quarta-feira, 27 de setembro de 2006

Asia dumping

Daqui uns anos, os caucasianos irão desaparecer da face da Terra e ficarão apenas africanos (com sorte) e asiáticos. Até lá teremos de suportar o fim do nosso estilo de vida e da nossa cultura. Os nossos bisnetos serão degolados em praça pública após suportarem humilhações várias... mas também é verdade que teremos direito algumas mestiçagens sonoras muita cool. A Ásia avança com a tecnologia em vários sectores, como o da música, como estas duas colectâneas bem o demonstram.

A primeira, Essential Asian Flavas - The Future Cutz (Outcaste; 2003), tem como conceito o alerta da recente revisitação da música indiana Bhangra por produtores modernos de música electrónica funcional. Em 2003 foi uma moda a música indiana (tradicional ou de Bollywood) aliada à electrónica e "urban music" (conceito imbecil de chamar à música de dança ou ligada à essência negra norte-americana: Soul, R'n'B, HipHop, Ragga, etc...) mas que teve pouca dura enquanto moda - como qualquer moda diga-se. Na verdade as mestiçagens "Pop-Etno-Techno" ainda estão todas para descobrir pelo mundo fora a julgar pelas recentes excitações da Favela Funk ou do Kuduru - como se costuma dizer, os pobres dançam melhor! Tirando a remistura do execrável Craig David, na totalidade existe um bom gosto no disco não esquecendo que este é um disco de "moda", ou seja, tem um travo a futilidade e superficialidade. Há na essência moldes Hip Hop e Drum'n'Bass a serem usados sem nunca ter resultados extravagantes, tal como o pioneiro desta escola chic-freak Nitin Sawhney nunca conseguiu ultrapassar a mediocridade - ou tal como o recente disco Riyaz que ficou pelo caminho. Nada de horripilante - tirando a faixa de Craig David - sendo o melhor do CD, a faixa Taakre de Tigerstyle com Bikram Singh: há um tipo a rapar sabe-se lá o quê em indiano, há ritmo HipHop aliado à percursão indiana, bem como se ouve tiros e explosões... gangsta-punjabi-style? Mee like! [3,4; Taakre fará sucesso na Troca de Discos! ]

Yellow Peril (Deas Blind Dumb School; 2003) são dois CD's. O plimeilo são cantos tladicionais mongóis e o segundo são as lemisturas Digital Haldcole (do plimeilo?). Qual deles é que assusta mais? O plimeilo talvez pelo hollol que é ouvil este étnico vocal plimitivo e dulo... o que calalho estalão eles pala ali a gemel? Selá sobre o Genghis Khan? Sobre o tellor que é assitil a uma sessão do Paltido Comunista? Talvez um musicólogo ou qualquel fleak da wolld music deve achal muita glaça a estes cinquenta e tlês minutos de oh-oh-ah-a-a-a-a-a-a, pala mim é agonia pula. Venha o segundo CD... que é outlo tellol mas mais ambientado ao século XXI: Bleackcole (Bokusatsu Shoujo koubou, Panda Twin, DopeCoala), Dub Industlial (mizobolg, 貞治一改, Tang Yi-Hu), Noise (豐, 烏爾善 張陽), Teknoise (Dead J, dolly a.k.a. method0013, B6), Japanoise (Koji Kanaya), electlónica extlema, poltanto... mistulada de plodutoles chineses, japoneses e ali da álea a pegalem na matélia-plima do plimeilo disco para melholal aquilo. Dance as fuck! [2,5+4=6,5 6,5/2=3,25; o 2º CD é pelfeito pala festas balulhentas!]

terça-feira, 26 de setembro de 2006

Finland non-stop

Com o risco de repetir o que o camarada Marte escreveu no ano passado no Entulho Informativo #15 sobre a música finlandesa eis mais uns apontamentos que contribuem para a sua divulgação neste nosso país virado de costas prá Europa.

