terça-feira, 4 de novembro de 2008
O amor é fodido
v/a: Loveradio 1 (Love / Siboney; 2007)
Wigwam: Lucky golden stripes and starpose (Love / Siboney; 1992)
Não há editora fonográfica que tenha tido mais importância na Finlândia como a Love Records - nem houve alguma vez um logótipo mais bonito como o dela como podem bem ver a obra-prima aqui ao vosso lado --------->
Criada em 1966, numa altura que a Humanidade pela primeira vez na vida se estava a divertir com montes de drogas e sexo, resistiu até ao final dos anos 70 tendo editado o melhor que se produzia, em termos musicais, na Finlândia: Rock, Prog, Jazz, Música de Intervenção, Étnica, Experimental... E é mais ou menos isso que recentes colectâneas em CD tem tentado mostrar com as suas diferenças. Se Arktinen hysteria (Love Records; 2001) era um documento sobre a vanguarda musical, com textos em inglês para chamar a atenção da importância da música finlandesa. Já os quatro volumes de Loveradio, que dos quais só arranjei o primeiro, o objectivo é interno, nostálgico para a geração dos anos 60 e 70 e revivalista para as novas gerações.
E se este será um produto burguês vulgar então teremos de nos preocupar com o gosto medianos português porque é absolutamente incrivel como é eclética esta(s) colectânea(s): música para "crooner casino 007" (Kaj Chydenius), Pop nas mais variadas formas: "easy listening" (Pepe & Paradise entre muitos outros), meio psicadélico com os Juice e Kaseva (estes últimos, os Beatles Suomis?), com o Tango à mistura (Tauno Paulo) porque o Tango é normal para aquelas bandas, bubble-gum (Kaisa Korhonen), ou acasalado com Rock da praia (Rauli "Badding" Somerjoki), Folk (Pihasoittajat), Prog com os Wigwam (na sua primeira fase; ver mais abaixo) e Tasavallan Presidentti. Quase tudo cantado numa língua para apenas 5 milhões de pessoas no mundo que a entendem. Há duas excepções que são os Hurriganes que parece mesmo saídos do Glam Rock britânico idiota, e o "enfant terrible" do M.A. Numminen a assassinar a língua alemã mais uma vez. Ainda há Jazz representado pelo Eero Koivistoinen Quartet. O disco é porreiro de se ouvir - se a rádio fosse sempre assim... -, nunca agride (excepto o sr. Numminen, claro!), com a vantagem de não se perceber as vulgaridades melodramáticas das letras.
A actividade da Love teve algum impacto internacional logo na altura ao ponto de algumas das melhores bandas Rock terem feito alguma carreira internacional como os Wigwam, a maior banda de Rock Progressivo da Finlândia, vinda das cinzas dos Blues Section, e que teve duas fases, a primeira entre 1969 e 1974, e a segunda entre 1974 e 1977. A fase deste álbum é a segunda, gravado em 1976, com letras em inglês e ao que parece, segunda as pesquisas na 'net, a banda era bastante mais Pop nesta fase. Algumas críticas que encontrei dizem que é um disco abaixo da média por ser demasiado "down" (?). Dizem que se não fosse pelo tema Eddie and the boys (que acho a pior faixa do disco) o disco seria demasiado melancólico. Enfim... acho que é um disco agradável de ouvir, datado como é óbvio mas talvez por ser mais obscuro é bem mais fixe de ouvir do que os Genesis, Dire Straits ou Supertramp. E para dizer a verdade parece bem melhor pelo pouco que infelizmente ouvi dos Genesis e afins... Para além de ter uma capa engraçada q.b.
Como se pode constatar, desde os anos 60 que daquele país se faz muita boa música, alguma "estranha"/experimental/free que irá continuar em editoras carismáticas como a Bad Vugum (actualmente BV2), Fonal ou Lal Lal Lal - para breve algo sobre esta última. E claro, claro que também há o reverso da medalha que é a música comercial - que por estar à escala global atinge uma estupidez ainda maior como alguns descendentes directos: Hanoy Rocks, 69 Eyes, HIM, Nightwish e vómitos afins. Não sei se é preciso de ouvir todos os discos da Love para perceber a música popular finalndesa mas pelos vistos só já me faltam uns 383 álbuns...
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