segunda-feira, 31 de outubro de 2005

I feel stupid (...) Entertain us!

Sara DeBell: "Grunge Lite" (C/Z records; 1993)

"Quem vê caras não vê corações" MY ASS!!! Para quem vê a capa deste disco percebe logo que é bom... quer dizer é aquele clássico «é tão mau que é bom». Uma tipa com o namorado (?) e o cão, ele com uma guitarra acústica vulgaríssima, com pinta de xunga e vestido à Grunge/Seattle anos 90. Vira-se a caixa e eles (menos o cão!) estão enroscados e começa-se a ler os títulos das músicas: "Smells like Teen Spirit" (Nirvana, portanto), "Even Flow" (Parolo Geme), "Them Bones" (Alice agarradita), "Rusty cage" (Soundgarden), "Touch me I'm Sick" (Mudhoney). Começa-se a perceber onde isto vai dar... abre-se a caixa e está uma foto de várias ovelhas vestidas coma a famosa flanela aos quadrados. Pois é, antes dos chatos Nouvelle Vague, do curioso e bailante Señor Coconut e o grande-e-único Richard nós-não-o-merecemos Cheese, já alguém se tinha lembrado de converter "clássicos" da "música alternativa" em algo divertido e de fácil consumo, ou antes, converter música agressiva num género de música "lite". Sara DeBell (que não é a tipa da capa!) até elogia esta sua iniciativa usando uma declaração do papá: «making difficult music "listenable"».
Estamos portanto em confronto com versões em "Lounge music" do mais foleiro que sintetizadores podem fazer. Não deixa de ser divertido (e relaxante para quem não quiser ouvir o feedback de guitarras das bandas originais) tal é a parvoíce. Desta senhora, creio que nunca mais saiu nada de jeito (a investigação" googliana" não revelou nada), o disco está esquecido - se é que tenha tido algum impacto? Aliás, cheira-me a piada entre amigos, dela e da C/Z, uma das editoras originais do "Grunge". Valeu a pena ter ido aquele buraco infecto que se chama Bruxelas para descobrir esta pérola.

Qualidade numérica: 3,4/5 Objectivo pós-audição: Festa de Troca de Discos... para passar a mensagem, claro está!

sábado, 29 de outubro de 2005

Sci-Fi Industries ... Flat Opak ... Structura || CAIXA ECONÓMICA OPERÁRIA

Thisco, Chili Com Carne, Sindicato, Alquimia, Connexion Bizarre, Phono, Base Rec. juntam esforços para uma noite lisboeta mais (...)
O DJ GoldenShower vai por som nos intervalos e na festa depois dos concertos... haverá bancas de discos e zines/livros pelas asssociações Thisco e Chili Com Carne.
...

Nota de imprensa (adaptada):
Electro Break´n´Noise Strange Electrónica... na Caixa Económica Operária [Rua Voz do Operário, 64 (Graça) Lisboa; eléctrico 28; autocarros 34 e 26] no dia 29 de Outubro 2005, Sábado, 22h30.
ENTRADA LIVRE

Sci Fi Industries vs. Flat Opak + Slow Soldier, live
Structura, live
L´Ego, Video projecção
Dj Goldenshower

Sci Fi Industries ainda em plena divulgação do terceiro álbum "The Air Cutter" e após elogiosas palavras aos dois anteriores trabalhos em praticamente toda a crítica especializada europeia, Luís van Seixas apresenta-se mais uma vez ao vivo em despique com Flat Opak e Slow Soldier. Nesta batalha de ritmos electro-industriais e drum´n´bass destaca-se a assinatura muito pessoal do projecto que combina beats produzidos à velha escola e ambientes de cariz orgânico.

Flat Opak tem demonstrado uma aptidão nata na composição rítmica e como catalizador das noites dançantes da Thisco. Uma Groovebox e alguns efeitos externos são espremidos até aos seus limites físicos de modo a garantir movimentos musculares da assistencia. Electro puro e duro.

