sábado, 30 de janeiro de 2016
terça-feira, 19 de janeiro de 2016
António Concorda Contador & Emanuel Lemos Ferreira : “Ritmo & Poesia : Os Caminhos do Rap” (Assírio & Alvim; 1997)
Um livro publicado há quase 20 anos ainda faz sentido ler sobretudo quando trata de cultura Pop? Eis um caso positivo até porque depois dele acho que não saiu mais nada que tratasse sobre o Hip Hop em Portugal.
Ainda assim, pensava que seria um livro mais interessante, com uma componente portuguesa mais vincada ou até uma análise sobre as letras dos rappers portugueses. Não, quase todo o livro trata da História do Hip Hop norte-americano, algumas tretas para encher-chouriços (listas de bandas pelo globo fora e um glossário de calão dos "dreadas") sendo mínimo a que se dedica a Portugal. uma História do movimento, umas entrevistas e fotografias aos nossos hiphopers. Ainda assim é um livro que mostra que a Assírio & Alvim era A editora nos anos 90 apostando num livro que tratava de uma cultura marginalizada. Claro que hoje há Hip Hop em toda a rádio ou TV, o Pac Man/Carlão só diz merda, as gajas kotas que não tem cuidado com a alimentação vão prá dança Hip Hop do ginásio e as câmaras municipais arranjaram uma fonte de fazer guito com os graffitis (sem mexer uma palha nos problemas urbanos de base) mas em 1997 os discursos dos seus agentes ainda é de confusão e de ansiedade dada às más experiências, inexperiências e ignorância de todos: jornalistas, editoras, promotores de festas e claro dos próprios artistas - no livro até se apanha um belo de um achado: em 1996 um tal de DJ Groove fez um rap de campanha presidencial pró mete-nojo do Cavaco, "coerência onde estás tu?" escrevem os autores...
O Hip Hop é a primeira música pós-moderna do século XX, ao contrário do Blues, Jazz e Rock que vêm de raízes rurais na transição para a urbanidade, ou seja tem uma narrativa linear e cronológica enquanto que o Hip Hop não tem um centro mas sim vários. Não é fácil perceber a sua História nem fixar as suas figuras importantes, até porque muitas vezes parecem-se com pessoas que podiam estar a apanhar o metro no Bronx (é de ver os livros Hip Hop Family Tree de Ed Piskor para perceber esse mundanismo) ao contrário do Pop onde há Reis Camalões, Lagartos e outros drogados. para além de usarem pseudónimos que distraem mais do que ajuda a memorizar. Pode-se procurar origens nos Last Poets ou nos Watts Prophets, nas festas jamaicanas ou nas "blockparties", nos Sugar Hill Gang ou no Grandmaster Flash mas ao contrário de, por exemplo, no Punk em que imediatamente se diz "Sex Pistols" ou "Ramones", no Hip Hop porque - bom, vou deixar de dar desculpas politicamente correctas - era "música de pretos" ou de pobres (que não interessam a ninguém quando se é da classe "mé(r)dia") são poucas as pessoas que diriam "Kool Herc", por exemplo, ou saibam dizer um tema musical seminal do Hip Hop.
Em Portugal, um livro destes é uma pérola a porcos porque estando nós sempre atrasados em relação a tudo e em especial à cultura Pop, em 1997 conseguiu-se produzir um documento bastante credível quase sem tempo de ressacar o importante disco Rapública (Columbia; 1994) que aguenta o peso do tempo e que realmente educa a quem quiser saber sobre o tema - devia estar um exemplar nas bibliotecas escolares!