Mais uma vez é referido desde início o famoso Tango finlandês, que em 2004 (numa primeira visita ao país) tinha-me passado ao lado. Na visita deste ano consegui comprar uma compilação bastante elucidativa deste transgénico musical, trata-se do primeiro volume de “Finnischer Tango / Tule Tanssimaan” (Trikont; 1998) lançado por uma editora alemã bastante interessante e merecedora de mais investigações para quem tiver curiosidades noutros quadrantes geo-musicais. É um CD digipack acompanhado por um livrinho bilingue (em alemão e inglês) que explica este fenómeno bem como a razão da selecção das 24 faixas da rodela. Selecção essa que engloba um período enorme entre 1915 e 1998, ou seja, entre a primeira gravação de tango finlandês e o ano de lançamento da antologia. Assim temos uma visão abrangente deste estilo musical que engloba o galã da cena que caiu em desgraça (ou o Frank Sinatra da Finlândia ou o Elvis do Tango finlandês… ou se gostarem também desta: a Amália do Tango finlandês) Olavi Virta (1915-1972), o enfant terrible que tantos escândalos artísticos produziu nos anos 60 M.A. Numminen que aqui canta um Tango em alemão (WAS!?) satirizando o parlamento e os jovens estudantes de 68 que para se mostrarem prás garinas fingiam saber ler Karl Marx na língua original (oh-oh-oh), ou ainda Brita Koivunen que misturava Tango com Pop (Twist/Yé-yé) em 1966, num período de decadência do género. Foi aliás, esta mistura de Pop/Rock (música urbana e sofisticada do sul da Finlândia - a capital, Helsínquia fica no sul...) com o Tango (música rural e tradicional, popular sobretudo no Norte) que revivesceu o Tango finlandês até chegar aos dias de hoje como a coisa mais natural naquele país nórdico, ao lado da Sauna & do Ski. Há dezenas de figuras para comentar (poetas que morreram bêbados, artistas populares a mugirem o País das Fadas, bandas rock a amplificarem os instrumentos) mas creio que os três artistas atrás referidos já servem de referência para se perceber a riqueza desta música, e sobretudo para se perceber que este Tango nórdico não é apenas uma brincadeira ou mera bizarria musical sem consequência. [4,5; para ouvir nos dias quentes do Inverno e nos frios do Verão]

Avançando no tempo e na estética Pop temos “Softwood Music / Under slow pillars” (Poko; 1989) o último álbum dos Sielun Veljet que é uma freaknhice… foi pela capa do peruano Pablo Amaringo que peguei no CD e foi por ser em segunda mão e barato que o comprei - a mistura fatal de um coleccionador de música. Pelo que percebi das páginas que consultei – 99% delas nessa língua acessível a 5 milhões de pessoas no mundo - a banda existiu entre 1983 e 1992 e deveria soar aos Red Hot Chili Peppers mas mais xamãnicos (mas menos xamãnicos que o Amaringo de certeza!) como nos diz este link. Para mim isto soa antes aos Crash Test Dummies depois de terem tomado mucho ácido, man. Não querendo ser mauzinho porque o raio do disco não é mau também, é com agrado que vamos encontrar violinos amargos, djambés de THC, guitarra acústica (claro) e também guitarra com um feedback bem esgalhado, letras relevantes do "misticismo de cevada" dos seus criadores cantadas em inglês - creio que terá sido o único álbum cantado em inglês por estes “Irmãos da Alma”. Por fim, diria que até soa aos Akron/Family e ao neo-folk psicadélico que tanto está na moda nos dias de hoje. [3,9; quem sabe um dia vá parar às Trocas de Discos]

E já que há Sinatras da Finlândia então a Bad Vugum (e a sua continuação BV2) é a Ipecac da Finlândia! Podem achar exagerada a comparação mas se considerarmos que este país tem metade da nossa população ou que a Ipecac age a nível global (até tem andado a namorar os nórdicos como o noruegês Kaada ou os islandeses Ghostigital) então é mesmo impressionante assistir ao facto que esta editora - a mais importante "indie" da Finlândia - lança a melhor música do seu país, capaz de competir com a melhor música do mundo por aí a fora. Dos divertidos Aavikko a Läjä Äijälä (o criador do Hardcore finlandês) até aos Rockers pós-modernos Cleaning Women, o único defeito a apontar à BV2 (e se insistir numa comparação directa à Ipecac) será do design, que apesar de não ser mau não é tão ambicioso como a música dos projectos editados. Das minhas recentes adquisições "bad-vugumescas" eis:

Chainsmoker tem "Stations" (2003) como o segundo álbum (desconheço o primeiro) e tocam uma electrónica orgánica com cheiros de Rock, Jazz, House, Funk, Dub a trilhar os caminhos já trilhados pelos Sofa Surfers ou os New Order - ou até dos Stone Roses na última música, Leave Tunis now - mas não chega a ser "um mero sucedâneo". [4; porreiro para passar num bar]