Slow Soldier - divide o recente EP duplo "Sloppy Seconds" com Flat Opak e demonstra igualmente uma componente rítmica altamente dançável com travos electro e trance. Tem participado em inúmeros eventos e projectos electrónicos.

Structura Nascido em 2000 em Lisboa, Structura é um projecto de exploração sonora tendo como principais ferramentas a composição electrónica, a modulação de frequências e efeitos, o cut-up (de textos), a spoken-word, Djing, Sampling, o video e outros. Structura trabalha sonoridades normalmente associadas a correntes da electronica experimental como o Ritmic-Noise, Power-Electronics, Break'n'Noise, IDM, Spoken-Word mas com liberdade suficiente para não se deixar prender pelas mesmas. As composições sonoras de Structura estão ligadas a conceitos, imagens, referências literárias, cinematográficas e de outras artes.

L´Ego Eurico Coelho é o homem por detrás do multifacetado projecto multimédia L´Ego e dos consagrados pais do electro-industrial nacional - os H.I.S.T. Recentemente tem vindo a compilar um extenso trabalho video de animação 2D e 3D que servirá de base visual às prestações dos projectos acima referidos. A par disto editou muito recentemente " Os Ladrões do Tempo" da peça multimédia homónima pelo Teatro do Mar.

Dj Goldenshower queria ser um DJ panilas do Electro mas como gosta de Metal e outras coisas na vida decidiu continuar heterosexual e passar toda a espécie de música que gosta. Entre as várias festinhas e barzinhos por onde tem posto música só foi expulso uma vez, o que não é mau. Junto com Ovelha Negra organizam as violentas noites Industrial XXX. Vive com Axima Bruta e a gata Deus, embora só com a primeira escrevem no www.gentebruta.blogspot.com e na revista Entulho Informativo. Está integrado nos Osama Secret Lovers, um colectivo de un-dj's - pessoas que a) gostam de música b) que tem uma colecção considerável de boa música c) que gostam de partilhá-la em espaço virtual e físico d) fazem DJihad ao Bairro Autismo!

quinta-feira, 27 de outubro de 2005

cúmplices

Justiça seja feita. Quem inventou o termo "un-dj", o melhor crítico de bd da nova geração, como poderão verificar em: Ler bd. Ele próprio é um "un-dj" com quem já tive o prazer de por som juntos sob o nome-de-guerra Monkey Boy & Monkey Beat (sempre em feiras de fanzines: na ZDB e Almada) - sabe-se lá porqué e não sabemos quem é o Beat e quem é o Boy... enfim, somos todos macacos...

terça-feira, 25 de outubro de 2005

Falar para o Boneco!

Entrevista por e-mail para revista Underworld / Entulho Informativo #17 (Out'05)

Não é fácil entrevistar um fantoche. Especialmente quando se faz parte de um grupo como os Puppetmastaz. Criados em 1999 são conhecidos pelos espectáculos mais engraçados dos últimos tempos. Tem um segundo álbum a sair este ano pela editora independente Louisville. Falar com o coelho Snuggles é pior que fazer uma entrevista ao Rui Reininho se tivesse todo cocado. Afinal o que pode dizer um coelho de plástico que faz parte de uma banda de Hip Hop? DJ GoldenShower tentou a sua sorte e... deu-se mal!

