Um fanzine do Sr. Alan Moore? Moore o argumentista de bd que segundo se diz, Deus deu a ele 90% da inteligência da humanidade e espalhou os outros 10% ao resto da população? O homem que tem reinventado à paisana a cultura popular? Que excelente notícia quando apareceu anunciado aqui e ali pela 'net fora.
Ao que parece o título é o projecto era um desejo que o Moore não conseguiu fazer em 1975 quando tinha os seus 20 e tal anos. Hoje com 56 anos e senhor de família, cumpriu o sonho juvenil criando um projecto híbrido e "lobal" ("local" + "global") que se centra em Northampton (terra de Moore) mas com abertura para o mundo.
Têm artigos de vários assuntos (imprensa alternativa desde o séc. XIII, o falhanço do feminismo, como viver sem comprar nada), bd's infográficas de como plantar um jardim sem ordens municipais, receitas de culinária (que os ingleses bem precisam!), um "retro-scene-report" da música da cidade (acompanhada por um CD, Nation of Saints) e alguns psicadelismos fazem a edição num estado de caos gráfico e de qualidade variável dos trabalhos. Poderá ser enervante porque se esperava algo mais "pesado" vindo do quem vêm mas há uma "desculpa", ou melhor, uma linha editorial que justifica tudo: «colidindo ideias para ver o que acontece».
Ainda assim, não se chega nem à literatura "light" nem tanto ao experimentalismo, fica-se num limbo - e como tal sem piada ou convicente. Talvez num segundo número a coisa siga outro rumo, depois da "colisão".
O CD que acompanha a revista falta-lhe informação par situar as bandas, a maior parte delas desconhecidas e não editada - as excepções para Moore com os Retro Spankers (as ligações de Moore com a música são conhecidas q.b.) e uma do David J (Bauhaus e Love & Rockets). Do Country ao Hip Hop, do Post-Punk ao Jazz Rock, são registados 50 anos (!) de história da cidade de Northampton mas pouco se ficou a saber quem são, quando foi gravado, etc... outra colisão ao lado!
terça-feira, 27 de abril de 2010
segunda-feira, 26 de abril de 2010
quinta-feira, 22 de abril de 2010
Vinil sucks!
1) Feira da Ladra a 1 euro, LP de música angolana. Não é brilhante nem coisa que se pareça, investigando na 'net pelo artista apercebemos que tal como muitos outros vocalistas africanos este também acabou por se meter na política - se fosse por cá, talvez o David Fonseca seria Ministro da Administração Interna, Miguel Guedes do Desporto, e assim por adiante - porque será? Falta de massa crítica literada para ocupar lugares importantes nestes países? Será que o Dog Murras poderá alguma vez ser Secretário de Estado de Angola? Pode-se concluir que nestes o países ou noutros como em Portugal, antes da tecnologia cada vez mais democratizada para produção musical, só os ricos/ intelectuais/ burgueses é que gravaram discos. Por isso, este é africano frouxo que não roça-roça o suficiente, como sabemos só os pobres é que dançam bem... (ENDIPU; 1993)
2) Origem desconhecida, oferta, single sobre uma personalidade do horóscopo (signo Leão - é o meu caso!) em castelhano. Nada mais irritante que uma voz espanhola em termos gerais (comas devidas excepções), sobretudo quando se esforça para ser teatral - neste caso diria antes caricatural e grotesca. São diálogos entre o Leão e o Destino, cena admirável para gente estúpida e crente em Astros (o que significa a mesma coisa). Quase dá para rir de tão rídicula esta produção dos anos 60. Apesar de tudo a capa mostra que mesmo produtos popularuchos tinham melhor grafismo que os dos dias de hoje... é uma coisa que os horóscopos não conseguem prever: a Humanidade é cada vez mais burra! (Sonoplay; 1967)
3) Feira da Ladra, 50 cêntimos, EP de "valsa moderna finlandesa"... Não é bem assim, o Jenka era algo tradicional dos EUA que alguns imigrantes finlandeses trouxeram prá Europa modificado com roupagens modernaças e com uma mistura qualquer de danças rituais da Lapónia. Sucesso foi tal que se editou discos em Espanha (esta edição é do país vizinho) e até em Portugal. Dá direito a danças robóticas e divertidas para quando se era jovem à muitos muitos anos atrás. Yenka ou Jenka (lê-se da mesma forma?) ou (será) Letkis (?) é "kitsch" o suficiente para alguns finlandeses dizerem que não conhecem este tipo de música... Porque será? (RCA Española; 1965)
4) Loja de antiguidades no Porto, era para ser a 2 euros mas ficou muito menos porque a dona da loja além de ter pinta marada, não tinha trocos, LP 10" de easy listening instrumental tão nojenta que poderia passar em casamentos onde ainda não haja House ou Techno. É fixe mas longe da elegância de um Mauriat porque o Colignon é mais orgão Hammond. A capa parece que o tipo está a pedir pra gaja se pôr de quatro patas para uma canzana! Ou será que é para o bóbó? (Philips; 1959?)
