segunda-feira, 25 de junho de 2007

Vinilo laico

Uma rapidinha sobre as aquisições na última Feira Laica que por acaso eram espólio do O Poeta e do Opuntia. Por acaso os tipos livraram-se de coisas bem fixes como Dark Recollections (Necrosis / Earache; 1990) dos Carnage, álbum seminal do Death Metal Sueco, uma verdadeira loucura underground nos anos 90. O tempo não perdoa e parece que já ouvi tanto Death que não aqui nada de surpreendente, por isso prefiro ficar como referência os anti-cristo Deicide, os escatológicos Cannibal Corpse ou os narco-satânicos Brujeria. [3,5; levo prá Troca de Discos para fazer ambiente e trocar porque não vou ter gira-discos para passar... pena!]

Uprising (Tuff Gong / Island; 1980) de Bob Marley & the Wailers é um disco "terminal" - foi o último álbum de estúdio de Bob antes de morrer no ano seguinte. Álbum de Reggae de qualidade não fosse um álbum do Bob, encontra-se cá Redemption Song, uma das faixas mais emblemáticas e fora do âmbito do Reggae por ser meio Folk - terá sido por isso que foi anos mais tarde versionada pelo Johnny Cash? [4; bom para ouvir à tarde ou a desenhar]

Com a capa toda fodida (adivinhem de quem era o disco?) outro clássico: o quarto álbum (Atlantic; 1971) dos Led Zeppelin, imortalizado pelo famoso tema Stairway to heaven mas também pela estranha capa que nada diz: nome da banda, título do álbum (não existe), créditos e afins... só quatro símbolos que representavam estes outros fab four. Um dos álbuns mais vendidos de sempre a 1€ e essêncial p+ara qualquer "alternativo" para entender o Hairway to Steven (Touch & Go; 1988) dos Butthole Surfers, hehehehe [5; mas o que faço com aquela capa toda fodida?]

Mais clássicos: os Mahavishnu Orchestra eram uma banda Jazz-Rock e que tem Birds of Fire (Columbia; 1973) um magnífico segundo álbum. Cheio de energia e textura vindo de cinco virtuosos que aproximam o Rock, o Jazz e a música indiana. A orquestra era liderada pelo famoso guitarrista John McLaughlin antes de ser conhecido pelas secas. Um clássico é um clássico, e vice-versa, muito imitado mas poucas vezes batido. [4,5;...]

Mais recentes mas clássicos na área da Genitália-Juvenália, vulgo, Grind em duas estreias, ambas da Earache quando a editora fazia juz do nome: Lawnmower Deth com Ooh Crikey It's... Lawnmower Deth (1990) e O.L.D. com Old Ladies Drivers (1988). Bandas que reflectem bem a juventude alimentada com junk-food, filmes Gore e falta de respeito pelas instituições sociais e humanas.

No caso dos Lawnmower Deth são mais Trash e Death com letras tão imbecis sobre a clínica Betty Ford: «I can't help it, I'm not pure But Betty Ford's will have the cure. Alcohol, at Betty Ford's / It's cost me loads of money, Money I could have blown, On buying loads of heroin» como sobre hábitos britânicos no Pub - ou melhor porque se luta num Pub? Simples, Did You Spill My Pint? Inesquecível uma faixa Death com a vocalização à Pato Donald! Parece que no terceiro álbum (em 1994) deram numa de Punk (melódico?) e foram esquecidos para sempre. Pena? [3,7; este não vou largar tão cedo!]

Os O.L.D. são dos E.U.A. e é Grind puro e duro. Nas suas fileiras estava James Plotkin com cara de puto (porque era) antes de ser um cromo de música eh... Noise? - Ex.: Phantomsmasher (Ipecac; 2002). Aqui é o primeiro registo de Plotkin com mais dois metálicos de gema, que deviam-se vir feitos tontos com faixas como Lepers Without Feet ou Special Olympics - recuso-me a citar as letras, hehehehehe Xungaria barulhenta da boa com uma excelente versão de Cocaine (Eric Clapton). Estes é que eram tempos sem perseguições politicamente correctas e de música extrema e rápida como depois deixou de haver - voltou com a cena Breakcore? [3,6; vai ficando até arranjar melhor, tipo, um vinil de Anal Cunt!?]

Por fim, quanto a Towards Thee Infinite Beat (Temple; 1990) dos Psychic TV é um álbum que usa a estética Acid - tal como muitos que sairam na altura: "In Gorbachev We Trust" dos Shamen, para não falar dos KLF ou dos 808 State -mas com aquele "twist" do Mr. Genesis P-Orridge & cia. Letras niilistas, sons étnicos e a veia experimental no meio das batidas Rave UK. [3,5; ...]

