sábado, 30 de dezembro de 2023

Michael Tau: "Extreme Music Silence to Noise and Everything In Between" (Feral House; 2022)

Bem fixe este livro que sintetiza todos os extremos da música: os excessos de escatologia (o Gore / Grind / Death), a velocidade e intensidade (Gabber / Extratone), sons encontrados, embalagens fodidas (a lixa na capa do disco de shhh...), formatos anacrónicos ou "disfuncionais" (disquetes de computador), o silêncio (foi o Walt Thisney que fez uma compilação de faixas silenciosas há alguns anos?), composições curtas (You suffer, but why?!!!!) e ainda os "anti-discos" (objectos que não se podem ouvir, pura e simplesmente). Duas notas críticas apenas. A primeira é o autor (canadiano) fala muito em valores dos preços dos discos para justificar as suas escolhas, num mundo americano de money money money é assim que se justifica as peças de arte? A segunda nota é sobre o capítulo "Digital Age" que é o mais fraco do livro. Apresenta o Vaporwave como música gerada pela popularização da 'net mas sinceramente, sendo esse género nostálgico apenas merdoso Muzak o que interessa se é feito com sons da 'net ou com bifes a serem batidos numa mesa? Percebo o fenómeno dos ringtones ou a referência ao género Black Midi (claro!) mas achar os "outsiders" (Wesley Willis, por exemplo, referido há pouco tempo pelo Luís Barreto n'A Batalha) e "celebridades" caídas em desgraça de Reality Shows como um fenómeno musical extremo não me parece tão interessante como ideia... Sim, a internet passou a ser uma rede social apenas, cheia de pífios desejos de poder, onde Arte é agora conteúdo (pode ser uma imagem do século XVIII ou uma "selfie" a chafurdar num prato de comida) e cultura é fama (um realizador de cinema ou um gatinho parvinho) mas daí o factor social passar a ser uma "forma" de música (ou anti-música), já não me parece correcto.

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