DGSS – Olá!
Snuggles - Oi, meu!
Se o Peter Jackson não fosse um realizador de filmes mas antes um produtor de música suponho que os Gorillaz seriam o seu “King Kong” (a sair) e os Puppetmastaz seriam os “Feebles”. Concordas com esta comparação?
Ah, nós havemos de “King-quistar Kongs”, conquistar King Kong só pelo swing das nossas línguas... Mas chega de “Kong-quistar Kings” [reis]: os Puppetmastaz são os senhores do Bling... Num dia bom consigo identificar-me com os Feebles mas é mais com os Marretas... respondi à questão?
Vocês afirmam que não tem humanos na banda MAS sendo fantoches só podem existir se um humano brincar com vocês! É assim tão séria o anonimato dos “humanos” dos Puppetmastaz? E já agora são fãs dos Residents?
Residência? Presidência? Humanos? Próxima questão! E sim, os Residents são a cena!
Como é que os Puppetmastaz se conheceram?
Vai ver todas as entrevistas que demos no passado. Desculpa mas 'tou farto de responder a essa pergunta, mas basicamente... «first we take Manhattan and then we took Berlin!»
Ouvi dizer que os vossos humanos pertenciam a bandas Hardcore...
Isso era nos velhos tempos, agora são todos rebeldes de plástico mas ouvi dizer que os irmãos Prosetti fazem música para filmes porno Hardcore italianos, já ouviste falar nisso?
Não, não... pois... e se encontrassem o 50 Cent o que faziam ao pobre diabo?
Dávamos os parabéns pelo primeiro disco e depois pedíamos-lhe um Euro inteiro!
O vosso último disco soa mais a Electro-Funk, vocês foram às raízes do Hip-Hop?
Não sei, meu, fomos?
Porquê uma nova editora?
«New money, new label, new tables turned!» [citando o Wizard na primeira música do novo álbum] mas não temos nada contra as virgens [piada à editora Virgin, o primeiro álbum foi lançado pela New Noise subsidiária da Labels por sua vez da Virgin e por fim da EMI].
Apesar de teres uma voz sexy e suave como o Snoop Doggy Dog és feio comó caraças! És feito de quê? PVC? Fibra de vidro? Polipropileno expandido?
Pura alma de borracha [referência a “Rubber soul”, o mítico álbum dos Beatles] e uma cenoura bem volumosa... de 24 carates quero dizer [trocadilho entre “carrot” e “carat”].
E tens sucesso com as fêmeas como o Snoop?
Sou famoso no meio das fêmeas como o sapo Snugg!
Vocês acreditam mesmo que os humanos querem vos tramar? Os Puppetmastaz têm alguma “agenda política” como os Public Enemy? Usando a terminologia deles o vosso Rap é a “CNN dos Marretas”? Ou será antes a “Aljazeera dos Marretas”?
Chega de paranóia: nós gostamos da vida! Evita a CNN como nós fazemos. Penso que nós somos um bocado inimigo para algum público.
Se odeiam tantos os humanos porquê que os vossos discos fazem-nos dançar tanto? É um paradoxo, senhor coelho!
Eu não odeio humanos e fico feliz que o pessoal saltite com a nossa música.
Quando voltam a Portugal? Curtiram estar cá o ano passado?
Siiiiiiiiiiiiiiiim! No entanto não sei quando voltaremos. Porque não marcas tu as passagens de avião?
Foda-se!

E assim foi a entrevista. Cena tramada! Nem dá para encher meia página da revista… o melhor é escrever qualquer coisa mais para não ser despedido por causa de um coelho! Então para quem nunca está atento o primeiro álbum destes «Marretas do Hip Hop» foi editado em 2003 – podem ler uma resenha sobre o disco no Underworld anterior na secção Entulho de Marte. O novo álbum é lançado pela Louisville, uma editora de Berlim, cidade onde os músicos por detrás dos fantoches vivem – os fantoches dizem que apesar de se terem encontrado em Berlim vinham de sítios tão longe como o Japão e o caraças mas depois desta entrevista um tipo deixa de confiar nesta bonecada. E não marca só um regresso às edições fonográficas mas sim um GRANDE regresso! Basicamente estarmos perante o famoso “difícil segundo álbum” que costumam atormentar as bandas… realmente o que um grupo de gajos que se escondem por detrás de um biombo e uns bonecos poderiam fazer de novo? E melhor ainda, a ideia de ser uma banda de fantoches continuaria a ter piada agora que deixou de ser novidade? A resposta até é simples, se “Eminemes e 50 Centes” (apesar de humanos são também uns fantoches do “show-biz”) podem lançar álbuns atrás de álbuns sem um pingo de interesse então porque raios não podem os Puppetmastaz? Só que no caso de Creature Shock Rádio não é só mais um álbum sem nada para oferecer ao mundo, na realidade é impressionante como um gajo não pode ficar indiferente às suas 16 malhas que tanto passam pelo Electro-Funk primordial do Hip Hop dos Africa Bambaataa, pelo Dancehall jamaicano que tanto está na moda (a última tema tem a voz convidada da escocesa MC Soom T), por “singalongs” deliciosamente infantis que bem poderiam estar nos programas do Jim Henson (o criador dos Marretas!), pelo Hip-Hop Gansta que poderia deixar o Dr. Dre muito preocupado, ou pelo R’n’B caricatural lamechas.
Épico poderia definir também os temas que tratam de assuntos tão interessantes como partir garrafas, fingir que já são tantas da matina às 10 da noite porque chegamos à festa muito antes dela começar, ensaio sobre um gajo sentir-se mal, sobre cuspir na rua… enfim uma miríade de coisas mundanas. A qualidade das gravações é poderosa – só assim é que funcionaria claro está – e animará qualquer festa em casa ou na discoteca ou nas festas mentais dos headphones. A toupeira Mr. Maloke, o sapo Frogga, o coelho Snuggles, o lagarto Wizard, o porco Panic e o resto da equipa estão de parabéns.
Visitem o sítio www.puppetmataz.com para estarem atentos às novidades desta bicharada. Lá podem ver alguns vídeos e ouvir algumas músicas. Por cá esperamos um empresário português com a genitalia humana no lugar para distribuir este disco. Puppetmastaz über alles!

