Fernando Magalhães (1955-2005) era um crítico de música que passou pelo Blitz e Público mas mais do que isso deixou (boas) memórias a muito melómanos. Qualquer morte é trágica, no seu caso com apenas 50 anos percebe-se que a injustiça - a Morte é a entidade mais democrática de sempre mas também a mais injusta porque só leva os bons mais cedo que os sacanas! Esta injustiça trás a vontade de todos os que realmente sofrem com a Morte (nós, os vivos) tenham vontade de combater o esquecimento de quem partiu. Mas não deixar que se perda a memória não quer dizer que se faça desta forma, num dos piores "livros" algumas vez feito no mundo! O objecto é um caderno A4 que até poderia lembrar as boas e velhas antologias Re/Search caso não fosse tudo do pior! Aliás, qual livro? Isto parece um trabalhinho da Secundária: com sumário, sem ficha técnica, espaçamentos horríveis, capas de discos com o pixel a rir-se de nós, tamanho de letra exagerada, etc, etc... uma lista de horrores editoriais e gráficos que até parece que quem fez isto nunca viu um livro na vida.
Que Magalhães fosse um melómano dos bons, acredito, pelas referências que aparecem nas suas críticas a discos - da Diamanda Galas ao John Zorn, de Magma a Negativland - pois acompanhava o que realmente interessava no momento em que viveu. Mas é preciso fazer livros que juntem todas as resenhas críticas que ele escreveu? Mesmo os discos de merda como os dos Talk Talk ou Garth Brooks - aqueles que era obrigado a escrever na redacção do jornal para pagar a renda e a comida? Aqueles discos que humilham qualquer um porque têm mesmo de se escrever porque senão o Editor do jornal despede-te? Mesmo que o crítico bata neles com alguma violência ou mordacidade são discos que não passam o teste do tempo e são inúteis - até para relembrar quem não gostava deles!
Uma selecção de textos não seria mais honesto? Não teria preferido isso o crítico ausente? Ou separar as águas, um livro dedicado à música que realmente Magalhães admirava e que gostava que chegasse a mais público e um outro livro do tipo humorístico? um do tipo "A Merda Pop dos Anos 80/90" para pisar a mediocridade com o seu humor crítico? Ou será que é mesmo possível conciliar os dois extremos num livro? Até pode ser que sim mas neste desastre editorial de "boas intenções está o Inferno cheio" temos um livro (que pode ser impresso a pedido pela plataforma em linha lulu.com, creio eu) que é completamente amador e triste... E com tanto designer por aí a precisar de trabalho!
Assim mancha mais a memória do falecido... Convenhamos, alguns textos dele eram para encher-chouriços que nem passados 27 anos fazem sentido relembrar. Tudo isto lembra a expressão "deve estar a dar voltas no caixão" mas por questão de respeito, não vou escrever essa expressão... ops! Acabei por o fazer! Pois... E basicamente é esta a sensação que se tem do "livro"!
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4 comentários:
discos de merda dos Talk Talk? 'tás a tripar ou quê? os Talk Talk têm discos geniais - o Laughing Stock é uma obra-prima absoluta na linha do Rock Bottom do Robert Wyatt e o Spirit of Eden não fica atrás. Atina!
o Magalhães não concordava mas devia conhecer só a fase pop dos gajos tal como eu... realmente estou a ouvir o Laughing Stock e soa a post-rock, que foi a pior coisa que se criou nos anos 90. Atina!
apesar desse statement farrajotiano, parece-me que uma banda que abdica de uma carreira de grande sucesso comercial - qualquer pessoa conhece 1 ou 2 hit-singles deles -, para enveredar por uma via experimental, ambiental, em direcção ao silêncio, merece, não digo admiração, mas pelo menos algum respeito... e não figurar num post ao mesmo nível do cowboy Garth Brooks...
é verdade é verdade! não sabia que eles chegaram a ser artistas e não mais uns vendidos dos anos 80 mas ainda assim repara que o Magalhães fala deles nessa fase xunga, e depois... KILL YOUR IDOLS!
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