quinta-feira, 5 de maio de 2022

Rick Bragg : "Jerry Lee Lewis : His Own Story" (Canongate; 2015)

 Sim, sou um otário por estas biografias excitantes dos gajos do Rock e afins. Desta vez foi o quase-Rei do Rock, Jerry Lee Lewis, nascido em 1935 e ainda vivo, fechado em casa com armas e a puta da Bíblia. Já lá iremos em relação a isto...
Só não foi o Rei, ou porque o empresário do Elvis nunca o deixaria ser ou porque houve o escândalo em Inglaterra, da imprensa ter descoberto que a sua (segunda) mulher não só era a sua prima como tinha uns belos de uns 13 anitos - ele tinha 22 anos. Casamentos com primos e menores pelos vistos era uma prática comum na miserável Amérikkka mas em 1958 os ingleses - que também não são os mais virtuosos do mundo - já não estavam prái virados. Isso afectou para sempre a carreira de Lewis, transformando-a numa montanha russa (cóf cóf cóf) de altos altos e baixos baixos. Se de vez em quando recuperava, a verdade é que os tempos mudavam também. Se Lee podia ter sido maior que Elvis será para especulação histórica de cromos. Diria que não porque a música dele parece-me bastante chata com aqueles countries borregos. Agora a descrição dos seus concertos e as fotos no livro - e as gravações que existem - garantem que este foi o animal de palco original. Aí ninguém o deverá ter batido a não ser o Iggy Pop e alguns niilistas fodidos.
Além de todo o percurso de casamentos e divórcios, andar de mota nu com o Elvis, tournês de poeira e violência em "honky-tonks", problemas de saúde e com o IR$, etc..., o que impressionou foi nunca ter pensado que - além de ainda estar vivo - é que ele fosse contemporâneo do Rei, do Homem de Preto,  do Buddy Holly ou do Chuck Berry. É estúpido o que escrevo mas como nunca os vi a interagir, até parece que viviam em galáxias diferentes, ao contrário dos dias ed hoje em que todos participam digressões e discos uns dos outros. Neste livro falam de alguns encontros entre estes gigantes e por isso é que me bateu. Dah!
De resto, não há muito mais a contar, mais uma vez, a não ser ignorância neste mundinho do espetáculo. Seja branco com guita como a família Osborne ou preto do gueto, há gajos que nunca aprendem nada mesmo que estejam em contactos com tanta gente incrível do mundo da arte. Acabam todos a afundarem-se em religião. Ridículo. Claro que este gajo sendo sulista, de origens pobres e animado a anfetaminas e álcool (mais das primeiras que do segundo, diga-se) talvez não tivesse muitas hipóteses. Enfim, não sei, difícil pensar até porque ele tem um primo evangelista, Jimmy Lee Swaggart (também de 1935 e ainda vivo), à perna. Evangelista esse aliás que saiu ileso dos escândalos com prostitutas nos anos 80. Enfim... Only in America.

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