autor que tem mil mundos lá dentro dele para nos contar "coisas". É raro ver um só indivíduo que desenha de puta madre e ainda tem "cenas" para dizer! Ainda por cima diz tanto numa única página!! Acreditem, amiguinhos da Chili, cada página de Maldito Aquele Lugar é um Haiku perfeito. Ou uma bomba de ansiedade. Ou um gatilho para um Fantasia. Ou um Sonho capturado de outro ser noutra dimensão. Ou...
Para apaixonados da Krazy Kat, do Heavy Metal, da Interzona, dos Fofinhos da Mariana Pita, da vida pós-boémia e do Capeta. Nada dura para sempre.
Sinopse:
Há um lugar no Necroverso onde o Tempo parece não avançar nem recuar. Entre a ascensão e a queda do Sarcoliberalismo Galáctico, a vida vivida aos soluços em retrospectiva parecia não ter sido assim tão má. Não fora essa mesma vida tão desesperantemente longa e desencantada pelos efeitos soporíferos de um feitiço despótico ritualizado em segredo pelos Necroeconomantes da Maldade Eterna ao longo de incontáveis eras. M.A.L. ou Maldito Aquele Lugar situa-se nas entrelinhas das histórias aos quadradinhos passadas na Terra Intermédia, território diegético entre os paraversos Cemitéria e Vomitória.
Rodolfo Mariano (1981; Coimbra) artista visual independente, músico de rua improvisador de paisagens montanhosas subaquáticas, contador de histórias estranhas em quadradinhos, criador editor de livros efémeros e entusiasta de pequenas movidas paralelas esquisitas. Autor de Bottoms Up, participante assíduo na revista Pentângulo e do jornal Carne para Canhão, professor ocasional na escola Ar.Co. e colaborador regular das antologias da Chili Com Carne. Vive e trabalha entre Lisboa e Coimbra ao leme do barco fantasma perpetuamente encalhado em terra de ninguém, o atelier ABRACADABRA.
Livros disponíveis:
Bottoms Up (Chili Com Carne; 2020) - vendedor do concurso "Toma lá 500 paus e faz uma BD" 2020
(antologias:)
Conger Conger Comix (co-editado com Agenda Yuzin; 2022)
Massa Crítica (2024)
Pentângulo #2, 3, 4, 5 (co-editadas com escola Ar.Co.; 2018-2025)
HISTORIAL
Lançado oficialmente dia 22 de Fevereiro no Vortex, Lisboa com conversa com o autor e DJing com Eyes of Madness e Katyusha
...
terça-feira, 31 de dezembro de 2024
24h
- Ruben Östlund : Triângulo da Tristeza / Triangle of Sadness (2022)
- Thierry Van Hasselt : La Véritable Histoire de Saint-Nicolas (Frémok; 2023)
- Stefan Zweig : Castélio contra Calvino ou uma consciência contra a violência (Assírio & Alvim; 2023 - orig. 1936)
- João Abel Manta : Livre (Palácio Anjos, Algés) + Laurent Filipe : A Torre de João Abel Manta : O Imaginador (RTP)
- Imai Arata : Flashpoint (Glacier Bay)
- Will Self : The Butt (Bloombury; 2008)
- Michel Faber : Listen - on music, sound and us (Canongate; 2023) + O Livro das Estranhas Coisas Novas (Relógio D'Água; 2015 - orig. 2014) + Debaixo da Pele (Difel; 2001 - orig.: 2000)
- Ryszard Kapuscinski : Ébano (Livros do Brasil; 2020 - orig. 1998)
- Marc Torices : La alegre vida del triste perro Cornelius (Apa Apa; 2023)
- Octopoulpe (19 Maio; Disgraça)
- Krypto (2 Novembro; SMUP)
- Chris Oliveros : Are you willing to die for the cause? (Drawn & Quartely)
quarta-feira, 25 de dezembro de 2024
Merda Frita
Há por aí todo um fascínio pelo Japão e pela sua cultura. Fascínio
esse perigoso se não tivermos um posicionamento crítico sobre aquela sociedade
e o seu Estado. Os Mangás e Animes aparecem como uma fofura para a juventude e
sobretudo faz parte de um “softpower” que nos fazem esquecer que o país é
racista e xenófobo – curiosa a série de TV Tokyo
Vice, um “neo-noir” que mostra como é tratado um “gaijin”. Seja como for
isto são notícias antigas, a cultura Pop da Coreia do Sul está a ser a nova
coqueluche cultural nestes tempos. E talvez seja mesmo o fim da linha para o
Japão, que tinha o prenúncio em 2013 quando apareceu um CD que juntava as BiS com os Hijohkaidan.