- mas ela estava mesmo aqui! à bocado...
Daniel Seabra Lopes e MF na primeira sessão do PEQUENO é bom!, agradável encontro com uma série de interessados desta coisa da edição independente. Dado interesse dos visitantes de quererem sujar as mãos, brevemente passarão a "participantes" ou "organizadores", criando uma comunidade que não seja meramente consumidora.
Literatura e Música serão temas a tratar de futuro... entretanto a próxima sessão é 1 de Maio, um feriado que comemora o Dia do Editor Precário!
Fotos de Marcos Marado /Merankorii
sexta-feira, 16 de abril de 2010
Ei, Jo!
Fui a correr quando soube que havia no Montijo uma loja que trocava discos - até pensava que a Troca de Discos tinha sido materializado - mas não é bem assim. O Hey Joe troca mais ou menos... compra primeiro (ou dá um valor à mercadoria) e depois podem comprar (trocar) por outros discos e livros. Resta dizer que a selecção presente em CD e vinil é bastante boa e coerente, tanto que consegui algumas pérolas porreiras!
A melhor de todas é Airshow 2000 (Man's Ruin; 2001) dos Fuckemos, que peguei pelo o incrível nome estúpido e artwork parvo, e o que me sossegou foi o facto de ser da editora do Frank Kozik. Depois de pesquisar o que ouvi é que percebi porque raios esta banda é mais um "Alien Rock" que estava mesmo a precisar de ouvir! É do Texas como outros muitos outros mamados - como os Butthole Surfers que inevitavelmente poderão ser comparados embora sejam menos extravagantes e ambiciosos que os Butthole e a voz é monocromática a lembrar a do Peter Steele (Type O Negative) que debita letras sobre 75% sexo bizarro e os restantes 25% outros temas algo sexuados como o tema Yer Family (Ruff) que tem esta bela letra:
You were my lover, so was your mother
And your father and your sister and your brother
I am so sorry that I left you feeling sad
Can't we just remember all the good times we had
...
There was noone like you and your family - and your family
I thought it was cool that they would have sex with me
They gave me food when I was hungry
They gave me love unconditionally.
Mas convenhamos, o Rock é só sobre sexo, sempre foi e sempre será... mesmo quando os Fuckemos mudam de registo e fazem uma versão de Judas Priest tão manhosa como a música original, caiem na redudância porque não há mais nada tão sexuado e manhoso que Judas Priest - e os metaleiros sabem disso... Por isso, qualquer trabalho dos Killing Joke nunca chegará aos calcanhares de uma música "vou-te saltar prá cueca!", mesmo que seja o seu (segundo) álbum homónimo (Zuma / Sony; 2003) com o Dave Grohl na bateria - depois de mostrar que era aí o seu lugar num disco dos Queens of the Stone Age, e não como compositor da xungaria Foo Fighters, armado em baterista traumatizado pós-Nirvana. Já agora, diz a lenda que o tipo não cobrou nada por este trabalho - mesmo sabendo que os KJ andaram para processar os Nirvana por plágio, tendo desistido do acto após o suicídio de Cobain.
