terça-feira, 31 de dezembro de 2024

24h


- Ruben Östlund : Triângulo da Tristeza / Triangle of Sadness (2022)

- Thierry Van Hasselt : La Véritable Histoire de Saint-Nicolas (Frémok; 2023)

- Stefan Zweig : Castélio contra Calvino ou uma consciência contra a violência (Assírio & Alvim; 2023 - orig. 1936) 

- João Abel Manta : Livre (Palácio Anjos, Algés) + Laurent Filipe : A Torre de João Abel Manta : O Imaginador (RTP)

- Imai Arata : Flashpoint (Glacier Bay)

- Will Self : The Butt (Bloombury; 2008) 

- Michel Faber : Listen - on music, sound and us (Canongate; 2023) + O Livro das Estranhas Coisas Novas (Relógio D'Água; 2015 - orig. 2014) + Debaixo da Pele (Difel; 2001 - orig.: 2000)

- Ryszard Kapuscinski : Ébano (Livros do Brasil; 2020 - orig. 1998)

- Marc Torices : La alegre vida del triste perro Cornelius (Apa Apa; 2023) 

- Octopoulpe (19 Maio; Disgraça)

- Krypto (2 Novembro; SMUP)

- Chris Oliveros : Are you willing to die for the cause? (Drawn & Quartely)

- Saeed Roustayi : Os irmãos de Leila (2022) 
 
- Anthony Burgess : 1985 (Arrow Books; 1980 - orig. 1978)
- Deborah Shamoon : Passionate Friendship - The Aesthetics of the Girl's Culture in Japan (University of Hawai'i Press; 2012)
- Claire Barel-Moisan & Matthieu Letourneux : Albert Robida - De la satire à l'anticipation (Les Impressions Nouvelles; 2022)
- Evin Collis : Litterpig (4 vol.; ed. de autor; 2020-24) + Transcontinental (3 vol.; ed. de autor; 2016-18)
- Jeanne Waltz : Vento assobiando nas gruas (2023?)
- Bruno Dumont : O Pequeno Quinquin / P'tit Quinquin (2014)
- Beth de Araújo : Soft & Quiet / Suaves e Silenciosas (2022)
- Erica Couto-Ferreira : Corpos : As outras vidas do cadáver (Faktoría K / Kalandraka (2023)
- Simone Weil : Reflexões sobre as causas da Liberdade e da Opressão Social (A Bela e o Monstro / Rapsódia Final; 2022 - orig. 1943)
- Andrew Nette & Iain McIntyre [ed.] : Dangerous Visons and New Worlds : Radical Science Fiction, 1950-1985 (PM Press; 2021)

quarta-feira, 25 de dezembro de 2024

Merda Frita



Há por aí todo um fascínio pelo Japão e pela sua cultura. Fascínio esse perigoso se não tivermos um posicionamento crítico sobre aquela sociedade e o seu Estado. Os Mangás e Animes aparecem como uma fofura para a juventude e sobretudo faz parte de um “softpower” que nos fazem esquecer que o país é racista e xenófobo – curiosa a série de TV Tokyo Vice, um “neo-noir” que mostra como é tratado um “gaijin”. Seja como for isto são notícias antigas, a cultura Pop da Coreia do Sul está a ser a nova coqueluche cultural nestes tempos. E talvez seja mesmo o fim da linha para o Japão, que tinha o prenúncio em 2013 quando apareceu um CD que juntava as BiS com os Hijohkaidan.

As BiS (Brand-new Idol Society) é uma banda “idol”, aliás, elas são “alternative idol” se nos quisermos rir ainda mais. O fenómeno “idol” surge no Japão nos anos 60 e mete umas caras larocas a cantar, dançar e a venderem iogurtes ou merda frita. A coisa foi evoluindo ao ponto de serem também bandas de miúdas – tipo Spice Girls mas mais mecânico, histriónico e foleiro. As BiS romperam um coche a foleirada ao misturarem outros sons e temas dentro desta cena de bonecas biónicas, daí “o alternative”. Aliás, foi graças a esse rompimento que apareceu também o Kawaii Metal – com as Babymetal como a grande referência, e sim, é J-Pop com Metal à la Slipknot.

Os Hijohkaidan são da primeira geração de músicos Japanoise – termo ambíguo que tanto quer dizer que são artistas que fazem música com objectos não-musicais amplificados, ruído electrónico, buscas cósmicas (vindo do grande fascínio japonês pelo Prog e psicadélico), o grito punk “um dois três quatro” para depois ouvir-se um gajo a defecar, performers que atirarem sacos de urina ao público, um bulldozer em palco (o concerto de Hanatarash acaba quando este está para atirar um cocktail molotov aceso para o palco), etc… Extremismos vários que tornaram míticos projectos como  Boredoms, C.C.C.C., Incapacitants, KK Null, Gerogerigegege, Ruins e claro o grande deus Merzbow.

Não faço puto ideia quem é que se lembrou de juntar os géneros Idol e Noise, parece mesmo aquelas parcerias de bandas rock decadentes ocidentais em que tens de meter um miúdo novo do Trap que esteja em grande para que continues relevante nos tops e social-media. Só aqui o estranho é que imagino que no Japão ninguém queira saber dos Hijohkaidan, mesmo que tenham uma carreira de terrorismo sónico desde 1979, e prás BiS tenha servido para queimar carreira. Não será assim, claro, como irão ler a seguir… até porque foi editado numa empresa enorme, por isso, já sabem do cliché de que o capitalismo absorve tudo, até Noise!

Assim temos um CD intitulado Bis Kaidan, 27 minutos de som, elas a cantarem aquelas vozinhas irritantes híper-coreografadas – mas também muitas vezes a gritarem como umas desalmadas ou para megafones – com batidas de dance-teen-pop-anime. Por detrás, ouve-se ruído puro do trio de velhinhos (há uma mulher na formação, by the way!) empenhados em fazer disto uma experiência ainda insuportável que o normal. Tudo é errático e caótico, guitarras com feedback e barulho digital. O CD traz uma fotografia como extra de uma das seis BiS, talvez para colecionar e arranjar autógrafo, sei lá…

E se isto deveria ser um disco único para melómanos e amantes do Pop bizarro, a coisa não ficou por aqui. Houve concertos e um disco ao vivo de despedida: 2014.5.6 BiS階段 Last Gig @ WWW. Um duplo CD, cujo livrinho tem fotos dos concertos – é hilariante ver as miúdas ensanguentadas vestidas de fato de colégio com tripas de fora e a fazerem, acho eu, um pacto de suicídio colectivo - o pior “bizness” de sempre como toda a gente sabe. O primeiro CD é absolutamente insuportável, o tema nerve é repetido 13 vezes, como uma performance de endurance (para todos! Público e músicos) em que vamos ouvindo um tema especialmente fofinho irritante “em loop” durante 50 e tal minutos creio, não tenho coragem de voltar a por o disco nem para ver esta informação tão relevante para este artigo. Por detrás, mais uma vez, os Kaidan a fazer barulho! O segundo disco já são vários temas do disco original, menos mal. Mas sim fiquemos pelo disco original, evitem o “ao vivo”, para vossa sanidade mental. Por outro lado, pode ser uma boa forma de desmame e desintoxicação da cultura nipónica!

Artigo publicado na Merda Frita Mensal #2

quinta-feira, 12 de dezembro de 2024

Mais uma pró currículo!


 

Pelos vistos vou participar disto, ainda bem que recebo emails divulgativos da Zaratan...