Ontem à noite, inaugurou a exposição Cartografia da Máfia italiana: bandas desenhadas pelo colectivo Inguine no espaço Crew Hassan, onde estiveram presentes os editores Gianluca Costantini e Elettra Stamboulis. Uma exposição de prints de várias bd's deste colectivo. Antes, durante a tarde na Bedeteca de Lisboa inaugurou uma exposição intitulada Banda Desenhada política: esboços sobre a realidade por Gianluca Costantini mais interessante por estar mais acessivel no que diz respeito à língua (está em inglês) e mais coerente por ser uma individual. Seja como for, é de se ver as duas exposições para entrar em contacto com o trabalho deste colectivo italiano, Inguine.
O chato foi o que aconteceu ontem no Crew Hassan, quando se pretendeu fazer a projecção de filmes de animação do colectivo - bem como a suposta "festa-convívio" que deveria ter aqui o vosso infame un-dj GoldenShower. A desorganização deste espaço foi brutal. Primeiro, marcaram uma festas com o "piple eramus" com mais um DJ ou quer dizer que iria só pôr uma hora de som quando deveria fazé-lo a "noite inteira"... portanto decidi que só iria passar um CD qualquer para criar ambiente. Mas o universo é irónico e o mundo dá muitas voltas. Haviam 15 filmes de animação para passar e o leitor DVD, em selecção manual, não permitia ver todos os filmes de uma vez, e pior, não permitia saltar de filme para filme. Do comando do leitor ninguém sabia, o outro leitor de DVD não lê CD's copiados, o portátil "desapareceu". Enfim, uma tristeza por uma situação idêntica de projecção de filmes de um CD-Rom já tinha acontecido anteriormente e apesar da organização do Crew Hassan terem o CD dos filmes há uma semana não se lembraram de fazerem a "coisa como deve ser"! Bem à 'tuga, lá se sacou o PC do escritório, com o irmão-muçulmano-mariachi Pepedelrey a dar uma valente ajuda - obrigado, amigo!
Mas não havia saída de som dos filmes! Problemas com os cabos aúdio e o projector... E quem vai fazer de "banda-sonora"? Eu, com 4 CD's que tinha trazido por mero acaso - ah! um dos discos só tinha a caixa!!! Para passá-los, tinha só um leitor de CD's que nem dá para ver os números das faixas nem a duração! E sabem o que mais? Correu incrivelmente bem... Começou com várias músicas de Dub-Hip-Hop-Industrial dos Techno Animal, curiosamente um dos filmes usava uma música desta banda (Bio.HAZARDUS de Paper Resistance, minimalab e Manfred Regen). Especialmente bem esgalhadas (é bom conhecer os nossos discos de uma ponta à outra!) as músicas Freak fucker e The Western lands (faixa de um projecto orientado por Bill Laswell em que se ouve W.S. Burroughs e Iggy Pop a recitarem textos), esta última no Un giorno a mio fratello è scoppiato un piede (de Gianluca Costantini e Leonardo Guardigli).
Muda-se de CD (silêncio de 10 segundos e aproveitando o fim de um filme) e por acaso era uma colectânea, o sampler CD #41 da revista gótica Elegy (não se riam comprei por curiosidade!) e que permitiu várias "bandas sonoras" sincronizadas com as estéticas dos filmes. Desde o ínicio com Backstabber dos Dresden Dolls, passando prás agressões dos Ministry e Alec Empire (acompanhados por umas imagens Gore q.b) saltando para lameciches do Gary Numan com o tema In a dark place. Outro momento bem sacado foi com Die Seherin de Orphid e Cthlhu Dawn de Flint Glass para um filme extremamente lento e descritivo (sobre experiências animais). Na faixa de Orphid (na onda do gótico operático bufo para não dizer outra coisa!) ouvia-se uma voz feminina a cantar em alemão - alguém gritou "pá, música em alemão, hoje não!". Isto porque Portugal perdeu com a Alemanha no Mundial... por mim era mais uma razão para ouvirem som germánico porque odeio a merda do futebol! Heil! Para acabar o CD, o melhor da rodela, a agressividade Noise dos Whitehouse e o tema Dumping the fucking rubbish.
Para acabar a performance nesta noite de som que se prolongou mais do que o (mal)programado da organização, mudei para o último CD, cheio de Dub de Valis 1, Destruction of syntax (Subharmonic; 1995), outro projecto orientado por Laswell e que brevemente farei uma resenha neste blogue.
De forma geral e dadas às condições técnicas nojentas, (muita) modéstia à parte, não tive mal e devo ter tido uma sorte divina. Gostei da experiência - tal como já tinha tido um cheirinho com a noite dos Le Dernier Cri no extinto Lx Café. Mais (e más?) experiências no Crew Hassan é que não. Em Agosto estarão quase fechados e não haverá uma sessão de Troca de Discos, adiada assim para o primeiro Domingo de Setembro. Poderá ser a última vez neste espaço se a desorganização e as más condições técnicas se manterem. Que venham as férias primeiro!
Espero que o Gianluca e Electra tenham gostado, fiz o melhor possível!
PS - pelos vistos devem ter gostado caso contrário não tinham colocado nada no seu blogue.
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