Passo a vida a repetir isto porque a malta não aprende: as bandas do Canadá são "erradas"! Parecem que querem soar às dos EUA porque partilham o mesmo continente mas não conseguem. Há sempre algo de errado (ou deveria dizer "europeu"?) que mete-se lá para o meio e muda o som de forma estranha! Pensem nos Malhavoc, Voivoid, Bran Van 3000, Fuck The Facts, D.O.A., Front Line Assembly, NoMeansNo e claro nos divinos Skinny Puppy!
Banda Electro-Industrial criada nos anos 80, interrompeu actividade discográfica entre 1996 e 2004. Há uma contante no trabalho deles e que se topa por exemplo em Mind: The Perpetual Intercourse (Nettwerk; 1986) que é o (ab)uso de sintetizadores que invés de fazerem coisas bonitas e Pop, criam antes ambientes claustrofóbicos, labirínticos, distorcidos e libidinosos. As letras são sobre a grande merda que é a Humanidade, a defesa dos animais e um despertar ecológico - depois de vomitar umas 15 imperiais da noite anterior! O som de tão "errado" que é (numa perspectiva Pop/Rock) faz-nos antes em pensar em contacto sexual com peles humanas e gordura animal. Foram assim durante muito tempo, o que se traduz em muitos discos em que os mais fora do baralho são Last Rights (Nettwerk; 1992), o meu favorito e que já apanhei um fã a dizer que é um disco que não faz sentido (!) e The Process (American; 1996), disco limpo e pronto prá MTV da altura para competir com Ministry ou N.I.N., ou seja, um álbum tão "norte-americano" como o nome da editora. É também neste disco que as desgraças abatem-se na banda - a morte do teclista Dwayne Goettel por tomar cavalo a mais, as pressões da editora, etc... - e "acabam".
A banda volta mais tarde aos discos com este The Greater Wrong of the Right (Synthetic Symphony; 2004) e têm editado regularmente ao longo deste milénio. A dura tarefa nem era sequer trair o passado mas sobretudo ser mais do que uma peça de museu que voltou à vida com mil imitadores nojentos (da cena EBM) à volta. Felizmente os músicos fizeram projectos bem bons ao longo da hibernação do cachorrito - como o magnífico OhGr - e trouxeram as suas influências para a banda.
Daí que este álbum de regresso não é um clone de algo passado mas uma obra contemporânea que mantêm o "erro" a funcionar ao mesmo tempo que pisca o olho para novas linguagens urbanas - não é por acaso que o video do tema Pro-Test são góticos num desafio de Breakdance na "streeta" ou que no disco participe o jovem monstro Otto Von Schirach ou ainda que o "artwork" deste disco seja feito pelo francês Fredox, o artista mais escatológico do colectivo Le Dernier Cri... Os Beats são modernos para uma nova pista de dança que provavelmente terá de procurar novos boémios com coragem para experimentá-la.
Este disco de alguma forma parece aquelas histórias dos cães que se perdem do dono, fazem uma viagem de 100 quilómetros mas acabam por encontrar a casa passado duas semanas e tal. Good dog!
quinta-feira, 31 de julho de 2014
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