sexta-feira, 27 de julho de 2012

O meu coração é vermelho



L' Enfance Rouge : Trapani – Halq al Waady (Wallace; 2008)

Admito que preferi ignorar os discos desta banda nas minhas resenhas críticas - fiz apenas um "post" de promoção envolta da capa do Igor Hofbauer - porque não me sentia bem com o facto de não ter curtido tanto a banda em disco contra os factos de eles terem sido super-simpáticos num encontro no ano passado. O concerto na semana passada mostrou que eles não só são pessoas impecáveis como são um granada ao vivo! Gostam e tocam até que o mundo acabe - ou mais especificamante até a bófia aparecer. Numa das músicas do concerto topei uma ou outra deste álbum, em que o trio tocava por cima de uma gravação de música árabe. Voltei ao disco e afinal de contas, depois de passado um certo chauvinismo contras os franceses - descobri que é um disco poderoso.
Talvez uma das razões, para além de estar farto de Rock, é que os L'Enfance Rouge repetiam temas que estavam em Bar-Bari (mas numa versão puramente Rock) e não caia ouvír as mesmas canções de enfiada. Que a Justiça seja feita, por Alá! Acontece isto de vez enquando, não perceber um disco na altura da primeira audição e vir a ser dada importância mais tarde - mais vale tarde do que nunca, diz-se!
O power-trio franco-italiano está de um lado com o seu Rock arranca-e-para, meio-sónico e meio-musculado na tradição de bandas norte-americanas como Shellac e Jesus Lizard, do outro lado uma série de músicos do Instituto Superior de Música da Tunísia com vozes, cordas e sopros das mil e uma noites. Não há choque ou se houve foi fora do registo áudio porque desenvolveram uma estratégia de harmonia que rejeita a world-music para velhotes e que prefere ser fiel ao Avant-Rock - tanto que é o nome de L'Enfance Rouge que credita o disco e não "L'Enfance Rouge & a Orquestra da Tunísia".
Para quem gosta de arabescos e de Rock inteligente, é aqui o porto de abrigo. Amanhã até poderão ouvir uma malha aqui.

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