O livro em português que me faltava deste escritor finlandês! Sempre naquela promoção de 5 paus na Feira do Livro de Lisboa. Parece-me que este é o livro que acusam Paasilinna de porco sexista porque mete um capitalista (um empresário é um capitalista?) a foder dez mulheres em 24 horas (!). Um proeza digna dos 12 trabalhos de Hércules e sendo um trabalho de 2001 de certeza que há aqui uma sátira ao Viagra - criado ou autorizado anos antes, em 1998. Nem é bem "foder foder", algumas mulheres que o inDUSTrial visita não acontece cópulas substituindo por alguma candura e amor. Elas ao saberem das demasiadas visitas do maroto SEXagenário vingam-se na sua segunda ronda de visitas que realiza nas festas de final de ano.
Numa era P.C. é um livro que pode ser realmente mal entendido mas é estranho que mesmo que o velho Rauno seja um porcalhão (é um coche, admito) é ainda mais estranho as pessoas achem que as personagens de um escritor tenham de ser necessáriamente os seus avatares tout-court. Não poderá um escritor pôr-se na pele do lobo, sendo ou não ovelha? Fingir-se ser um cabrãozinho? Ou será inveja do público conservador terem de admitir que os velhos gostam de pinar e que tem as mesmas fantasias de predação sexual do rapazito cheio de vigor?
Este livro não é impressionante como o esqueleto do César Monteiro na cena de cama d'As Bodas de Deus porque Arto faz o de sempre com boa disposição, ou seja, mostrar o estado da situação da sociedade finlandesa. O leitmotiv pouco importa aqui mas realmente falta-lhe a extravagância dos excursionistas suicidas ou do protector anarquista da lebre. Por mais Viagra que tenha tomado para escrever este livro, ele saiu frouxo...
domingo, 26 de março de 2017
Bruma
El deslumbrante debut de Baeza (...) Autobiografía de vanguardia para el siglo XXI.
The Watcher
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un estilo y una narrativa subversiva en la que la artista (...) utiliza el humor, juega con la ironía y desarrolla un discurso en el campo social y político que la propia autora ha decidido bautizar como activismo visual.
Cactus
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Amanda Baeza nasceu em Lisboa, em 1990, cresceu no Chile e regressou a Portugal com 10 anos. Talvez seja por ter crescido entre dois hemisférios que haja quem diga que os seus desenhos vêm de outro mundo.
No entanto sabemos que as bandas desenhadas seleccionadas neste volume baseiam-se em eventos e sentimentos reais. O seu grafismo tem tanto de assertivo como de mutante e é na fusão com as palavras que nos surgem estas originais narrativas e poesias visuais.
Baeza actualmente reside em Lisboa e desde 2012 que trabalha para várias publicações internacionais. Bruma compila quase duas dezenas de histórias, a maior parte delas inéditas em Portugal, uma delas com texto de Pedro Moura.
Já se encontra à venda na nossa loja em linha e na Linha de Sombra, Letra Livre, Artes & Letras, Blau (Fac. Arquitectura de Lx), MOB, A Ilha, Pó dos Livros, BdMania, Matéria Prima, Tasca Mastai, STET, Tigre de Papel, Bertrand, FNAC, Utopia, LAC (Lagos) e Mundo Fantasma.
10º volume da colecção Mercantologia
160p. 15x21cm a cores, edição brochada
edição apoiada pelo IPDJ
Sairam entre o final de 2016 e juntamente com esta edição, um livro em castelhano pela Fulgencio Pimentel - Nubes de Talco (128p., formato 17x24cm) - e em inglês pela letã kuš! - Brume (116p., formato A5). Na realidade isto foi uma parceria entre os três editores para reunir o trabalho desta estimada autora sendo a edição portuguesa a mais completa, a espanhola a mais bonita e a inglesa a mais universal.
:)
Dankas very muchas Cesar & David!
;.;
sobre o livro:
Apresentado oficialmente no dia 26 de Março 2017 na Feira Morta na Estrela (Lisboa) com uma exposição dos trabalhos da autora.
