quarta-feira, 25 de março de 2015

Black Taiga / Melanie is Demented



Está pronta a nossa primeira edição fonográfica!!! É uma split-tape com Melanie Is Demented (da Suécia) e Black Taiga (Congo / Portugal / Irlanda)!!! Sim, é uma cassete - ou k7 para os amigos - que é o formato áudio favorito pela MMMNNNRRRG e que assim usa esta edição para começar a celebração dos 15 anos desta editora "só para gente bruta"!



No primeiro projecto, é um "best of" de temas (entre 2008 e 2014) seleccionado por unDJ MMMNNNRRRG, com uma capa desenhada pelo André Lemos + Silvestre. Inclui os seguintes temas:
1. Allting rimmar på dör
2. Sverige är äntligen rasistiskt (ambos de Melanie är demented)
3. God Loves us all (de How to succed in the musicbusiness without really dyuing)
4. The party is over get out (de How to succeed in the waste management business without really dying)
5. Meat (and that's where babies come from) (de How to die institutionalized without any chance of surviving)
6. Congratulations Bob! (de Fuck you and thanks for nothing)
7. Language (de Blind)
8. Ode to simulacra (de MXLXNXXXSDXMXNXTD)

No segundo projecto são só temas inéditos, ou seja, é um novo EP intitulado Festa Privada na Selva:
1. S. Tomé e Príncipe (das Trevas)
2. Marduka
3. Fomos minadas
4. Berço de Sujidade

A capa foi encontrada em Badajoz e a autoria é de Cisco Bellabestia (o ilustrador do regime na Aristas Martinez). A edição é limitada a 66 cópias, cuja a impressão é em risografia pela Duo DesignMundo Fantasma e embalado pela Joana Pires.

À venda na loja em linha da Chili Com Carne.

ATENÇÃO: em Maio Melanie is Demented irá fazer uma mini-tournê por Portugal e Espanha para promover esta k7 e comemorar em (milhões!) de Festas os nossos 15 anos! Vai ser pesado!

sexta-feira, 20 de março de 2015

Luís Jerónimo e Tiago Carvalho : "Escritos de Fernando Magalhães : Volume 1 - 1988/1991" (Lulu; 2014?)

Fernando Magalhães (1955-2005) era um crítico de música que passou pelo Blitz e Público mas mais do que isso deixou (boas) memórias a muito melómanos. Qualquer morte é trágica, no seu caso com apenas 50 anos percebe-se que a injustiça - a Morte é a entidade mais democrática de sempre mas também a mais injusta porque só leva os bons mais cedo que os sacanas! Esta injustiça trás a vontade de todos os que realmente sofrem com a Morte (nós, os vivos) tenham vontade de combater o esquecimento de quem partiu. Mas não deixar que se perda a memória não quer dizer que se faça desta forma, num dos piores "livros" algumas vez feito no mundo! O objecto é um caderno A4 que até poderia lembrar as boas e velhas antologias Re/Search caso não fosse tudo do pior! Aliás, qual livro? Isto parece um trabalhinho da Secundária: com sumário, sem ficha técnica, espaçamentos horríveis, capas de discos com o pixel a rir-se de nós, tamanho de letra exagerada, etc, etc... uma lista de horrores editoriais e gráficos que até parece que quem fez isto nunca viu um livro na vida.
Que Magalhães fosse um melómano dos bons, acredito, pelas referências que aparecem nas suas críticas a discos - da Diamanda Galas ao John Zorn, de Magma a Negativland - pois acompanhava o que realmente interessava no momento em que viveu. Mas é preciso fazer livros que juntem todas as resenhas críticas que ele escreveu? Mesmo os discos de merda como os dos Talk Talk ou Garth Brooks - aqueles que era obrigado a escrever na redacção do jornal para pagar a renda e a comida? Aqueles discos que humilham qualquer um porque têm mesmo de se escrever porque senão o Editor do jornal despede-te? Mesmo que o crítico bata neles com alguma violência ou mordacidade são discos que não passam o teste do tempo e são inúteis - até para relembrar quem não gostava deles!
Uma selecção de textos não seria mais honesto? Não teria preferido isso o crítico ausente? Ou separar as águas, um livro dedicado à música que realmente Magalhães admirava e que gostava que chegasse a mais público e um outro livro do tipo humorístico? um do tipo "A Merda Pop dos Anos 80/90" para pisar a mediocridade com o seu humor crítico? Ou será que é mesmo possível conciliar os dois extremos num livro? Até pode ser que sim mas neste desastre editorial  de "boas intenções está o Inferno cheio" temos um livro (que pode ser impresso a pedido pela plataforma em linha lulu.com, creio eu) que é completamente amador e triste... E com tanto designer por aí a precisar de trabalho!
Assim mancha mais a memória do falecido... Convenhamos, alguns textos dele eram para encher-chouriços que nem passados 27 anos fazem sentido relembrar. Tudo isto lembra a expressão "deve estar a dar voltas no caixão" mas por questão de respeito, não vou escrever essa expressão... ops! Acabei por o fazer! Pois... E basicamente é esta a sensação que se tem do "livro"!

