sexta-feira, 1 de agosto de 2008

Antigamente é que era bom...

Antigamente o pessoal vivia numa serra qualquer na Terra e sentia-se só. Ao fazer música ou qualquer outro tipo de Arte era algo catártico porque exigia-se um esforço enorme para comunicar e não se sentir perdido numa terreola qualquer. Hoje não, uma banda Noise Rock não se sente alianada de nada, tem o myspace e por isso "amigos" do Irão a Vermont, de Hildesheim a Saturno, da Merdaleja a Bristol. Antigamente os PC's não lixavam as gravações cheias de erros e não sei porquê os sons eram mais ferozes. O Noise Rock teve um crescendo nos últimos anos talvez para combater o maquinismo da produção feita no computador mas este Noise é feito por pessoas que na realidade são "bem ajustadas" que acabem por cair num "artsy-fartsy" bacoco - ver Growing ou Hospitals, por exemplo.
Bem, isto tudo para dizer que ou anda qualquer coisa a escapar-me (ou será aos músicos?) ou então antigamente gravava-se melhor música... E como já foi editado tanto disco desde que os discos apareceram na Terra que sinceramente qualquer registo antes do novo milénio parece-me muito mais interessante do que o mais recente Radiohead ou _________. Assim, como um coleccionador ressabiado, à procura do El Dorado do Som, lá vou comprando coisas velhas de preferência baratas, seja de que estilo, porque acredito que irei encontrar algo de inesperado e menos plástico do que a produção moderna - não é esta a condição de anormalidade psíquica típica de colecionadores? Vou ter de admitir que sou um coleccionador!? Não acredito!
[pausa traumática ... mudança de estilo]


Numa recente incursão a uma loja de CD's /DVD's ali prós lados do Saldanha (não me recordo o nome mas desconfio, pelo recheio deles, que devem ter alguma relação com a Cash Land) comprei duas cenas dos anos 90. O excelente Hellspawn e estes Genaside II com o seu álbum de estreia New Life 4 the Haunted (Internal; 1996). Formados em 1989 e após vários 12" este é o primeiro álbum de um grupo que é elogiado pelos Prodigy por serem importantissímos na cena Jungle. O som deste CD poderia ser rotulado como Trip Hop porque é o som Black nas suas variantes Dub, Hip Hop, Jungle, Soul, Rap, Ragga... mas sem nunca conseguir ser excêntrico, indutor ou carregado como os três basilares Massive Attack, Portishead e Tricky. O curioso, e admito que comprei o CD por causa disso, são as imagens no interior: fotografias dos dois cabeças do projectos em ambiente "psychokiller" (um deles usa uma máscar bastante bizarra de meter inveja aos Slipknot) e um desenho de estilo Manga / Anime - aliás, as referências a este álbum dizem que a música será uma espécie de "banda sonora" para uma estética Anime / Manga. Sinceramente, a coisa não convence - não se percebe onde está essa estética nipónica - apesar de não ter faixas más (ex.: Choose ya weapon, hip hop rapado à "malaíco" e com participação Wu-Tang Clan) e conseguir-se ouvir o disco inteiro sem ficar irritado, é um álbum mediano próximo da fórmula dos Massive Attack em convidar diferentes vocalistas (os créditos de Blue precious metal são eles próprios irónicos: «no budget - no stars»), e de forma geral mais próximo de uns Soul II Soul - e que se confirma porque os Genaside II tinham algum relacionamento com eles.
[frustrado e vencido... volta à carga!]
Ao que parece o projecto gravou ainda mais um álbum na editora do Tricky, a Durban Poison, e esse disco estava prá lá na loja... deveria ter trazido esse? Deveria ter ouvido os discos primeiros? Será que ainda está lá? Ainda por cima já se passaram uns meses... Tenho de voltar lá! Tenho!

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