segunda-feira, 21 de julho de 2014

Recordando Estrompa (1/3)


Morreu o Estrompa, autor de BD e editor de fanzines. Foi um das primeiras pessoas que conheci na BD portuguesa nos inícios dos anos 90 quando a malta reunia-se em encontros semanais (não havia "fachobook" e essas coisas), às Quintas-Feiras, num café no Parque Mayer - e mais tarde para outros sítios como a Casa do Alentejo. Estrompa era o organizador desta tertúlia (conhecida pela Tertúlia Shock) onde apareciam os membros mais novos da cena da BD lisboeta, todos principiantes e aspirantes a autores como o Ricardo Blanco, Pedro Brito, João Fazenda, Xanxa Cabrita, Pepedelrey, Arlindo Horta, Rui Gamito, Jorge Coelho, Tózé Lopes, José Lopes entre outros,...
Na altura o Estrompa editava o fanzine Shock em que cada número era dedicado a homenagear personagens da BD. Fiz este desenho que era para o número dedicado ao "Torpedo 1936", que é uma merda, bem sei, mas também o que não faltava no Shock era coisas tão merdosas como esta mas o Estrompa rejeitou-me o trabalho - nunca cheguei a perceber se foi pelo facto de ser mau ou se foi por ter incluído a sua figura e a sua criação-pastiche "Tornado" porque o Estrompa não queria protagonismos, já sabia que a malta da BD são todos "bitches" - se eu editasse um fanzine só meu, começassem a dizer que me tinha subido o sucesso à cabeça... e depois de trabalhar em grupo porque dá-me muitos amigos, isso satisfaz-me muito disse numa entrevista ao Mesinha de Cabeceira em 1994. Talvez por isso que demorou a assumir o Shock como o seu fanzine (situação mais do que legítima) em que os últimos números quase só se publicava BDs das aventuras de Tornardo. Pelo meio chegou a editar o Café no Park, fanzine que Estrompa sensivelmente criou para dar espaço à malta jovem que parava lá na Tertúlia.
Seja como for, esta e outras rejeições levou-me a mim e ao Pedro Brito a começar o nosso próprio fanzine, o Mesinha de Cabeceira. Não me lembro se fiquei chateado com o Estrompa na altura, é bem provável que sim, afinal como pode ele ter tido rejeitado esta bela obra de arte!? Mas se fiquei chateado foi por pouco tempo porque o Estrompa era um pessoa que transmitia alegria a poros, aliás, transbordava de boas ondas ao ponto que até saltava e rebolava-se na mesa do snooker - jogava bem esse jogo, já agora! Como poderia eu ficar chateado com um gajo assim?

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