sexta-feira, 23 de março de 2012
São uns animais... unzANIMAIS!!!!
Puppetmastaz : The Break Up (Discograph; 2009)
Techno Animal versus Reality (City Slang; 1998)
Com o avançar da idade a ideia de fazer uma discografia completa de uma banda passa a ser percebido como uma idioteira total porque são poucas as bandas ou músicos que merecem a nossa atenção e dedicação. Os Puppetmastaz são das poucas excepções à regra. Reparei que daqui uns dias vão lançar o seu quinto álbum de originais, e aproveitei para comprar o último, datado de 2009. Lá comprei mais barato por já terem passados 3 anos e assim juntei à colecção dos CDs desta banda de "marretas do Hip Hop", que agora se encontra completa porque até tenho o álbum ao vivo Clones - Live in Berlin (Louisville; 2007).
Cada disco deste bonecos toscos vale a pena: pela frescura da estreia de Creature Funk (New Noise; 2003), pelo "groove" esgroviado do segundo álbum Creature Shock Radio (Louisville; 2005) e pelo poder sólido e conceptual do The Takeover (Discograph; 2008) ... Este The Break Up é também conceptual, os "fantoches do guetho" imitam as bandas humanas tão bem que se zangam e cada elemento começa a sua carreira a solo! Assim cada faixa do disco, menos a primeira, é feita por cada elemento da banda fazendo juz ao cliché "o conjunto não é igual à soma das partes". Tendo de base o Hip Hop misturam-se vários outros estilos urbanos como o Dubstep, Electro / Techno, Ragga, Dancehall e até um Drum'n'Bass final. Os gajos que estão por detrás dos bonecos sempre souberam o que fazem, e lá porque fizeram um disco menos coeso, não é à primeira que se percebe que as faixas são malhas de alta qualidade dançável ou que o humor continua a ser inteligente e súbtil... À primeira audição parece um bocado mais do mesmo, sem as qualidades dos outros discos. É preciso dar tempo para percebermos que o que não faltam aqui são "singles" potenciais para qualquer pista de dança. Que há aqui grandes malhas que nenhum humano consegue fazer tão bem como estes patetas alegres.
Diz o figurino, que o próximo álbum será o "comeback", né? Os regressos das bandas são sempre desastrosos! Mas eu tenho fé nos Puppetmastaz!
Quanto aos Techno Animal só lamento nos anos 90 terem-me passado ao lado porque este humanos monstruosos são apenas dois dos artistas mais admiráveis Justin Broadrick (Napalm Death, Godflesh, Jesu) e Kevin Martin (Curse of the Golden Vampire, The Bug). Vêm da vaga Illbient que se criou nos anos 90, em que o Dub, ritmos Hip Hop e Industrial (ou pós-industrial ou power electronics) se funde para criar ambientes negros, de pesadelo, da má "trip". Aqui ninguém fica alegre! Este disco, curiosamente, foi feito em parceria de intercâmbio de ficheiros. Alguns artistas enviaram sons criados por eles para os Techno Animal, eles trabalharam sobre eles e fizeram algumas faixas (que aparecem no disco) e depois devolveram aos autores originais que ainda misturam o material. Assim intercalado aparecem faixas de Techno Animal com as novas (re)misturas de Porter Ricks, Ui, Spectre, Tortoise e Alec Empire (Atari Teenage Riot). O resultado não é assim tão impressionante, se ninguém disse-se o quer que fosse, não conseguiria descobrir qual o tema original e qual o tema misturado. Talvez só no último tema, Atomic Buddha, se sinta os excessos Drum'n'Bass / Digital Hardcore do Empire, projectando o que viria a ser Curse of The Golden Vampire.
Com tantas bandas de humanos inúteis que voltam, só voltam fantoches maravilhosos e menos os Techno Animal (e os Curse!)... Injustiça Cósmica! Deus odeia-nos!
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