Kontackto (DJ de uns tais Kaucas) com "Kasperi Laine & Kummitusorkesteri" (2004) é a outra face da "electrónica orgánica" dos Chainsmoker, ou seja, carrega mais nas facetas Jazz e Dub e afasta o pézinho de dança para ambientes negros, quase psicadélicos e fantasmagóricos (kummitu significa fantasma), estando mais próximo de um TripHop-Glitch que liberta sons fragmentados ao longo das composições. Também lembra os sufocos dos Sofa Surfers sem envergonhar. [4; idem]

Os Phuzy estreiam-se com "Sightseeing" (2003), um mini-CD só de 17m e 5 músicas mas nervoso e energético. Desde do início os Soul Coughing serão a referência desta banda - pela voz e pelos ritmos quebrados - e essa marca ficará presa nos próximos temas mesmo quando eles exploram para outras coordenadas como Reggae e Ska, sempre fundidas com uma boa dose de "ruído branco". Também poderemos encontrar outras equivalências à banda como por exemplo, Urban Dance Squad, Primitive Reason ou Pitchshifter. Bom som! [4; para festinhas serve bem]

Os Ronskibiitti é a primeira aposta em HipHop pela BV2, o que nos deixa logo de "pé-atrás" - que monstro sairá daqui? Mas "Eipä Kestä" (2006) como bem indica é Hip Hop em finlandês, o que não seria um problema se o Rap não fosse em finlandês. Por isso não percebo nada do que dizem - a não ser que soa a italiano (!) e que poderá ser uma cena divertida. Que rimem com as longas palavras finlandesas como «Jossullonjotainsanottavaa» que para nós é nos igual. A produção (instrumental) não é má mas também não é muito original. Na realidade o que se percebe deste disco é que o HipHop/Rap é, actualmente, a grande arma da música moderna contra a Globalização porque, doa a quem doer, a língua materna é recuperada para o circo Pop. A França é prova viva disso há muitos anos. Portugal, Espanha, Cuba, Angola são mais exemplos e agora também podem por o Suomi na lista... [3,5?; Trocää dii Diisqui]

quinta-feira, 21 de setembro de 2006

Brujeria || SALA HEINEKEN


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Publicado na Sonic Scope Quarterly

domingo, 10 de setembro de 2006

DEA report 5

CD's de Rasal.a.sad, Residents, Therapy? (o seu melhor álbum, Nurse), Eminem, Courtney Pine, Ltd. Noise, Flugschädel, Random, e ainda mais umas colectâneas de World Music e Drum'n'Ass (sic) foram o (meu) resultado da última sessão de Troca de Discos no Espaço. De destacar os Flugschädel e o seu álbum homónimo (D.D.R. / Plattenmeister; 1995), que troquei com um puto por um CD dos Mighty Mighty Bosstones. Sem data de produção, informação mínima na 'net (e a pouca em alemão!) ficamos a saber que este grupo é definido como Dada-Metal. Dão uso a sons industriais, guitarras metálicas e batidas HipHop. Não é tão extravagante como estas definições possam parecer mas que é estranho o suficiente para se sobresair do lote de CD's trocados. Na essência soa a Metal electrónico na senda de [f.e.v.e.r.] ou Whores of Babylon ou ainda a algum "Magic Mushroom Metal" das bandas da Prophecy Productions (nos fins meados dos anos 90) mas esta banda é mais massacrante pelos samples de voz que debitam tretas germánicas e ligeiramente mais free. É até um bocado pateta. [3,8; até dia 5 de Outubro poderei perceber se ficarei com isto ou não...]

Houve bastantes trocas entre o DJ e o público (e talvez entre o público também, não sei...) o que se pode concluir que a sessão correu bastante bem, com público novo a aderir e alguns convertidos à causa. Ainda, o CD ao vivo dos Die Haut voltou à "base" - foi trocado numa sessão de Fevereiro - e finalmente livrei-me dos Novalis (não queiram conhecer) e Carlos Santana (sem comentários!).

