The Soft Pink Truth : Why Do the Heathen Rage? Electronic Profanations of Black Metal Classics (Thrill Jockey; 2014)
Javier Calvo no último texto do livro El Sueño y el Mito (Aristas Martinez; 2014) afirma que o Black Metal (BM) foi a última vanguarda europeia. Por mais grotesco e trágico que tenha sido, o movimento guarda características de uma vanguarda artística como outras que reconhecemos do passado século XX, embora neste caso não tenha tido uma máquina de marketing como no Punk, os acontecimentos passaram fora das grandes capitais da cultura como Londres ou Paris (tudo começou numa cave imunda de uma loja de discos em Oslo) e foram protagonizados por três adolescentes idiotas que misturavam paganismo, música Heavy Metal, Tolkien e paranóia. E sobretudo foi um movimento cujos os seus criadores escafederam-se (literalmente com as mortes por suicídio e assassinato, respectivamente de Dead e Euronymous) antes que se torna popular em qualquer sentido, desde da natural expansão de imitadores, seguidores e gente que vai suavizando a coisa (como Dimmu Borgir que é considerada uma "boys band" do BM) até ao foclore pictórico em que até revistas de moda usam os "corpse paintings" para um sessão fotográfica de modelos.
Imagino que esses "grim boys" iriam-se passar com este disco feito por uma das cara-metade de Matmos. TSPT pegou em clássicos do BM para criar um manifesto e provocação contra a homofobia que existe no seio dos fãs deste tipo de música mas mais que isso também parece um ensaio estruturado como uma pesquisa académica em que nada é deixado ao acaso, começando logo por uma invocação pagã "queer" na "intro".
A música propriamente dita começa com a versão Techno-Industrial de Black Metal, dos Venom, para descambar em IDM, House muita 'nilas, Dubstep e Electro para temas de Behemit, Mayhem, Darkthrone, Hellhammer e Sarcófago... é mesmo TRUE Black Metal!!! Para quem pensa que isto é uma exploração "novelty" ou uma graçola, enganem-se, repito: é mesmo TRUE!!! Os temas estão compostos respeitando as composições e até alguns dos ambientes das bandas originais - uma heresia para quem não goste das rabetices Disco/House mas azar porque este disco de Electrónica ou de música de dança é tanto comida para o cérebro como ideias pró corpo. TSPT deixou detalhes fantásticos de quem estudou muito bem onde se metia - a última faixa, uma piada ao BM por Seth Putnam (falecido vocalista de Anal Cunt) bem demostra o detalhe disto.
Mas será que era mesmo preciso fazer um disco-manifesto-anti-homofóbico quando temos fotografias destas?
Estes tipos são os Profanatica... A mim parece-me que eles serão pouco homofóbicos mas posso estar errado! |
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