quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013
Um bom cantautor é um bom cantautor
v/a : The Greatest Songs of Woody Guthrie (Vanguard / Edisom; 1972 / 1984)
Momus : Circus Maximus (Él / Cherry; 1986)
Há quem diga que os cantautores são uma grande esfrega, o que é bem verdade. É verdade para isto como para qualquer outra coisa criativa não tenha nada para dizer. Eis dois casos de malta que safam o cantautorismo. Woody Guthrie (1912-1967) é a figura máxima do Folk norte-americano, activista de esquerda que tanto recuperava canceoneiro popular como escreve canções para crianças - para subverte-las ao perigo vermelho como é óbvio... Uma espécie de Zeca Afonso do outro lado do Atlântico, influenciou malta tão diferente como o Bob Dylan ou o Joe Strummer, e não há punk consciente que não use a sua máxima "this machine kills fascists". Com algum receio comprei um álbum dele, que aind apor cima é o disco menos Guthrie possível porque trata-se de um álbum de homenagem com poucas intervenções do senhor. Bem melhor do que julgava, e se as versões geralmente são inferiores ao original, então tenho de encontrar um disco só dele. Curiosamente esta edição portuguesa é uma trafulhice se não tivesse tão ilustre capa, o álbum deveria ser duplo (a edição portuguesa não inclue "volume 1" na capa como esta imagem que encontrei na 'net) e claro está, a versão portuguesa só inclue um disco! É aquela mitrice 'tuga...
O Circo é o primeiro disco do britânico Momus, em que compõe e canta de guitarra, ou seja antes das máquinas entrarem em acção lá irá acontecer mais lá prá frente da sua carreira. Tudo é claro e transparente podendo ouvir-se o gozo à Bíblia e às ambiguidades homo-eróticas e sodomitas do cristianismo. Um mimo com muito estilo - sonoro e lírico - que mostra que seja em 1986 ou em 2012 ainda há 2000 anos de uma horrível cultura para desmontar e ridicularizar... De meter ao lado do Celso e do Saramago (O Evangelho Segundo Jesus Cristo) embora seja um LP que não harmonize bem com os formatos dos livros.
Entretanto na Feira da Ladra descobri o Donovan - só conhecia o Sunshine Superman - e peguei no single Riki Tiki Tavi (Epic / CBS; 1970) pela capa a feder a psicadelismo gráfico finlandês - já mesmo o título soa a suomi! Dois temas folk psicadélico que metem a produção contemporânea de rastos - ou pelo menos a fraca produção portuguesa. Se existe uma beleza puramente estética por mais freak e fatela que possa soar. Impressionante, depois disto fui meter-me sem medos noutro single: I like you de 1973 que também não é mau... Caramba, agora percebo porque os meus favoritos Butthole Sufers fizeram uma versão do Hurdy Gurdy Man! Um cromo disse-me que Donovan é bom até 1973 e que depois é para esquecer - realmente vendo youtubes recentes do homem, ele perdeu a chama e interesse, é caso para investigar...
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