A Thisco trouxe a sua última edição, Future Comparative Ethnic Research presents Riyaz Master (Thisco + Fonoteca de Lisboa; 2006), projecto de Sigmoon (dos Von Magnet) com trabalhos de Servovalve, Black Sifichi, Mimetic & Data Senses, DEF, Negative Stencil, Emgine, Sylvatica, Safatly, Wild Shores, Dr Dilip & Ricco Bass, TNO entre outros a explorarem uma "drum machine" criada na Índia. O resultado parece mais "clean" do que é habitual numa edição da Thisco e pouco ousada a nível de resultado. Em relação à primeira "acusação" não é muito preocupante uma vez que esta editora já nos habituou a um ecletismo de propostas passando pela electrónica funcional, ambiental, experimental, Japanoise e música neo-clássica. A segunda parte da questão é que parece mais pertinente fazer porque quase não se ouve esse "novo e exótico" instrumento. Há passagens de música que se identifica como indiana (ou como a conhecemos) mas quase toda a composição é virada para o Ocidente sem nos deparamo-nos com nenhuma espécie de conflito estético entre mundos digno de referência. Algumas das faixas mais funcionais até resultam numa banalidade terrível como a de Supermatik, que soa a Electro-House mas estaria a ser injusto se não disser que este disco é mais do que isso. A provar os bons momentos desta colectânea, destaco a faixa fantasmagórica de C-drik. [3,7; guardarei até aparecer + resultados dessa máquina]

quinta-feira, 7 de setembro de 2006

Troca de Discos com unDJ GoldenShower || ESPAÇO

cartaz de Jucifer

No Espaço, cada primeira Quinta-Feira do mês: Troca de Discos com unDJ GoldenShower. A partir das 22h. Entrada livre.

sexta-feira, 1 de setembro de 2006

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Pequeno contributo para a Investigação sobre Vultos da Cultura Portuguesa segundo a Tertúlia Secreta dos Anjos:

Caga-tacos, bicho-do-mato, xico-esperto, Maria-vai-com-elas, mete-nojo, copinho-de-leite, dito-cujo, arrota-postas-de-pescada, mangas-de-alpaca, bota-de-elástico, caixa-de-óculos, vira-casacas, troca-tintas, fura-vidas, gato-pingado, limpa-fundos, pé-descalço, cão-com-pulgas, cu-de-chumbo, cara-de-cu-à-paisana, picha-mole, barrote-queimado, cona-de-sabão, porco-sujo, ...

... seguido de uma lista de malta fixe: Activists, addicts, aliens, amoebas, amphibians, anarchists, androids, angels, animals, annelids, anthropoids, arachnids, assassins, athletes, b-girls, babies, barbarians, beachbums, beasts, beatniks, bigots, bigwigs, bikers, bimbos, birds, bitches, bodgies, bohemians, boozers, brutes, bugs, bullies, bunnies, capitalists, cannibals, casuals, celebs, centaurs, chicks, clones, clowns, clubbers, clubkids, cowboys, crazies, creatures, critters, crustaceans, crusties, cuckoos, cyberkids, cyberpunks, cyborgs, cyclops, darlings, deejays, degenerates, delinquents, demi-gods, demons, deviants, dinosaurs, divas, dolls, dragons, dwarves, echinoderms, elves, emcees, entities, extremists, fairies, fanatics, fashionistas, fiends, fishes, freaks, fugitives, funkateers, gangstas, gargoyles, gamblers, geeks, geishas, genies, geniuses, germs, ghouls, giants, glitterkids, gnomes, goblins, goddesses, goths, groupies, grungecats, guerillas, gypsies, heartbreakas, hippies, hitmans, hobnobbers, humanoids, hustlers, homies, hookers, hoodlums, hooligans, hos, housewives, idiots, idols, imps, insects, jocks, junkies, kooks, legends, lifemappers, losers, lunatics, magicians, maniacs, marsupials, martians, mammals, mavericks, mermaids, midgets, misfits, modsters, mollusks, monsters, mortals, munchkins, mutants, newagers, new romantics, nihilists, ninjas, nutcases, nymphs, oddballs, ogres, organisms, outcasts, parasites, pets, pimps, pioneers, pirates, pixies, planktons, plants, playas, playboys, preppies, primates, protozoans, punks, puppets, pushers, psychos, psychobillies, rapists, radicals, rascals, ravers, rastas, rebels, renegades, reptiles, robots, rockers, rodents, rogues, rookies, ruffians, sadists, scamps, schitzos, screwballs, sentients, serpents, shitkickas, showgirls, sidekicks, sinners, sirens, skateheads, skinheads, slackers, slobs, sluts, soldiers, sorcerers, soulboys, soulsistas, spacemen, spies, spirits, sportsmen, starlets, suedeheads, sugardaddies, surfies, superheroes, superstars, swines, tarts, technowhores, teddyboys, thugs, titans, tramps, teenyboppers, turntablists, urbanites, unicorns, wanderers, weasels, wireheads, witches, wizards, wrestlers, vampires, vandals, varmints, villains, viruses, visionaries, yuppies, zombies