terça-feira, 18 de outubro de 2005

Entulho de Marte (in Underworld #17; Out'05)

«And let us never forget that the human race with technology is like an alcoholic with a barrel of wine» - FC

Tudo estava inventado como música (Noise, Dub, Reggae, Rock, Metal, Electrónica, Jazz, Hip-Hop,…) quando saiu Scum (Earache; 1987) dos Napalm Death e sem ninguém saber eles decretaram a morte da música ao demonstrar que era possível fragmentá-la em pedaços minúsculos – não é à toa que haviam digressões da editora Earache intituladas “Campaign for Musical Destruction”. Bem… a música não morreu e na realidade o que aconteceu é que o Grindcore acabou por inspirar uma nova vaga de compositores e bandas como John Zorn que inclusive chegou a trabalhar com um dos cabecilhas dos Napalm, Mick Harris nos Painkiller.
Dada à volatilidade da cena, Depois Napalm Death, a própria banda tinha de se desintegrar (1) e a música ficou a lamber as feridas, passando à fase de redundância como é normal em qualquer situação de ruptura: segue-se um período de adaptação e absorção. Num mundo narcotizante como o nosso já quase nada nos (co)move de tão fartos que estamos de tudo, regredimos a um estado de consumismo estéril em que mastigamos tudo o que já foi vomitado há anos porque assim é mais reconfortante. “Revival” atrás de “revival”, “comeback” atrás de “comeback” assim tem andado a última década da música urbana. Nem interessa se o concerto dos Queen não tenha o Freddie Mercury e não passe de um show de karaoke, qualquer merda serve! Isto para chegar a Conspiritus (Earache / Megamúsica; 2005) de Ewigkeit, um disco idiota da mesma editora que durante nos fodeu os ouvidos com géneros tão extremistas como Death, Industrial, Grind e até Gabba… Ao que parece o Rock Progressivo está a voltar – claro, o que há mais para fazer revivalismo? - ora com exumações de corpos antigos ora com novas gerações de músicos, estes últimos ou com ideias de 40 anos ou outros mais inteligentes com novos artefactos para explorar como o “drone” em que os sunn O))) serão a figura de proa desta vaga.
A verdade é que o Prog nunca esteve morto sobretudo no Metal que pegou no seu legado de instrumentações virtuosas ou de imaginário freaky: lendas épicas, mundos imaginários, histórias longas que aproveitam o formato de Longa Duração – os famosos álbuns conceptuais. E se houve que fizesse um bom trabalho como Atheist (recentemente reeditados), Cynic, Tool, Meshuggah e o seu recente Catch 33 (Nuclear Blast; 2005), não esquecendo o álbum a solo do seu guitarrista, Fredrik Thordendal's Special Defects: Sol Niger Within (Nuclear Blast; 1997) e Theory in Practice, ou ainda bandas Indies-Pop/Rock como Radiohead (últimos discos); também houve quem tivesse posto a pata na poça, ou seja os marmelos que fizeram a colagem ao Heavy antigo dando num híbrido tenebroso, o Power Metal – acreditem que nem vale a pena fazer download de coisas como Dream Theather para tirar as dúvidas! Perdi-me outra vez! Isto por causa de Ewigkeit, um projecto de inspiração pinkfloydiana tão útil como berlindes durante uma cópula entre dois rinocerontes, que faz música sintética e melódica até à medula. Mistura Electrónica e Rock Pesado com uma valente piscadela aos Killing Joke e aos terrenos abordados pelos My Dying Bride em 34.788%... Complete (Peaceville; 1998). Ewigkeit é assim tão mau? Infelizmente sim! Porque apesar não ser muito foleiro em relação a outros discos do género continua a ser um produto de fácil consumo de tão bem feito e orelhudo que é. É de um Metal modernaço e só deixa tudo a perder quando usa um Folk à la New Age na música Theoreality conseguindo assim mostrar o mau gosto do seu compositor - isto para não falar da capa foleira feita por arte digital. Então qual é a solução? Afundar o Prog para entranhas do Inferno de onde nunca devia ter saído?