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Quando a maioria das obras de banda desenhada portuguesa editadas anualmente é distribuída por canais alternativos às livrarias e aos pontos de venda de periódicos (...) cabe ao leitor interessado fazer um esforço extra para acompanhar as obras dos autores que lhe interessam, sem garantias absolutas de sucesso nesta demanda. A sua exposição reduzida implica que sejam lidas e analisadas por poucos, correndo o risco da memória histórica nem sempre as considerar. Foi a pensar em tal, que a Chili Com Carne concebeu a sua série Mercantologia, dedicada à reedição de “material perdido”. O seu 10.º volume (...) não poderia simbolizar mais o propósito da coleção. Amanda Baeza é uma das mais interessantes e prolíficas autoras nacionais – com o devido respeito à sua origem chilena – cuja obra mui raramente chegou às livrarias e, nesses poucos casos, sempre em antologias de vários autores. A acrescentar ao nem sempre fácil acesso ao mundo dos zines e demais edição independente, Baeza tem sido publicada em diversas línguas e países, por vezes com material inédito em Portugal. Por tudo isto, uma antologia dedicada à obra de Baeza era imperativa há já algum tempo e finalmente os leitores interessados poderão conhecer um importante conjunto de bandas desenhadas representativo do seu trabalho. Bandas Desenhadas
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Foda-se, este livro é mesmo bom. Para além de ser um assombro, de ser bonito - coisa rara na Era Irónica -, para além de ser o melhor que a BD pode ser, para além de ser um livro em que se sente o que se está a ver como se fosse um deleite déjà-vu, é um livro que deve ser aberto quando precisamos de nos relembrar ocasionalmente de que somos humanos.
Obrigado, Amanda Baeza. Filipe Felizardo
Uma compilação de quase duas dezenas de histórias, grande parte inéditas em território nacional, muito "focadas em temas sociais", conta a jovem de 26 anos ao P3. E "muito íntimos" e biográficos. (...) uma brevíssima BD em que Amanda fala da sua experiência ao chegar a Portugal e do "estigma" que enfrentou desde criança como imigrante. "Embora as ruas tenham um ambiente multicultural, é por trás de quatro paredes que as pessoas expressam todos os seus medos e preconceitos", lê-se, num dos balões. O traço tem sempre algo de mutante e alienígena, quebrando as barreiras tradicionais da BD ("Tenho muito a influência do design e, como não estudei banda desenhada, quebro muito a estrutura") e, hoje em dia, dando especial importância à cor ("Não é apenas decorativo, é outra linguagem"). P3 / Público
Aquilo que é salientado, em primeiro lugar, é o campo magnífico visual em que Amanda Baeza trabalha. Há aqui um felicíssimo encontro entre uma figuração ultra-estilizada e uma liberdade dos espartilhos estruturais mais clássicos da banda desenhada que a lança a vários experimentos de organização do campo visual, da estruturação narrativa, da concatenação de linhas divergentes, modos de atenção, etc.(...) A re-descobrir de um modo sustentado ou como primeira apresentação, Bruma, esperemos, será um gesto de introdução de uma autora com uma voz particularmente original Pedro Moura in Ler BD
(...) Amanda consegue fazer um trabalho perfeitamente perturbador. Tiago Baptista in Cleópatra #10
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Sobre a edição espanhola: Las escenas no responden a una lógica, porque Baeza parte de una certeza que muchos otros autores autobiográficos soslayan: los hechos tal y como sucedieron se han perdido para siempre y son irrecuperables. ¿Qué queda, entonces? Las emociones, las imágenes deformadas tras años de anidar en nuestro cerebro, a veces algo inconexas. Baeza no reconstruye lo que pasó, sino la impronta que dejó en ella. Es una autobiografía emocional, por inventar algún palabro que alcance a explicar un poco su trabajo. The Watcher
Sobre a edição em inglês: They experience a broad range of nuanced emotions, but they also seem to be completely untethered to our world of muddled pop-cultural references and political worries, as well as a little more physically amorphous than earthly people. Rookie
sexta-feira, 24 de março de 2017
Jim DeRogatis : "Milk It!: Collected Musings on the Alternative Music Explosion of the '90s" (Da Capo Press, 2003)
Eis um livro que tem o não-sei-o-quê de vulgaridade e até o Steve Albini avisa num texto que o autor, o jornalista DeRogatis é capaz de divulgar farsolas como os Urge Overkill invés de coisas realmente novas ou que valem a pena. Folheando o livro topa-se à distância nomes consensuais do que foram os 90s: Nirvana, Courtney Love, Pearl Jam, Smashing Pumpkins, Mudhoney, R.E.M., U2, Jesus Lizard, Tori Amos, Ride, Jon Spencer's Blues Explosion, Flaming Lips, Ween,... enfim, isto mais ou menos e por esta ordem de importância. O retracto da década está mais ou menos correcto e o perfil dos seus intervenientes também, sem que o "fairplay" - que publica a diatribe com Albini - do autor seja mundano. DeRogatis é acima de tudo um jornalista e se ele muda de opinião, como crítico, uma vez ou outra sobre uma ou outra figura, percebe-se porquê. Porque as confrontou sem aquela atitude bovina do escritor Pop/Rock (como acontece com a nossa imprensa musical), porque foi incisivo nas grandes questões de ética e de negócio ou porque discutiu na cara a incapacidade de alguns músicos serem mesmo do Rock - e o que é isso de ser do Rock? Algures, a filha de Kurt Cobain e Love tem a resposta: "o rock dura mais tempo, pop não dura muito", certo...
