sexta-feira, 21 de julho de 2023

Na cama com...




Bem sei que nada já escrevo pelos blogues que participo. No da Chili, sobre zines, livros e discos independentes, quase tudo das resenhas escritas vão para o papel d'A Batalha. Por aqui, do mundo Pop da música tem sido complicado por vários motivos, mais pessoais e profissionais do que o outro que vos apresento mas que é também bastante válido. Tenho arranjado dezenas de CDs numa orgia sonora em que pouco tempo tenho para fazer resenha de tudo. Os CDs estão para morrer, estão baratos como o raio, seja na Neat Records ou no discogs, amigos oferecem colecções e tropeçamos por eles na feira da ladra e afins. Na colecção ficam guilty-pleasures (Censurados, Faith No More, Ministry, Nearly God ou Morbid Angel) que não me apetece escrever sobre eles, não parece que queira falar das desilusões de ouvir discos de Elvis Costelo ou os Living Colour ou ainda perder tempo com discos de Noise e Harsh Noise.

No entanto este The Whitey Album (1989) dos Ciccione Youth fez-me mexer o rabo para aqui. Sobre o disco em si ele está mais do que bem documentado, os Sonic Youth juntam-se a Mike Watt (dos Minutemen) e J Macis (Dinossaur Jr.) para combater uma depressão de Watt. O álbum tem a aura de inconsequente em que vale tudo desde um exercício cageano de silêncio a batidas Hip Hop ou misturas Dub, sons encontrados, versões javardas de "hit-singles" de Robert Palmer e Madonna (em teoria tudo isto é uma homenagem à Diva Pop), experiências sónicas e até alguma erudição literária. Nada bate certo com nada, tudo é levado para direcções opostas da faixa anteriormente tocada / editada. Acho que no início de 2000 quando consegui emprestado o disco só devo ter gravado as versões de Palmer e da Madonna, claro - meu, que seca tudo o resto, devo ter dito! Recentemente fiquei com curiosidade em ouvir o disco todo outra vez com outra maturidade. Bem que poderia ter ido ao "youtubáro" (nem sabia que os SY tinham uma "banda_campa") mas tão barato que estava no discogs que nem um "skecht" dos Monty Python me condena. E na realidade tenho ouvido música no computador que soa tão má que não prescindo de ouvir numa aparelhagem um disco físico, mesmo que a aparelhagem não seja a melhor do mundo. A música precisa de espaço para nos envolver, ouvir no computador ou em fones é contraproducente, não faz sentido nenhum. Achei muito curioso o disco, sobretudo a quarta faixa, Platoon II que parece Dälek!! Entretanto arranjei o Gutter Tactics (Ipecac; 2009) que me disseram que era o último bom álbum deles, coincidindo com o hiato da banda pouco depois e regresso com outro elemento na maquinaria. Ou seja, neste disco ainda está cá o Oktopus. Sinceramente não sei o que dizer deste disco até porque mantem tudo o que sempre foi a banda: um Hip Hop ruidoso que cria um corpo monstruoso que nos envolve como uma canícula. Quem já os viu ao vivo, sabe do que falo, dessa sua massa sonora que sufoca os ouvidos ao ponto de passarmos para uma outra realidade. Não há muitas bandas assim...

PS - Ao fazer estas pesquisas bati neste "bootleg oficial" do concerto dos Sonic em Lisboa - caraças, faz 30 anos que estive lá! Vale 42 paus no discogs, se calhar eu se fosse a ti guardava esses CDs, pá!

PPS - Lembrança, na semana que os SY tocaram em Lisboa em 1993 é claro que houve pompa e circunstância no jornal Blitz dessa semana. Na entrevista, provavelmente o Thurston Moore explicava porque tinha convidado os Lulu Blind para fazerem a primeira parte no concerto, dizia que a banda soava a Hardcore finlandês. Sem 'net na altura, claro que tive de esperar 11 anos para saber o que isso significava mas sinceramente não vejo relação, até porque depois da fase sónica deles os Lulu chagaram a tocar Rap Metal ou mais tarde armaram-se em Smashing Pumpkins à tuga, no fim de contas, era para onde fosse a modinha da altura... Que banda triste!

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