
Numa era P.C. é um livro que pode ser realmente mal entendido mas é estranho que mesmo que o velho Rauno seja um porcalhão (é um coche, admito) é ainda mais estranho as pessoas achem que as personagens de um escritor tenham de ser necessáriamente os seus avatares tout-court. Não poderá um escritor pôr-se na pele do lobo, sendo ou não ovelha? Fingir-se ser um cabrãozinho? Ou será inveja do público conservador terem de admitir que os velhos gostam de pinar e que tem as mesmas fantasias de predação sexual do rapazito cheio de vigor?
Este livro não é impressionante como o esqueleto do César Monteiro na cena de cama d'As Bodas de Deus porque Arto faz o de sempre com boa disposição, ou seja, mostrar o estado da situação da sociedade finlandesa. O leitmotiv pouco importa aqui mas realmente falta-lhe a extravagância dos excursionistas suicidas ou do protector anarquista da lebre. Por mais Viagra que tenha tomado para escrever este livro, ele saiu frouxo...
Sem comentários:
Enviar um comentário