Tal como os Bestiários do Camarada REP, Milk it! é uma colectânea de escritos, artigos, resenhas e entrevistas entre 1990 e 2001 apanhando uma década em que pareceu ser tudo possível (outra vez) como ter uma pose genuína de anti-heróis do Rock (todos os músicos antes do suicídio de Kurt), a batalha dos Pearl Jam versus a monopolista vendedora de bilhetes Ticketmaster (boicotem! não é só a MacDonalds ou a Padaria Portuguesa que merecem boicote!) ou ouvir na rádio comercial três ou quatro temas seguidos de bom Rock (caralho! já foi possível!!!). E claro, também são mostradas as falhas e os paradoxos como os dois Woodstocks exploratórios, as multinacionais a riparem o que podiam das bandas ou do público ou como uma banda que se diz revolucionária como os Rage Against the Machine sempre fez parte da máquina (editados pela Sony), a falta de ética do jornalista que escreveu a biografia (mais ficção que outra coisa) do Marilyn Manson, etc...
O livro é bom no espectro que pretende abordar, mesmo que o seu design seja medíocre e que não se leia nada de novo ou que já não se saiba, há pelo menos uma construção metódica para perceber quais as bandas que valia ou valem a pena ouvir e conhecer e quem é a maralha oportunista.
"Alternative Music" significa Rock e Pop porque Electrónica (um género que também deu uma grande explosão nessa década) significa neste livro apenas três nomes: Kraftwerk, The Orb e Aphex Twin. Albini tinhas razão... como sempre!
Tal como os Bestiários do Camarada REP, Milk it! é uma colectânea de escritos, artigos, resenhas e entrevistas entre 1990 e 2001 apanhando uma década em que pareceu ser tudo possível (outra vez) como ter uma pose genuína de anti-heróis do Rock (todos os músicos antes do suicídio de Kurt), a batalha dos Pearl Jam versus a monopolista vendedora de bilhetes Ticketmaster (boicotem! não é só a MacDonalds ou a Padaria Portuguesa que merecem boicote!) ou ouvir na rádio comercial três ou quatro temas seguidos de bom Rock (caralho! já foi possível!!!). E claro, também são mostradas as falhas e os paradoxos como os dois Woodstocks exploratórios, as multinacionais a riparem o que podiam das bandas ou do público ou como uma banda que se diz revolucionária como os Rage Against the Machine sempre fez parte da máquina (editados pela Sony), a falta de ética do jornalista que escreveu a biografia (mais ficção que outra coisa) do Marilyn Manson, etc...
O livro é bom no espectro que pretende abordar, mesmo que o seu design seja medíocre e que não se leia nada de novo ou que já não se saiba, há pelo menos uma construção metódica para perceber quais as bandas que valia ou valem a pena ouvir e conhecer e quem é a maralha oportunista.
"Alternative Music" significa Rock e Pop porque Electrónica (um género que também deu uma grande explosão nessa década) significa neste livro apenas três nomes: Kraftwerk, The Orb e Aphex Twin. Albini tinhas razão... como sempre!
segunda-feira, 6 de março de 2017
Fantasma Colonial
Depois do Jarno e da Tea, sou outra vez representado por um autor finlandês, desta vez pelo grande Marko Turunen que usa o meu nome e do Pedro Moura para contar através do seu avatar Fantasma Colonial - in Vies de Marko Turunen - as suas aventuras lisboetas em 2005 quando visitou o saudoso Salão Lisboa... Não é BD, é um texto com algumas ilustrações mas ainda assim devo ser o português mais representado na Finlândia, facto tão importante como a bibliografia do José Luís Peixoto...
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