domingo, 5 de abril de 2015

Sepul culture


Os mortos não descansam no mundo do "anarquivismo" da web.2. Se é fácil ressuscitar Elvis para mais um passo de dança-mash-up, lançar campanhas publicitárias de refrigerantes da nossa infância, descobrir toda a produção fonográfica High Life do Gana e mais algo que me escape ao meu cinismo cultural. Faltava a má-onda em ressuscitar a própria Morte, ou melhor os seus registos excluindo o circo colorido do Pop. O English Heretic soa a um cruzamento gótico de Negativland com Pink Floyd ou Death in June geneticamente transformado em Trip Hop, ou ainda This Mortal Coil a transmitir um "podcast" com o registo perturbado electro-magnético do Ian Curtis (RIP). É verdade, o disco The Underworld Service (2014) soa a isso tudo... e também a ingleses a molharem "scones" no chá, enquanto lêem uma biografia sobre o alquimista Fulcanelli [quem? não sabe / não (deve) responder] enquanto bomba na TV uma "soap-opera" merdosa da BBC. É de incluir ainda Monges do Vietname, Zombies, Hiroshima, Polanski, mausoléus, catacumbas, ossadas (a lembrar Infiltrate Assimilate Propagate Disseminate de Nomex) e toda uma reinterpretação de factos culturais mórbidos, ficcionais ou reais, num caldeirão sonoro e literário - pode-se comprar o disco com um livro mas este último objecto é tão hermético que não se consegue ler sem pensar que estamos a perder tempo... para a Morte. A música no entanto é bastante agradável... tanto como morrer afogado pelo que se diz.

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