Por este lote de discos que não ultrapassaram os 4 Euros cada - alguns a 1€! - é caso para dizer que vale mesmo a pena ir à Laica! Auf Auf!

domingo, 17 de junho de 2007

CIA info 29.6

Finalmente já vi a revista Elegy Ibérica (a versão portuguesa - ainda não via a espanhola!) que começa a publicar a série de bd "Psycho Whip", por DJ GoldenShower no argumento e JCoelho no desenho que se juntam outra vez após a boa experiência da bd "NM3" no último número do zine Mesinha de Cabeceira.

Psycho Whip é uma série que mostra episódio a episódio fragmentos de memória / experiência sobre o mito de uma misteriosa banda Industrial que ninguém sabe quem é, quem são os seus elementos pois mudam de "visual" e pessoas a cada performance ao vivo.
A impressão está um bocado escura - ao que parece o mesmo já não acontece com a espanhola segundo o simpático editor Pedro Novo que conheci este fim-de-semana no V Encontro de BD de Sto. Tirso. E talvez a legendagem venha precisar de ter um tamanho maior...
...
DJ GoldenShower na verdade - atenção, atenção - não é um DJ mas sim um unDJ!!! Escreveu para o Entulho Informativo e actualmente faz uma tira de bd sobre discos para a Free! Magazine (Finlândia). As suas relações com Marte (autor de bd e criador do famoso Loverboy) são... eh... no mínimo incestuosas! Whatever... E o JCoelho editou o zine Vertigens nos anos 90 do século passado, trabalha em publicidade e só o ano passado que regressou à bd com o livro colectivo Virgin's Trip (El Pep; 2006) e no zine Mesinha de Cabeceira Popular #200 (Associação Chili Com Carne; 2006). Prepara com Lacas um álbum para o mercado franco-belga.

Concurso público

The Far Side of Emptiness / Vysehrad (Industrial Pt; 2007)

Eis um promo-CD oferecido no último evento do Industrial PT, desta vez afastada da paneleiragem mental do Techno & EBM das outras festas organizadas. Embalada numa simples folha A4 dobrada de forma inteligente (a lembrar as produções da editora DIY francesa Facthedral) a rodela CD-R trás 30 minutos de música Ambiental e de espectro Noise.
As duas primeiras faixas são as mais barulhentas de The Far Side of Emptiness e as três últimas são mais ambientais por Vysehrad (que ainda leva com um chapéu ao contrário no "s"). Os ambientes gerados longe de serem inéditos (go to Coil, Psychic TV, etc...) e apesar de se manterem nas franjas da negridão habitual do pessoal do som Dark (que insistem em não escutar no verdadeiro som negro do Dub e derivados) não chegam a enjoar ou a enojar. Talvez porque as músicas não sejam pretensiosas ou porque tem um músculo qualquer de locomoção próprio... a seguir!

Qualidade numérica: 3,7/5 Objectivo pós-audição: oferta ao primeiro cyber-leitor que souber responder à seguinte pergunta: "Em qual revista de música que sairá a série de bd Psycho Whip do DJ GoldenShower e JCoelho?"

sexta-feira, 15 de junho de 2007

Festa CCC com unDJ GoldenShower || CARPE DIEM BAR


Goldie, digo, GoldenShower vai voltar ao Encontro de BD de Sto. Tirso, dia 15 de Junho no Bar Carpe Diem em que haverá uma Feira de Zines, pintura mural (c/ Jucifer) e oferta de livros da CCC.

quarta-feira, 13 de junho de 2007

quarta-feira, 6 de junho de 2007

Guillaume Bara: "La Techno" (Librio Musique; 1999)

Livro de bolso escrito em francês, sacado ao Escroque numa Feira Laica, e que se lê numa viagem para Barcelona - é-verdade-é! vamos a levantar vôo e lá vou eu a ler o capítulo sobre as festas gays em Detroit. Com este livrinho ficamos com as bases de onde e como surgiu a música Tecno, a sua importância na recriação da música (uso de material pre-existente, samples, white-labels, ética DIY, estúdios caseiros) e do seu impacto cultural e social - como foram as Raves nos anos 80 do século passado.
Um livro de bolso não precisa de ser incompleto e leve mas é o caso deste apesar de complementado com um glossário, uma cronologia e uma bibliografia. Por outro lado, um livro de bolso pretende-se que seja um divulgador de cultura de forma popular - leia-se, a preços baratos - e como dizia um francês qualquer «mais vale ler um livro mau do que nenhum». Agora que já li este título, volta ele a 1€ para a próxima Feira Laica a decorrer 23 e 24 de Junho na Bedeteca de Lisboa.