segunda-feira, 21 de julho de 2008

Mono Mono


The Peace: "Black Power" (Groovie; 2008)
v/a: "Nigeria Rock Special: Psychedelic, Afro-Rock & Fuzz Funk in 1970's Nigeria" (Soundway / Sabotage; 2008)

Há editoras que mereciam uma espécie de medalha da UNESCO ou algo assim, falo de editoras fonográficas como a Soul Jazz, Soundway e até a "nossa" Groovie, porque andam a trabalhar para nos mostrar que a história Pop/Rock não é exclusiva dos porcos imperialistas EUA e da Inglaterra, Não! No no sir bwana!
O Rock invadiu o mundo inteiro, e esse mundo absorveu-o e tornando-o também uma linguagem de cada país para além da origem anglo-saxónica, daí que vamos encontrar Rock nos mundos árabes (para breve uma resenha), onde acaba a Europa e começa África (segundo a pespectiva de qualquer europeu que já tenha trabalhado com alguma entidade portuguesa), e claro África. Alguns dos países desenvolveram até a criar os seus próprios estilos, como na Jamaica com Rocksteady, Ska, Reggae e por aí a fora.
O Rock africano, tal como conhecemos pelas balizas Beatles/Rolling Stones e respectivas evoluções não deverá ser fácil de descobrir mas pelos vistos apareceram estes dois discos... os resultados são inesperados.
Da Zâmbia dos anos 70, foi reeditado em formato LP (vinil) os The Peace que não surpreendem - acho que sempre preferi o Funk ao Rock, deve ser por isso - com o seu "Rock'n'Rolling-stones" de garagem quase que a soar a amador, sobretudo pela voz "carregada" do vocalista... Dizem que é um álbum raro e importante da cena do Rock da Zâmbia mas tirando a música Ubdwa Ne Chamba (no lado A) que é "tribalizada" a lembrar os bons momentos de Exuma, o resto é Rock Vintage banal e uma desilusão para quem estava à espera de descobrir "algo novo". Rumores indicam que haverá compilações de Rock africano a sair para breve, esperemos que não sejam vulgares como a dada altura os Portuguese Nuggets (4 volumes, Galo de Barcelos; 2007) também passaram a ser - nos últimos 2 volumes.
Outro disco que nos fura as expectativas é o da Soundway mas por outras razões. É um bom disco, cheio de grandes malhas... Afro Beat! Segundo especialistas não, é Afro Rock. Mas do tal "Rock das Balizas" pouco tem, ou pelo menos como imaginamos o que é o Rock, o que acontece aqui é que temos Afro Beat em que a guitarra e os orgãos são devedores ao Rock Psicadélico com Jimmy Hendrix a vomitar-se todo. Claro que as trocas e baltrocas é que fazem delas Afro Rock, como por exemplo, The Funkees não têm metais fazendo deles uma banda clássica de Rock mas tocam Afro Beat na mesma, ou os Colomach que puxam pelo tribalismo mas com Fuzz de ácido marado mesmo ao lado, ou os Question Mark também roçam o Garage lá prá Inglaterra mas o pulsar é Funky.... Talvez se possa falar mesmo em Afro Rock mas é preciso ser cromo para fazer uma distinção tão precisa porque soa a Afro Beat que é um género de fusão que junta High Life, Funk, Jazz e o que for necessário...
De resto, o CD é digipack com livrinho cheia de fotos, biografias e texto de introdução a este mundo perdido embora da Nigéria, já se sabia que só podia haver grandes músicas, afinal foi lá que Fela Kuti fazia das suas: vida em comunidade a exercer poligamia, a criar e a difundir o Afro Beat, a opôr-se e a manifestar-se contra os regimes ditactoriais e militares, bem como a sofrer as respectivas e dolorosas consequências. Vale bem os Euros que vale.

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