sábado, 23 de novembro de 2013

Podiam ser mais se fossem menos...



Godflesh : Slavestate (Earache; 2009)
They Might Be Giants : Mink Car (Restless + Play It Again Sam; 2001)
v/a : Judgment Night o.s.t. (Sony; 1993)

Acho que sou tão tótó como a banda They Might Be Giants, aliás, só os tótós é que gostam desta banda de tótós assumidos. Tinha escrito aqui que nunca mais iria pegar na discografia dos TMBG depois de 1992, quando passam a ter uma banda verdadeira completa para além dos dois fundadores, John Flansburgh e John Linnell que tocavam vários instrumentos e eram acompanhados por leitores de k7s e uma "drum-machine" - aliás, as boas bandas são as que não tem bateristas como Big Black ou Godflesh, certo?
Ops I did it again! Mink Car sofre por tudo e por nada, começa com uma música techno que se queixa do barulho nas discotecas, tem um tema acelerado-punk-indie que foi aproveitado para a divertida série de TV Malcolm in the middle, uma baladinha hiper-amorosa que só o título diz tudo o quanto é genial (Another first kiss), etc, etc, etc,... temas sempre porreiros e orelhudos mas cuja a soma das partes não faz um bom disco sabe-se lá porquê. Mas pior é saber que a versão europeia / inglesa deste disco tem menos temas que a original (um disco de TMBG com menos de 18 temas não é um disco de TMBG!) e o alinhamento dos temas foi alterado (!). Porra, estamos em 2001 e é um CD! Porque fizeram isto? Que idiotas que são os bifes!!!  Não sei se explica o álbum ser pouco carismático porque os problemas pós-1992 continuam lá mas aposto que não ajuda em nada! Ainda assim, é a única banda Pop que sou capaz de ouvir...
E por falar nos Godflesh, este EP junta mais uns remixes e um single (Slateman) tudo do ano da Graça do Senhor de 1991. Em 2009 continua a ser reeditado porque foi quando todos se lembraram que os Godflesh foram das bandas mais importantes de sempre. Em 1991 a Earache devia-se estar bem a cagar para eles porque afinal que banda é esta que mete três guitarristas, samplagem e "drum-machine" a fazer um som pesado metálico, no limite do Industrial e neste caso, é quando os Godflesh se começam a virar para a música electrónica e o Dub. Para o metaleiro da altura deve ter sido um choque começar a abanar o rabo a ouvir ritmos de Techno... Um clássico este disco! Com ou sem extras!
Outro clássico e que devia ser dado em qualquer aula sobre música urbana porque é um dos melhores discos de sempre é o Judgment Night, mesmo sendo uma banda sonora para um filme merdoso - é o que se diz do filme, nunca o vi nem tenho curiosidade para não estragar o prazer que tenho sobre este disco. Se o encontro da América racialmente dividida gerou o Rock nos anos 50, nos anos 90 teremos o Nu Metal que rapidamente, tal como no Rock, se despachou dos negros. A história antes dos porras Korn ou Limp Bizkit é mais interessante, e surge em três momentos altos da música Pop. O primeiro foi uma conspiração de Rick Rubin em meter juntos os Run D.M.C. (grupo de Rap em ascenção) e os já então caquéticos (musicalmente) Aerosmiths a tocarem Walk This Way em 1986. Mais tarde outro grande momento: Bring the noise com os Public Enemy e Anthrax, se em 1986 o tema original é dos braquelas, a versão original desta vez é dos Public Enemy. Por fim, em 1993 a fórmula "rock + hip hop" é abusada em 11 temas para fazer este álbum que junta Helmet com House of Pain (não vale porque os House são branquelas!), Teenage Fan Club com De La Soul, Living Colour com Run-D.M.C. (ei! também não vale ambos são negros!), Biohazard com Onyx, Slayer com Ice-T (que de Rap nada fazem, porque Slayer é Slayer e ainda fazem uma rapsódia de temas dos punks The Exploited), Faith No More com Boo-Yaa T.R.I.B.E. (o melhor tema do álbum tal é o ritmo e a demência vocal de Patton com os descendentes-baleias do Samoco, digo, da Samoa), Sonic Youth com Cypress Hill (o tema de amor à Marijuana mais narcótico de sempre), Mudhoney com Sir Mix-A-Lot, Dinosaur Jr. com Del The Funky Homosapien, Therapy? com Fatal (não deviam ter colocado os irlandeses com os House of Pain já a gora?) e ainda Pearl Jam (oh não!) com os repetidos Cypress Hill (não havia mais niggas!?). Se no inicio a ideia era juntar o som mais branco pesado, ou seja Hard Rock e Metal, é interessante ver que nesta antologia o encontro passa por bandas Indie e sónicas como Sonic Youth or Dinosaur Jr. que trazem alguma "coolness" que nos outros encontros não era possível dado às metralhadas de rimas e riffs de guitarradas. Em Portugal os borregos dos Blind Zero e Mind da Gap foram logo atrás da fórmula a ver se sacavam guito disto mas sem sucesso. É que é preciso ter personalidade para que um projecto destes funcione, ora quando se é cópia de outras coisas não se pode chegar a lado algum... tal como se pode verificar 20 anos depois.

Ah! Os discos foram adquiridos na Glam-O-Rama no Imaviz Underground, novo espaço "alternativo" em Lisboa.

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