Novo e terceiro romance de David Soares - mais uma vez pela Saída de Emergência, a única editora de interesse em Portugal que publica os grandes nomes e obras de Ficção Científica e Fantástico como ainda aposta em "novos valores" como é o caso de David Soares - "novos valores" só é usado porque em Portugal qualquer autor com uma carreira literária ou artística será sempre "novo" graças à pequenez e tacanhez do mercado.
Afinal Soares desde 2000 que tem uma vida editorial saudável e em expansão. E falando nisso, da Expansão Ultramarina, é o que de se trata o livro, ou melhor do seu início com o paneleirote do Infante D. Henrique e uma nação em ácidos, sempre com a mistura de Romance Histórico com Horror, onde ainda há "serial-killers" à solta e pequenas blasfémias suficientes para chocar os leitores que vão à procura do Santo Graal do Óbvio Romance Histórico Nacionalista.
Dá molho ficcionar o Infante a meter os dedos no cuzinho de um rapazinho, especialmente para quem ainda pagou em escudos e tinha a cara do bicho estampada nas moedas de 20 escudos (creio)! Que nojo, pá! Pára lá de brincar com os nossos Grandes Portugueses, porra! Só falta meteres o D. Dinis a afogar-se num "goldenshower" enquanto grunhe umas Cantigas de Amor!
Gostaria de gostar mais de Romance Histórico para apreciar mais este livro - ou o anterior de Soares, o Lisboa Triunfante - mas há sempre uma barreira que não me deixa ir na «suspension of disbelief». Talvez por isso que a Conspiração dos Antepassados por ter a acção no século XX (com o Fernandinho Pessoa e o servo do chifrudo Crowley) continue a ser, para mim, o melhor de Soares.
Este Evangelho não é mau, claro está, Soares sabe fazer o que tem a fazer, dar profundidade às personagens anonimas ou públicas, relatar espaços e situações mundanas com destreza mas se não fosse o nome do autor provavelmente nunca pegaria nele pela aversão ao Romance Histórico... e talvez por isso perderia uma excelente oportunidade de vir a por como hipótese que Portugal é um país muito mais psicadélico do que se pensava! (Em que Fátima terá sido o último episódio espontâneo de drogas, afirmo eu!)
De resto, não gosto do final, demasiado "cute" ou sereno que de alguma forma só me vinha à cabeça imagens de um final à lá filme de Hollywood, não sei porquê... Até lá, uma boa leitura!
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