Hammer of the Gods : Led Zeppelin Unauthorised (Pan; 1995) de Stephen Davis, é daqueles achados de "1 pau" algures num buraco que já nem me recordo de onde o saquei. A edição original é de 1985 e é um livro repudiado pelos três músicos sobreviventes da maior banda de Rock de sempre. Quando li não sabia das controvérsias e muito sinceramente quem quer saber? A verdade é esta, os Led Zep foram os primeiros a montar o circo do Rock a um nível estratosférico que é natural que as coisas fujam de controlo, e que provavelmente este livro esteja apimentado. O que li se calhar é treta? Ok, que seja, who cares? Life is short e estes gajos curtiram à grande.
Mais do que isso, o que é também interessante é que o discurso e a acção da banda foge aos modelos normais das bandas que são exploradas por produtores ou editoras. A confiança dos Led Zep em si mesmo era avassaladora, eles sabiam muito bem o que valiam mesmo quando eram vistos como um produto juvenil e rasco. Criaram a sua própria editora para licenciar a saída dos seus álbuns segundo os seus termos, controlando a produção artística e lidando mano-a-mano com o negócio porco da altura.
De resto, está aqui as discografias para escutar, pré-Led Zep e as músicas negras que rapinaram, a cena oficial e não oficial e pós-final da banda. Os gajos eram mesmo bons e criaram o imaginário todo do Heavy Metal, primeiro com as músicas de engate e depois com as mitologias celtas e batalhas gloriosas, para mal dos nossos pecados.
Este texto surge curiosamente no fim-de-semana em que os Black Sabbath arrumaram as botas... Fechando uma Era do Metal se calhar, senão o que dizer de livros "tontos" como Heavy : How Metal Changes the Way We see the World (Constable; 2021) de Dan Franklin que já nem me lembro do que trata mesmo... Fucki fucki! Vou ter de o reler? Sim, ou melhor revi algumas partes e parece-me afinal até bem, o livro...
Não é uma História do Metal mas antes um percurso pessoal do autor que aproveita para descrever as várias facetas deste mega-género: as suas origens, as vestes (Judas Priest), a ameaça nuclear, o satanismo (Morbid Angel), o mórbido (Carcass), o mito do super-homem (Pantera), a ganzaria (Sleep), o imaginário gótico (Craddle of Filth), etc... não dando tréguas às parvoíces que existe neste universo enorme e e em expansão que é o Heavy Metal. No fim de contas como qualquer cultura humana sujeita-se a discussões e pensamentos, muito para além de que só barulheira de teenagers. Franklin acerta nas suas análises e parece-me até uma boa literatura leve para (re)ler no Verão...
Raios, o tempo passa e o Ozzy morreu! Agora sim uma Era, foi-se! Acho que só depois das férias é que volto aqui... Sorry sorry... Mas pelo menos deixo aqui a imagem da capa do livro que queria escrever: Black Metal Rainbows (PM Press; 2023), colectânea de ensaios académicos, arte e textos diversos sobre a "queerização" do Black Metal. Tema que deve irritar muito em especial os BM arcaicos e parvalhões, uma vez que o BM foi criado para pessoal isolacionista, misantropo e com vários problemas de saúde mental. Ora ser queer no BM poderá ser um contrassenso porque ser queer requere sociabilização. No entanto como tudo na vida, tal como um martelo foi feito para fazer móveis e não para assassinar pessoas, ou tal como não se pensava que a fotografia como uma forma de popularizar a pornografia, o BM não foi feito para ficar no meio de bárbaros do Nore e hoje, o que não falta são mulheres, queers e não-binários a rebentar decíbeis desta música deprimente. O livro explorar bem a história do BM, incluindo o seu lado fascista e a regista como se ele está a libertar-se do seu lado anacrónico. Seja como for, 'tou-me a cagar pró BM e olha, fica assim escrito que quero é ir de férias!
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