Parliament é um mito, tal como os Funkadelic - ver aqui e aqui, sff - duas bandas lideradas por George Clinton (o próximo artista negro que será reconhecido como ícone quando morrer, tal como aconteceu com o James Brown) e uma pandilha de outros "funkers" esgroviados: Maceo Parker, Botsy Collins, ... que nos anos 70 fizeram discos conceptuais (será abusivo meter o Sun Ra aqui?), concertos memoráveis e traçaram novas marcas musicais que mais tarde ainda seriam revistas pelo Hip Hop ou pelo Funk-Rock (Red Hot Chili Peppers).
Este álbum em especial (de 1976, editado originalmente pela Casablanca - não, não é aquela produtora angolana que andava praí a dar bocas aos fãs de 50 Cent e Sean Paul!) segundo a crítica é um álbum dócil, mais calmo que o habitual - aliás, sente-se mesmo que é música de ir ao cuzinho - devagarinho, com muito jeitinho... a secção de metais é o que mais impressiona neste disco, cheio de toques sensuais e movimentos sexuais. O espaço, para onde estes tipos se queriam propor a ir não é assim tão óbvio apesar dos sons de sintetizador dignos de um Buck Rogers - estas mesmas ideias que tem sido repetidas mais tarde por outras bandas como os Orgasmo. Não impressiona, infelizmente porque se sente muito o peso do tempo - ei! para mim Funk é Prince, Red Hot Chili Peppers, as formações do Afro-Beat do Ghana (ou os Anti-Balas) ou outras histerias rítmicas. Não estou muito virado para esta porno-funkaria - até porque já ouvi temas mais giros dos Parliament (e dos Funkadelic), enganei-me no álbum?
E por falar em Funk, dois enigmáticos singles dos anos 70 comprados ao desbarato em Feiras da Ladra e afins: Morning sky / Music for gon gon (Alvorada; 1976) dos portugueses Promotion Musical 6 e Procurando tu / Quero voltar p'ra Baía (Tecla / Cid; 197_) dos brasileiros Angelo António e a Turma da Pesada. Antes demais devo confessar que não consegui quase nenhuma informação sobre estes artistas na famosa Internet - pelos vistos ainda há alguma privacidade neste mundo. Percebi - quer dizer, ouvindo o disco também se percebe isso - que os "Promoção Musical 6" eram uma banda de baile e de casinos, e deviam ser assim meio frustrados porque o que os tipos deviam curtir mesmo era Prog Rock. Mas pronto deviam estar queimados pelo PREC e não pelos ácidos, como tal executam versões: o lado A de um holandês qualquer (Hans Bouwens, aliás George Barker) e o lado B, Music for Gon Gon que é na realidade Music for Gong Gong dos Osibisa, uma banda dos anos 70 entre o Rock Progressivo e a World Music (quando ainda não havia tal vergonhosa designação) - ok! é de Afro Beat. Bem, os "Promoção da Música Seis" no curso imparável da História ainda serviram para qualquer coisa, ou seja, para EU (complexo de Calvin) perceber que haviam uns gajos mesmo bons mas não eramo os "Promo Musical 666"! E claro, que uma capa marada com tão virtuoso "efeito especial 6" sempre fica bem na colecção de singles.
Outro mistério, é o Angelo António, não percebi se o tipo era actor de filmes pornográficos ou se era músico, ou até, se era as duas coisas, porque ainda havia as menininhas! Comprei o disco pela brilhante capa e grossa presença do bicho - e ao que parece o investimento já rendeu porque este disco é valioso, q.b, no mercado dos coleccionadores e outras aves raras. Ambos temas são versões adulteradas de clássicos brasileiros, digo eu, porque acho dificil engolir as risadas que se ouvem na gravação ou letras como «I don't want to stand here/I want to go back to Bahia». Funk-Soul-samba? Sei lá!? Na contra-capa uma publicidade a outros singles, está lá um dos Funkadelic, coincidência cósmica?
Sem comentários:
Enviar um comentário