Os nomes para os “géneros” de som irritam-me! A principal razão porque criam barreiras que nos impede de ouvir uma banda só porque é… (ex:) Prog. Devo admitir que nunca quis ouvir Prog por uma espécie de preconceito Punk (2). Ainda dei o benefício da dúvida escutando um disco de Genesis ou outro… Que horror! Como é possível ter havido uma cena tão pretensiosa como esta!? Por coincidência cósmica não foi só Ewigkeit que me chegaram às mãos mas mais outros 3 discos que me abalaram o sistema – podiam ser eles definidos por Prog? Fiquei curioso em saber o que era realmente este género, vesti a gabardina de detective musical e fui a uma loja especializada - na Calçada do Carno (3). Lá comprei um CD dos Magma que já tinha ouvido falar por gente insuspeita como o Jello Biafra (na revista Re/search #15). Infelizmente só havia um Live (Charly; 2001) de 1975 mas com um bom som de gravação. Os Magma são franceses, criaram a sua própria língua que cantam (o Kobaïan), são instrumentalmente sombrios buscando estruturas da música clássica e fusão. É operático mas não histérico, o que é bom. A faixa inicial tem meia hora mas ouve-se bem… Ok! ‘Tou convertido! Terei mais calma de futuro e prometo ouvir melhor os dinossáurios! Especialmente estes tipos que criaram um subgénero, o Zeuhl (que significa em kobaïano “celestial” - mais uma razão para não gostar de rótulos não é?) que inspirou bandas japonesas como os Ruins.
Entretanto ficam aqui as “pérolas” que me baralharam tanto:

