segunda-feira, 27 de janeiro de 2014

Mitomania - a escolha dos nossos dias!

Marte & Miguel Falcato no Mesinha de Cabeceira #7 (1994)
 

Loverboy na Feira das Vanessas
por
Marte, João Fazenda, Jorge Coelho
e ainda António Kiala, Arlindo Yip Sou, Miguel Falcato, Nuno Nobre, Pedro Brito, Rui Gamito e unDJ GoldenShower

Capa a cores, 16 páginas a 2 cores (16,5x23 cm) e 32 a preto e branco (A5). Edição da Chili Com Carne, 7º volume da Mercantologia, colecção que recupera material perdido do mundo dos fanzines. Design de Joana Pires; Capa e fotos de olhos(«Ä»)zumbir realizadas no estúdio da União Artística do Trancão e em Sede Adres, com apoio à produção de xoscx e Adres. Bonecos realizados por Miguel Rocha e Alex Gozblau para a exposição "Loverboy Store: Liquidação Total" no Salão Lisboa de Ilustração e Banda Desenhada 2001, na Cordoaria Nacional.

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Este volume trata-se de uma compilação de “raridades” relacionadas com a série Loverboy que não foram publicadas nos três livros pela Polvo entre 1998 e 2001. Encontramos a reedição da “origem” da personagem em BDs ainda desenhadas por Marte – relembramos que os livros foram escritos por ele e desenhados por João Fazenda - e publicadas originalmente no zine Mesinha de Cabeceira entre 1993 e 1995. Participações em outros zines (Amo-te), antologias (a seminal Mutate & Survive) e revistas como a 20 Anos (oito BDs desenhadas por Fazenda), em alguns casos com as participações de outros ilustradores como Arlindo Yip Sou, Miguel Falcato e Rui Gamito. Algum “fan-art” de Pedro Brito, Jorge Coelho e Nuno Nobre (que fez um comic-book nos EUA sobre a Angeline Jolie!!!). São mostradas ainda curiosidades como os bonecos das capas, que foram feitos para uma exposição no Salão Lisboa 2001.

São mostradas ainda apropriações das personagens por Marcos Farrajota (em Noitadas, Deprês e Bubas) ou na série Psycho Whip - série de BD de unDJ GoldenShower (a) e Jorge Coelho (d) para a revista de música gótica-industrial Elegy Ibérica.

A história da série é contada por António Kiala, um académico que foi fundador do Mesinha de Cabeceira, que é bastante mais crítico e interessante que o material reunido, analizando o processo desta edição e da forma como a cultura DIY se vulgarizou na mitomania.

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O livro está à venda no site da Chili Com CarneFábrica Features, Trem Azul, Feira do Livro de Poesia e BDMundo Fantasma, BdMania, Matéria-Prima, Abysmo, Artes & LetrasKingpin BooksPó dos Livros, UtopiaLetra Livre e LAC.

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Feedback: olha já li o Loverboy, boy!! tá muita bom, gostei do todo. o fanzine do interior marca pontos, gostei bastante de rever o traço do Fazenda, o Coelho desenha mesmo pra c...(deviam ter continuado com a cena do Psycho Whip!!) curto bué a história do coquinado, a da descoberta da punheta e claro a do taxista impotente. como sou fã do Loverboy desde as minhas primeiras borbulhas no nariz,devo dizer-te que é me praticamente impossivel falar mal do Loverboy mesmo sabendo que ele é uma má companhia... tanto o Loverboy,o Astarot e o Leonardo, são personagens muito bem construidas, com vida própria e estão de tal maneira interligadas que me é impossivel dizer de qual gosto mais, mas uma coisa é certa sempre achei a irmã do Loverboy sexy... ps - tão importante como as histórias e o desenho é o texto do Kiala que nos mostra o percurso por trás das histórias, são 20 anos parabéns!! David Campos ... Parece que é para os amigos, esta edição. Está entre o "muito cuidado" e o "foi o que se arranjou!". Parece que o caderninho do meio vai dar umas luzes, mas nunca se percebe a) o que é a Feira das Vanessas (Amadora??) e b) onde é que vai dar a história da 2ª parte! Fiquei com curiosidade com as páginas a cores do Fazenda que foram todas filtradas a vermelho. De qualquer forma, tá fixe... o Fazenda e o Coelho sempre são "profissionais" com as respectivas afectações, com o Coelho a fazer umas cores incrivelmente esgalhadas para o que está em causa. Melhor mesmo é o caderninho interior e as suas bds "péssimas" que achei ainda melhores que o resto. Inusitada a ideia do Loverboy nunca fechar o negócio, mas tem graça (nunca li nenhum livro - espero que isso continue com o personagem). O Marte, duvido que exista, mas desejo-lhe boa sorte no refúgio ultramontano que arranjou. Há algumas bocas à cena dos zines que me parecem pertinentes e actuais, e o resto, lido como posta "de época", também se sai bem! Pode ser que um doutoramento parasita redima tudo isto. Astromanta

domingo, 26 de janeiro de 2014

Músicas do regime



v/a : The songs they sing (RCA; 1978)