quinta-feira, 19 de março de 2015

Paulo Lemos : "Vida Suburbana" (Burra de Milho; 2014)



A melhor cena do livro é quando acaba e é citado o nosso querido Rui Eduardo Paes (in Diário de Lisboa, edição de final de ano de 1984!): Vem aí o século XXI e o terceiro milénio, e lembrem-se: se há punks é porque a rapaziada não é feliz. Parece-me uma frase assertiva para explicar porque a cultura Punk apesar da sua auto-destruição logo à nascença insiste em existir, ora na sua faceta conservadora ora nas suas "n" mutações evolutivas. Passados 40 anos em que a fórmula original está bem morta, esta cultura na sua forma "cristalizada" já não incomoda os conservadores, por isso aparecem os cânones e as oficializações para desinfectar e neutralizar o que o Punk foi, a começar pelos estudos académicos tal como o projecto KISMIF ou este livro de Paulo Lemos que é a sua tese de Mestrado.
Da Academia nada se espera de bom, com os seus processos lentos e de auto-referência e este é mais um exemplo disso. Um livro vindo desse meio consegue sempre a proeza de não aquecer nem arrefecer. E talvez porque o autor tem uma banda Hardcore chamada Resposta Simples felizmente até conseguiu fazer um livro... simples!
A favor é que não entrou no esquema da lista completista para cromos baterem punhetas com as suas colecções discográficas e memorabilia mercantilista, nem mata ninguém de tédio. Porquê? Porque o seu academismo é... simples!
Com uma ponta de pretensiosismo saudável queria ser o primeiro livro sobre o Punk português, tudo bem formalmente conseguiu fazer isso mas como não conta nada de novo, ou de interessante ou de picaresco (em relação a outros escritos espalhados em livros, revistas e jornais) é apenas uma vitória "formal".
Este livro é bom resumo ou um "1-0-1" sobre o que é o Punk, o Punk português e a banda Mata-Ratos. Até o título está deslocado do conteúdo: Vida Suburbana? Aonde? Não há biografias nem estudos sobre essa "vida suburbana" e como isso afecta a cultura Punk - ao contrário deste zine que parece contar na realidade tudo o que se precisa mesmo saber do Punk em Portugal nos anos 90. Parece que foi uma forma (simples) do autor não meter um título "à la" Universidade como Punk Português para Principiantes, seguido de Estudo do Agrupamento Mata-Ratos, que seria um título mais honesto dada à sua completa falta de risco intelectual. Não deixa de ser uma reportagem bem feita que poderia estar publicada num semanário mas até no jornalismo seco dos dias de hoje seria preciso despertar a curiosidade ao leitor ou analisar o "fenómeno" de uma forma inédita e/ou cativante. No fundo este trabalho vai a favor da maré das milhares de teses da treta que se produzem todos os anos na Universidade, até em Coimbra, essa "Cidade do Conhecimento" (pfff!) onde foi redigida a tese.
E invés dela ter ficado no Arquivo Morto da Universidade ao menos foi publicada para qualquer um a poder ler, sem envergonhar ninguém porque é coerente no seu restrito espaço de investigação e não se espalha como os outros livros de Pop/Rock feitos por coleccionadores e crominhos.
O Design é... é... é simples! O tamanho da letra é demasiado minúscula para que os Punks velhos não possam ler o livro e resmungar - é uma forma de os desarmar? O preço é "true" Punk: 7,57€ (mas não é simples!); o que é de salutar dada ao exagero dos preços do mercado livreiro. Tal como o livro do Dico foi uma "oportunidade perdida" este também sofre disso. Mais sobre estes temas (o Underground, o Metal, o Punk, o Industrial, o Noise, o Indie, bla bla bla) irão aparecer no futuro, até com melhores resultados, sendo que estes documentos (simples) irão servir de base... de copos.

