quarta-feira, 3 de dezembro de 2008
30 000 macacos me mordam!
Lightning Bolt: Wonderful Rainbow (Load; 2003)
Mindflayer: It's always 1999 (Load; 2004)
É assim que se faz uma "cena": um armazém (um espaço!), um montão de gente que é permanente ou está em trânsito, e vontade de criar sem medos... Assim foi nos meados dos anos 90 até 2000 e qualquer coisa com o Fort Thunder de onde saíram vários artistas e músicos (des)alinhados pelo "brutismo" e o "ruído" do mundo Pop que vivemos.
Dos artistas mais conhecidos é sem dúvida Brian Chippendale - publicado em Portugal no zine Mesinha de Cabeceira - que não só é alucinante com os paus-lápis a fazer bd's lixadas como é com os paus-baquetas da bateria dos Lightning Bolt - e outros projectos. Pegar num álbum dos Lightning Bolt é poder ter acesso aos dois mundos: a capa e desenhos de interior do CD e claro com a rodela no leitor, a música feita de baixo e bateria - e de vez em quando uma voz qualquer de gnomo bêbado - que assaltam os ouvidos como um cabo de alta tensão que só os mais fortes conseguem resistir. Ainda podemos falar de Rock e acrescentar o Noise e o Improv assim como se Slayer fosse tocado por dois putos de 9 anos... É bom, é...
Mindflayer parece uma banda sonora para um jogo de computador ou aqueles de "Dragões e Matrafonas" (Masmorras digo!) não fosse a banda constituída pelo Chippendale (bateria) e Matt Brinkman (electrónica). Brinkman também desenha e faz bd "bruta" sendo conhecido - relativamente, por isso não perguntem a um "bedófilo" - o livro Teratoid Heights (Highwater; 2000) onde também poderemos descobrir a filosofia da sua música. A razão porque It's always 1999 parece um jogo de computador tem haver com a forma sincopada e a sensação de marcha ou de caminho que a música transmite - tal como na BD Teratoid assistimos a um percurso de um monstro - e talvez por isso que os títulos das músicas lembram também batalhas improváveis entre baleias ou criaturas fantásticas. Brinkman deve ser um "nerd" daqueles que passou a secundária toda a jogar Warhammer ou o Magic mas não foi "nerd" o suficiente para começar a tocar Power-Metal ou a desenhar bárbaros com machados. Invés disso temos Rock Noise de sabor de Providence / Fort Thunder, longe do discurso Rockeiro de Albini ou Sonic Youth (e essa geração anterior). Com o uso de electrónica de Brinkman mais facilmente parece que estamos numa festa Techno Hardcore do que um concerto Rock, apesar de não estarmos nem numa coisa nem noutra. É «nem carne nem peixe», claro! É carne radioactiva de Troll cheia de calorias lo-fi e sabor a aço!!!
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