O Camarada Fom Fom gosta de me testar os limites musicais do mau gosto. E só para me foder arranja-me discos que não lembra ao Diabo. É o caso deste LP da Namibia que em 1978 ainda estava sobre protecção da África do Sul - o país só obteve independência em 1990. A capa e fotografias interiores mostram militares de ambos as cores de pele, um negro e dois pulas mesmo com aquela cara de anormal deslavada de quem veio da Holanda ou Inglaterra para procriar mongoloídes. O disco deve querer mostrar integração racial no regime, nem que fosse na tropa mas cheira a propaganda grosseira se pensarmos que o Apartheid esteve vigente até 1994.
E a música? Muzak étnico  que não tem o mínimo elán de outras "coolonialismos". Aliás, o disco começa bastante mal, com uma música Pop assim para escuteiro tocar na fogueira, ou melhor, para o soldado raso lamber as feridas depois de ter violado uma gazela ou uma criança africana que para ele era o mesmo.
Por cá temos o Fado mais forte do que nunca...

terça-feira, 21 de janeiro de 2014

P: Quanto Valem os Devo? R: Valem 1 Euro



Devo : Q: Are we not men? A: We are Devo! (Virgin; 1978)

Isto porque o Dr. Uránio (responsável pelas capas dos dois últimos números do Mesinha de Cabeceira) vendeu-me o disco a um Euro. E assim sim vale a pena ouvir o primeiro álbum de uma banda que acredita na "involução" ("devolution" em inglês) da espécie humana e assumiu esse conceito para os media que criou. Menos interessantes que os Talking Heads e menos misteriosos que os Residents, o som soa mesmo aquilo que se denominou de New Wave - os ritmos do baixo educados pela Jamaica, os orgãos incluídos num formato Rock/Pop, as guitarras nervosinhas do Punk. São o template do género cheio de energia que mais tarde os imitadores não conseguirão captar, provando que afinal é possível existir involução, pelo menos na cultura.

sexta-feira, 17 de janeiro de 2014

Luís Trindade : "Genealogia da Música Popular Universalizada" (Contraponto; 1984)

Lá vou descobrindo alguma bibliografia editada em Portugal sobre música Pop / Rock. O título engana quem pensa que vai ter uma árvore genealógica do Rock até 1984. A verdade é que o livro devia-se chamar Grande Música Negra (ops! já existia!) ou Rock dos Escravos : Uma disertação sobre a Escravatura e Segregação Racial Norte-Americana como origem da Música Popular do Século XX ou Não haveria Beatles sem Negros torturados : Tese Académica sobre as origens do Jazz e Rock. Mas não... Ficou este título meio-enganador que não chega ao Punk nem ao Dub - nem poderia porque seria fora do contexto da tese escrita em 1980. Pouco há a dizer a não ser que comprei este interessante livro naquele mercado de livros na Rua da Achieta e o exemplar pertencia ao Rafael Toral. Até ele se fartou do texto académico (sinónimo de chato em espiral), pelos vistos nem em 1984 sabiam que uma tese académica tem de ser revista e transformada noutro discurso para ser um livro comercial paras pessoas "normais".

quinta-feira, 16 de janeiro de 2014

Terminal city



Terminal 11 : Illegal Nervous Habits (Cock Rock Disco; 2005)

Pois é a Matéria Prima em Lisboa vai fechar! Alguns já devem saber mas nunca é tarde de chamar a atenção que Lisboa não é só uma cidade desinteressante como é uma capital desinteressada... Não é porque "já não se vendem discos" porque boas lojas de discos continuam haver em qualquer capital europeia. É mesmo porque esta cidade tem sido destruída para ser um resort de hoteis e hostels que trazem turismo que vem aproveitar o sol, a cerveja barata e onde o facto que ainda se pode fumar nos bares... A oferta cultural rege-se por pequenas resistências aqui e acolá mas que não são capazes de ter uma estratégia comum. O espaço de eleição, o Bairro Alto, degradou-se nos últimos 15 anos para os betos bêbados, que continuam a reproduzir-se como coelhos e já tomaram de assalto o Cais do Sodré com a benção de empresas de imobiliárias e da Câmara que até deixa pintar o pavimento de cor-de-rosa - como um bom popular disse "mas agora o Cais do Sodré é para os paneleiros?" Homofobias à parte, o senhor tinha razão, havia regras de ouro em Lisboa. Sítios que eram só para certas pessoas mas agora tudo é para todos num descabido Big Brother, tudo serve para fotografar e colocar no facebook imeditamente, servindo de controlo policial jamais sonhado por qualquer ditador. Estamos em 2014, atrasados 30 anos da distopia de Orwell mas finalmente chegamos lá!
O que vale é a Matéria Prima continua no Porto e até ao final do mês está a fazer promoções nos discos para livrar stock, do tipo um disco terá um desconto de menos 10% do preço normal, 2 a 20%, 3 a 30 e 4 discos fica em 40%!!! Tenho de ir lá! Entretanto lembrei-me que tenho para aqui a última compra que fiz há alguns meses e que me parece agora adequada para resenha. Trata-se o segundo disco da editora de Jason Forrest, e o terceiro disco do artista norte-americano Terminal 11 (que merda de nome) que pratica um som que faz média entre o IDM e o Breakcore. Glitches a rodos são ordenados a ponto de não ser Noise ou música para bater mal da cabeça, embora seja sentimos sempre um nervosismo em todo o disco que impede de ser usado para dançar. A produção é bastante limpa embora seja óbvio que a matéria-prima seja lixo (pop?) alheio (quase de certeza mas é irreconhecível) a lembrar algo do catálogo da Warp. Nada de inovador por aqui mas é um álbum que mexe com o lado esquerdo do cérebro enquanto a parte direita responde a e-mails chatos...