I.
A mirror is a window’s end (Beardhead; 2005) é composto por 3 músicas quase todas de 10 minutos e trata-se do EP de estreia dos alemães Beehoover que são apenas 2 gajos: I.Petersen (voz, baixo) e C.-P.Hamisch (bateria, voz). Os temas são complexos, um Rock pesadão como se os Clutch estivessem a fazer versões dos Kyuss na garagem. Denso e atmosférico (sem ser “ambiental”) é de referir o som torpe do baixo modificado de Petersen que substitui completamente o som de guitarra. Um nome a reter no futuro. [www.beehoover.com]
II.
Por falar em duos, foi lançado o 4º disco de Orthrelm: OV (Ipecac / Sabotage; 2005). OV é um tema de 45 minutos em que se repete o mesmo riff de guitarra Heavy ad eternum et ad nauseum (de Mick Barr) com uma bateria (de Joshua Blair) a acompanhar. A guitarra lá pára de vez em quando (a primeira vez é aos 22 min.) para pequenos delírios de percussão. Se o Prog nos anos 70 foi buscar o sentido erudito da Música Clássica ou do Jazz para aplicar ao Rock, então os Orthrelm mantêm essa linha pois o que está aqui é a música minimalista desenvolvida por Tony Conrad. Por isso eles são o “refresh” do Prog, longe do barroco pindérico da orquestração e perto do conceptualismo da Contemporânea e usando as franjas técnicas do Metal e da Música Improvisada. Não é fácil ouvir este disco mas que é uma importante experiência sonora lá isso é.
III.
Sleepytime Gorilla Museum Of Natural History (Web of Mimicry / Sabotage; 2004) não é só mais uma banda vinda da família Mr. Bungle apesar de serem lançados pela editora de um elemento dos Bungle ou por serem mais um bando de multi-instrumentalistas sem preconceitos. Tematicamente ou instrumentalmente poderá satisfazer fãs de Secret Chiefs 3, Einstürzende Neubauten, Skeleton Key (há um membro em comum), Death in June, Diamanda Gálas, Ministry, Gentle Giant (uma banda Prog dos anos 70) e mais 1001 coisas. Álbum dedicado ao “museu de história natural do gorila adormecido” que “estuda” a evolução da humanidade e dos invertebrados. São desenvolvidos temas apocalípticos do confronto entre manifestos belicistas dos Futuristas italianos e os anti-progressistas (passe a ironia) do último anarquista do século passado (Unabomber e o seu consanguíneo Freedom Club). A embalagem é acompanhada por resumos desses manifestos, um ensaio sobre entomologia e várias imagens de emulação humanos/invertebrados. Estamos perante um álbum conceptual. Este facto e a complexidade das composições obrigam-nos a defini-lo como Rock Prog por muita confusão que isso poderá fazer aos puristas. Um disco poderoso e conquistador.



(1) A maior parte dos membros seguiu carreiras em intermináveis projectos bastante diversificados (Metal, Industrial, Dub, Improv), alguns inventivos (Godflesh), outras menos (Cathedral) mas sempre de alta qualidade, deixando os Napalm numa banda “oca”, ou seja sem coisas “novinhas em folha” para dar em que tal como os Rolling Stones (vestidos de t-shirts e calções pretos) é preciso vê-los pelo menos uma vez na vida!
(2) Punk que é Punk NUNCA ouve balofos dos anos 70!
(3) www.progcds.com para quem não gosta de sair de casa. Também organizam um festival de Prog em Gouveia lá para a Abril.

DEA report 1

O colectivo de un-dj's Osama Secret Lovers já deu provas que pode funcionar... no Lx Café, Sábado passado. E se a noite começou de forma cómica - para entrar no estabelecimento o próprio dono teve de assaltar o seu bar (ehehehehe) - até às 4h a coisa correu bem e de forma divertida.
DJ GoldenShower começou por pôr música dos seus discos que não curtia... claro que a música era uma merda... mas ainda assim deu para trocar uns discos com a malta... há cada cromo!
Pirata seguio com Ska e Reggae antigo, ou seja, debitando hits clássicos da "História Negra" e alegrando o ambiente do bar ao ritmo jamaicano. Rewind!
Mau Amor foi ao Rock: pérolas do passado Garage, punk-rock... a energia invadia o espaço e as pessoas que iam bebericando cerveja e outros líquidos enquanto liam a revista Underworld que levamos para lá.
A noite acabou com a polícia - como sempre - a pedir para fechar o bar. Mas foi uma noite que serviu como experiência para estes «un-dj's trintões» que puseram boa música juntos pela primeira vez...

sábado, 15 de outubro de 2005

OSAMAsecretLOVERS || LX CAFÉ

Primeira acção terrorista sonora dos OSAMAsecretLOVERS com Pirata, Mau Amor e DJ Goldenshower no Lx Café [Rua de Macau nº2; perto da Rua do Forno do Tijolo].

Podem levar CD's que já não vos interessem para trocar com o DJ GoldenShower e com quem estiver interessado que estiver no bar.

sábado, 8 de outubro de 2005

MIM


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Publicado na Sonic Scope Quarterly