As BiS (Brand-new Idol Society) é uma banda “idol”, aliás, elas são “alternative idol” se nos
quisermos rir ainda mais. O fenómeno “idol” surge no Japão nos anos 60 e mete
umas caras larocas a cantar, dançar e a venderem iogurtes ou merda frita. A
coisa foi evoluindo ao ponto de serem também bandas de miúdas – tipo Spice
Girls mas mais mecânico, histriónico e foleiro. As BiS romperam um coche a
foleirada ao misturarem outros sons e temas dentro desta cena de bonecas
biónicas, daí “o alternative”. Aliás, foi graças a esse rompimento que apareceu
também o Kawaii Metal – com as Babymetal como a grande referência, e sim, é
J-Pop com Metal à la Slipknot.
Os
Hijohkaidan são da primeira geração
de músicos Japanoise – termo ambíguo que tanto quer dizer que são artistas que
fazem música com objectos não-musicais amplificados, ruído electrónico, buscas
cósmicas (vindo do grande fascínio japonês pelo Prog e psicadélico), o grito
punk “um dois três quatro” para depois ouvir-se um gajo a defecar, performers
que atirarem sacos de urina ao público, um bulldozer em palco (o concerto de
Hanatarash acaba quando este está para atirar um cocktail molotov aceso para o
palco), etc… Extremismos vários que tornaram míticos projectos como Boredoms, C.C.C.C., Incapacitants, KK Null,
Gerogerigegege, Ruins e claro o grande deus Merzbow.
Não
faço puto ideia quem é que se lembrou de juntar os géneros Idol e Noise, parece
mesmo aquelas parcerias de bandas rock decadentes ocidentais em que tens de
meter um miúdo novo do Trap que esteja em grande para que continues relevante
nos tops e social-media. Só aqui o estranho é que imagino que no Japão ninguém
queira saber dos Hijohkaidan, mesmo que tenham uma carreira de terrorismo
sónico desde 1979, e prás BiS tenha servido para queimar carreira. Não será
assim, claro, como irão ler a seguir… até porque foi editado numa empresa
enorme, por isso, já sabem do cliché de que o capitalismo absorve tudo, até
Noise!
Assim
temos um CD intitulado Bis Kaidan, 27 minutos de som, elas
a cantarem aquelas vozinhas irritantes híper-coreografadas – mas também muitas
vezes a gritarem como umas desalmadas ou para megafones – com batidas de dance-teen-pop-anime.
Por detrás, ouve-se ruído puro do trio de velhinhos (há uma mulher na formação,
by the way!) empenhados em fazer disto
uma experiência ainda insuportável que o normal. Tudo é errático e caótico,
guitarras com feedback e barulho digital. O CD traz uma fotografia como extra de
uma das seis BiS, talvez para colecionar e arranjar autógrafo, sei lá…
E se isto deveria ser um disco único para melómanos e amantes do Pop bizarro, a coisa não ficou por aqui. Houve concertos e um disco ao vivo de despedida: 2014.5.6 BiS階段 Last Gig @ WWW. Um duplo CD, cujo livrinho tem fotos dos concertos – é hilariante ver as miúdas ensanguentadas vestidas de fato de colégio com tripas de fora e a fazerem, acho eu, um pacto de suicídio colectivo - o pior “bizness” de sempre como toda a gente sabe. O primeiro CD é absolutamente insuportável, o tema nerve é repetido 13 vezes, como uma performance de endurance (para todos! Público e músicos) em que vamos ouvindo um tema especialmente fofinho irritante “em loop” durante 50 e tal minutos creio, não tenho coragem de voltar a por o disco nem para ver esta informação tão relevante para este artigo. Por detrás, mais uma vez, os Kaidan a fazer barulho! O segundo disco já são vários temas do disco original, menos mal. Mas sim fiquemos pelo disco original, evitem o “ao vivo”, para vossa sanidade mental. Por outro lado, pode ser uma boa forma de desmame e desintoxicação da cultura nipónica!
quinta-feira, 12 de dezembro de 2024
sexta-feira, 22 de novembro de 2024
As rosas cheiram bem?


