Livro em formato A6 que faz uma espécie de "best of" do fanzine Datacide, publicação internacional que trata de "barulho e política". Se o livro "anarquista" do Rui Eduardo Paes apontava que o pensamento anarco-libertário foi ultrapassando o punk/ hardcore para outros géneros musicais, a maior falta que o nosso respeitado crítico cometeu foi não ter encontrado a ligação política ao Breakcore e à música pós-rave - a entrevista a Fringeli (cabeça da publicação e da editora Praxis) é bastante interessante sobre a intersecção entre música de dança que é essencialmente instrumental e a transmissão de ideias políticas, tema aliás que tem sido bastante debatido nos últimos números da Wire.
O Datacide tem conseguido fazer a ligação contemporânea sobre música e política, ora relembrando movimentos sócio-políticos que o status quo tenta apagar, alguns exclusivamente políticos como a "Autonomia" em Itália nos anos 70 outros alguns ligados à música de embate contra o Estado - a cena Rave inglesa dos anos 80 e a consequente "Criminal Justice Bill". Mas não é só relembrar o que se tenta ser apagado com a cultura dominante que a Datacide pretende fazer, noutros casos, também denuncia ou desmistifica situações como a de Boyd Rice - fuck, sinto-me envergonhado com isto - que se não é um Nazi mas apenas um provocador cultural então o seu narcisismo público e discurso artístico analisado como foi nesta publicação deixa poucas dúvidas sobre tal. E isto é o melhor que estas cento e poucas páginas fazem, dão-nos coordenadas novas para quem não quer estagnar culturalmente. Leitura obrigatória para 2015!
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