Ainda assim, pensava que seria um livro mais interessante, com uma componente portuguesa mais vincada ou até uma análise sobre as letras dos rappers portugueses. Não, quase todo o livro trata da História do Hip Hop norte-americano, algumas tretas para encher-chouriços (listas de bandas pelo globo fora e um glossário de calão dos "dreadas") sendo mínimo a que se dedica a Portugal. uma História do movimento, umas entrevistas e fotografias aos nossos hiphopers. Ainda assim é um livro que mostra que a Assírio & Alvim era A editora nos anos 90 apostando num livro que tratava de uma cultura marginalizada. Claro que hoje há Hip Hop em toda a rádio ou TV, o Pac Man/Carlão só diz merda, as gajas kotas que não tem cuidado com a alimentação vão prá dança Hip Hop do ginásio e as câmaras municipais arranjaram uma fonte de fazer guito com os graffitis (sem mexer uma palha nos problemas urbanos de base) mas em 1997 os discursos dos seus agentes ainda é de confusão e de ansiedade dada às más experiências, inexperiências e ignorância de todos: jornalistas, editoras, promotores de festas e claro dos próprios artistas - no livro até se apanha um belo de um achado: em 1996 um tal de DJ Groove fez um rap de campanha presidencial pró mete-nojo do Cavaco, "coerência onde estás tu?" escrevem os autores...
O Hip Hop é a primeira música pós-moderna do século XX, ao contrário do Blues, Jazz e Rock que vêm de raízes rurais na transição para a urbanidade, ou seja tem uma narrativa linear e cronológica enquanto que o Hip Hop não tem um centro mas sim vários. Não é fácil perceber a sua História nem fixar as suas figuras importantes, até porque muitas vezes parecem-se com pessoas que podiam estar a apanhar o metro no Bronx (é de ver os livros Hip Hop Family Tree de Ed Piskor para perceber esse mundanismo) ao contrário do Pop onde há Reis Camalões, Lagartos e outros drogados. para além de usarem pseudónimos que distraem mais do que ajuda a memorizar. Pode-se procurar origens nos Last Poets ou nos Watts Prophets, nas festas jamaicanas ou nas "blockparties", nos Sugar Hill Gang ou no Grandmaster Flash mas ao contrário de, por exemplo, no Punk em que imediatamente se diz "Sex Pistols" ou "Ramones", no Hip Hop porque - bom, vou deixar de dar desculpas politicamente correctas - era "música de pretos" ou de pobres (que não interessam a ninguém quando se é da classe "mé(r)dia") são poucas as pessoas que diriam "Kool Herc", por exemplo, ou saibam dizer um tema musical seminal do Hip Hop.
Em Portugal, um livro destes é uma pérola a porcos porque estando nós sempre atrasados em relação a tudo e em especial à cultura Pop, em 1997 conseguiu-se produzir um documento bastante credível quase sem tempo de ressacar o importante disco Rapública (Columbia; 1994) que aguenta o peso do tempo e que realmente educa a quem quiser saber sobre o tema - devia estar um exemplar nas bibliotecas escolares!
segunda-feira, 11 de janeiro de 2016
Colectivo Rock On : "David Bowie : Três Décadas de Metamorfoses" (Centelha; 1983)
Foi com algum espanto e agrado que li esta mini-biografia de David Bowie (1947-2016) assinada pelo Colectivo Rock On que albergava Álvaro Costa, Fernando Costa e Francisco Pacheco e que também dava título à colecção da Centelha sobre música Pop/Rock. É de admirar a qualidade das reproduções fotográficas e dos textos cosmopolitas (aposto que em 1983 a maior parte dos leitores não percebiam as expressões anglo-saxónicas usadas) comparando com a edição nacional actual de escrita sobre música.
Claro que a Wikipedia em 2015 bate o livro (que ainda teve uma segunda edição em 1986 mas não deverá ter sido actualizado) mas ainda assim por ser impresso - ponto a favor contra a radiação dos aparelhos electromagnéticos - e por estar bem feito, ainda é um excelente guia para quem quiser saber mais sobre o "Camaleão do Rock" que faleceu ontem.
Claro que a Wikipedia em 2015 bate o livro (que ainda teve uma segunda edição em 1986 mas não deverá ter sido actualizado) mas ainda assim por ser impresso - ponto a favor contra a radiação dos aparelhos electromagnéticos - e por estar bem feito, ainda é um excelente guia para quem quiser saber mais sobre o "Camaleão do Rock" que faleceu ontem.
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