As compilações Desert Roses (e outras que aparecem por aí a dizer "isto é música árabe") ora são o puro Orientalismo - segundo a Teoria de Edward Said da forma como o "Ocidente" vê os "orientais" - ou é mandar à favas a todos que esperam essa mesma pureza fantasiada. Esta colectânea é um misto das duas atitudes ao ponto de se encontrar aqui Reggaeton (Tres Mundos), um insuportável italiano fatelo (Piero Esteriore) a usar arabescos ("apropriação cultural" dirão os PCs da vida), metal de videojogo (Baghdad Heavy Metal) ou Reggae (Gnawa Diffusion) em alegre sintonia com a Aldeia Global - se calhar num volume anterior até lá 'tá o Candy Shop do 50 Cent! Este é o quinto volume editado pela CIA (Copeland International Arts) e é de 2007. A maioria das músicas são do Líbano mas há aqui também sons do Egipto e da Argélia, por exemplo, sem que essas fronteiras sonoras sejam identificadas algures no objecto editorial. Obviamente que é mais um disco de capitalização do exótico para se ouvir num bar giro - só não sei bem é aonde... O que vale é que os CDs estão baratos, no meio dos espinhos colhe-se umas rosas, nem que seja porque a "média" desta música do "Oriente" turístico sempre é melhor que a merda do Pop Ocidental...
quarta-feira, 13 de novembro de 2024
Michel Faber : Listen - on music, sound and us (Canongate; 2023)
Foi a Flur que recomendou este livro e ainda bem que caí na esparrela... Só que ainda estou a processar este generoso epitáfio sobre o ideal de consumo da música do século XX. Talvez venha a editar este "post" daqui uns dias...
Faber nem é académico da música (ainda bem) nem é um crítico especialista de música, é "apenas" um escritor que sabe do seu métier para condensar e redigir - mas sobretudo alertar - sobre a maneira como sentimos a música. Do colecionismo em negação - o capítulo em que tenta livrar-se do disco This Inheritance must be refused é hilariante! -, a falocracia em negação que absorvemos seja da Wikipedia seja da imprensa especializada (curiosamente estava a ler o livro quando os escândalos sexuais no Jazz português explodiram), o holiganismo em negação como nos deixamos influenciar pelos outros ou ainda os malefícios da Nostalgia... tema a tema, taco a taco, sem ficarmos a conhecer mais sobre esta ou aquela banda - nem sempre é verdade mas os exemplos são demasiado aleatórios quer para o mau quer para o bom, para que isso seja a essência do livro - ficamos a compreender melhor as nossas escolhas musicais.
Ou pelo menos as dos consumidores anglo-saxónicos. Há música a rodos neste mundo para descobrir sendo uma missão impossível poder ouvir toda a música que existe e que vai existir. Faber diz-nos que não temos de ficar pelos cânones de gajos brancos (e "gajos" significa literalmente mesmo humanos com pénis) e como tal podemo-nos libertar de qualquer pressão de grupo, basta ter curiosidade pelo "outro". Há uma ternura e um humor neste livro que o torna numa mensagem de amor e de esperança para todos os melómanos - e até para os não-melómanos!
PS - ele "trasha" um coche no Henry Rollins que se acha muito esperto. Boa Faber! Nunca curti esse caralho!
quinta-feira, 19 de setembro de 2024
quinta-feira, 12 de setembro de 2024
Deste vez é mesmo aqui ao lado...
Acontece no dia 14 de Setembro, às 15h30, na Casa da Achada uma conversa com Marcos Farrajota (mais uma vez) sobre Carlos Botelho, no âmbito da exposição A vida sem palavras.
quinta-feira, 29 de agosto de 2024
Brix Smith Start : Rhe Rise, The Fall, and the Rise (Faber & Faber; 2016)