quarta-feira, 18 de março de 2015

Loverboys há muitos, seu palerma!


Obrigado M. Morais pela descoberta!

terça-feira, 10 de março de 2015

Algaraviada do papagaio

No Monstre andava por lá à procura de um WC (não, não do livro mas realmente de uma casa-de-banho) quando a porta que me parecia com as instalações sanitárias era afinal uma discoteca (não, não uma "dancetaria" mas onde se vendem discos, sabem?). Um sítio que já é mítico pelos vistos, a Urgence Disk que era um sonho de sítio para quem gosta de Industrial e afins. Os tipos da loja foram impecáveis e ficaram logo com três cópias do vinilo dos Çuta Kebab & Party para espalhar por lá! Conversa puxa conversa e foi parar ao catálogo da Barraka El Farnatshi, editora suiça de "arabtronics".
Trouxe o terceiro disco dos Ahlam (sonho), Les Riam (1997) que significa "miúdas" e talvez por isso que eles tenham abandonado os temas sociais que caracterizavam os primeiros discos. Para mim, dá igual sem domínio da linguagem marroquina, restam as linguagens musicais alinhadas ao Techno / Hip Hop / Dub - com algumas passagens pelo Reggae - sem nenhuma inspiração especial. Soa bem mas falta sair do artifício. A capa diz tudo porque roça o mau gosto ácido-digital misturado com universos New Age, ainda assim o que falta mesmo é o ácido na música. A editora é de pesquisar por mais discos de outros projectos, sem dúvida!

Já tinha avisado aqui do meu interesse pelo Maurice Louca, um egípcio que faz manipulação electrónica sobre música árabe mas ao contrário de Çuta Kebab & Party e outros projectos electrónicos do tipo, Louca tem uma série de músicos a quem recebe peças originais para trabalhar. Salute the Parrot (Nawa; 2014) é um álbum simples que nem chega aos 40 minutos mas é viciante de se colocar em "loop" eterno a qualquer hora do dia. A lógica de "remix" está incrustado nos beats e na mesa de mistura que vão alterando, adicionando ou retirando elementos sonoros e que devido aos padrões melódicos e rítmicos da música árabe (o maqam), facilmente consegue-se efeitos psicadélicos e de beleza narcotizante. Técnicas nada novas se pensarmos em My life in the bush of ghost de Eno e Byrne, passando ainda pelo poderoso tema industrial Hizbollah dos Ministry ou as centenas de músicas de Muslimgauze. Não sei se em relação ao último isso acontecia mas nos primeiros os músicos usaram cantares muçulmanos sem pensar (ou saber?) o que estavam a usar (?), talvez por isso que a edição de My life (...) tem temas retirados após a pressão de associações muçulmanas que acharam mal usar textos "divinos" do Corão para fazer música pueril - vulgo "Pop". Com Louca e o seu "papagaio" ou também os Ahlam (ou já agora os Checkpoint 303!) isso não deverá ser um problema porque usam também instrumentos e vocalizações originais, embora claro que não percebemos peva, talvez até haja "esquerda" nestas letras dado às "primaveras orientais" mas não sei! Só sei que com Corão ou com Esquerda Unida Jamais Será Vencida soa sempre bem todos estes arabescos!