Os anos 00's deste novo milénio como se previa foram anos zero em ideias e conteúdos.
O ano de 2008 em especial é o pior deles. É um ano estático e que vive no passado, mais precisamente à 40 anos atrás: comemora o Maio de 1968 mas sem querer mexer muito "na ferida", exuma JFK em Barack Obama (deverei mudar o blogue para OBAMAsecretLOVERS? Será que ele também vai levar um tiro nos cornos?), Jackie O através de Carla Bruni (numa visita a Inglaterra, creio), relembra Hunter S. Thompson sem o ler, e revive o Rock em "template" alternado em Beatles ou na Motown (via R'n'B tal e qual como nos tempos dourados da editora: o produtor é mais importante que os músicos),... mais coisas para repudiar 2008: o mongolismo das artes plásticas é imparável com as eternas revisões dos anos 60 (evitem ir às exposições da Gulbenkian este verão!), na música das tribos urbanas além de tudo parecer mole e criado para agradar o respectivo público-alvo, a única "novidade" é a cena Emocore que parece um “mash-up” de “boy-bands” com Gótico sem aparente agenda política ou significância artística...
Na música dita "alternativa" além de não se apresentar nenhum fenómeno extraordinário parece que impera uma música de carácter progressivo e psicadélico. No Rock inventou-se o Post Rock, Post Metal e a Weird América (bandas Folk/Rock)... Depois ainda há o Dubstep - psicadélico, claro - e o Drone seja ele no Metal ou na Electrónica num estado letárgico de envergonhar os nossos pais e avós de 60's que andaram a lutar por nós para a haver "imaginação ao poder".
Serve este texto "um contra o mundo" para analisar uma série de discos que me chegaram às mãos que conseguem ser catastróficos, não que sejam maus – não poderiam ser, nos dias de hoje só mesmo um info-excluído é que poderá fazer uma má gravação - apenas não acrescentam nada de novo sem se preocuparem com isso.
É o caso dos britânicos The Winchester Club com Britannia Triumphant (Exile on Mainstream / Sabotage; 2008) que vivem no vazio do Rock “ambiental”. Dizem que tocam um Post Rock épico mas só se for no título porque as guitarras em loop e a bateria vulgar só conseguem ser tão aborrecidas como os samples de media de mensagem nula que aparecem aqui e acolá ao longo das 5 faixas do disco - três delas tem cerca de 13 minutos cada uma! O que se pretende aqui? Oh! É simples: Melancolia na admiração da planície com pequenas explosões de som na masturbação clássica de outras mil bandas que repetem os mesmos mil clichés... Podem dizer, e então e aquelas mil bandas de Death que existem por aí, iguaizinhas umas às outras? Bem... pelo menos são barulhentas e pretensiosamente anti-sociais, o mesmo não se pode dizer do Post Metal, que é completamente ajustado socialmente e quer que o público se ajuste também. Eu acho que estes discos deveriam ter autocolantes nas capas a dizer "Parental Advisory: Your kids won't freak out with this album!".
U.S. Christmas: Eat the low dogs (Neurot / Sabotage; 2008)... eis um álbum que só pelo nome idiota da banda não dá vontade de ouvir. Quando vemos que é editado pela "label" dos Neurosis engolimos um sapo. Quando ouvimos o disco até ao fim gregoriamos o sapo! O "template" é... Neurosis! Acrescenta-se a ele um teremin (a lembrar vagamente os sons espaciais de Hawkwind) e pergunta-se porque uma banda tão original como os Neurosis estão a editar clones deles próprios. Seria estranho se não vivessemos tempos em que só um idiota não edita ou qualquer idiota é editado - nada contra este paradigma excepto que cada vez é mais difícil encontrar algo de jeito. Admito que Red Sparowes, Isis e Pelican e afins dão-me sono porque não só encontro nada de novo nestas bandas Mathcore / Post Metal como o registo minimalista repetitivo é "fucking boring", talvez porque há muito que nos EUA o LSD foi substituído pelo Prozac - querem psicadelismo? Não procurem no Ocidente mas sim na discografia infinita como o Universo dos Acid Mothers Temple. Quase dá vontade de afirmar que ao menos no Prog dos anos 70, os Yes sabiam tocar! (Eu sei, deve ter sido a pior frase que escrevi na minha vida)
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2 comentários:
Convenceste-me, vou sacar Winchester Club.
Miguel Caldas
bitch! eu arranjo-te esse CD se quiseres escusas de gastar electricidade!
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