Apesar da bateria convidada de Grohl nada muda na estrutura da banda, que continua o seu misto de barulho tribal pós-punk com algo de celebração Pop. E sendo Pop vai viciando a cada audição...
Por fim, o último disco dos Godflesh, Hymms (Music For Nations; 2001), percebe-se porque o projecto acabou, pouco adianta ao que foi feito no passado e prepara Justin K. Broadrick para o seu actual projecto Jesu - aliás, a última música deste CD intitula-se Jesu.
Denso, pesado, lento, industrial, metalizado e insuportável como qualquer pessoa sã poderá gostar e exigir que houvesse uma banda assim. O baixo tem dentes, a bateria desta vez é humana e mais Rock (porque não é uma drum machine como acontecia no passado), riff dronados, a banda sonora original para um mundo que se desmonora a olhos vistos em 73 minutos. Cospe-se em Jesus?
A melhor de todas é Airshow 2000 (Man's Ruin; 2001) dos Fuckemos, que peguei pelo o incrível nome estúpido e artwork parvo, e o que me sossegou foi o facto de ser da editora do Frank Kozik. Depois de pesquisar o que ouvi é que percebi porque raios esta banda é mais um "Alien Rock" que estava mesmo a precisar de ouvir! É do Texas como outros muitos outros mamados - como os Butthole Surfers que inevitavelmente poderão ser comparados embora sejam menos extravagantes e ambiciosos que os Butthole e a voz é monocromática a lembrar a do Peter Steele (Type O Negative) que debita letras sobre 75% sexo bizarro e os restantes 25% outros temas algo sexuados como o tema Yer Family (Ruff) que tem esta bela letra:
You were my lover, so was your mother
And your father and your sister and your brother
I am so sorry that I left you feeling sad
Can't we just remember all the good times we had
...
There was noone like you and your family - and your family
I thought it was cool that they would have sex with me
They gave me food when I was hungry
They gave me love unconditionally.
Mas convenhamos, o Rock é só sobre sexo, sempre foi e sempre será... mesmo quando os Fuckemos mudam de registo e fazem uma versão de Judas Priest tão manhosa como a música original, caiem na redudância porque não há mais nada tão sexuado e manhoso que Judas Priest - e os metaleiros sabem disso... Por isso, qualquer trabalho dos Killing Joke nunca chegará aos calcanhares de uma música "vou-te saltar prá cueca!", mesmo que seja o seu (segundo) álbum homónimo (Zuma / Sony; 2003) com o Dave Grohl na bateria - depois de mostrar que era aí o seu lugar num disco dos Queens of the Stone Age, e não como compositor da xungaria Foo Fighters, armado em baterista traumatizado pós-Nirvana. Já agora, diz a lenda que o tipo não cobrou nada por este trabalho - mesmo sabendo que os KJ andaram para processar os Nirvana por plágio, tendo desistido do acto após o suicídio de Cobain.
Apesar da bateria convidada de Grohl nada muda na estrutura da banda, que continua o seu misto de barulho tribal pós-punk com algo de celebração Pop. E sendo Pop vai viciando a cada audição...
Por fim, o último disco dos Godflesh, Hymms (Music For Nations; 2001), percebe-se porque o projecto acabou, pouco adianta ao que foi feito no passado e prepara Justin K. Broadrick para o seu actual projecto Jesu - aliás, a última música deste CD intitula-se Jesu.
Denso, pesado, lento, industrial, metalizado e insuportável como qualquer pessoa sã poderá gostar e exigir que houvesse uma banda assim. O baixo tem dentes, a bateria desta vez é humana e mais Rock (porque não é uma drum machine como acontecia no passado), riff dronados, a banda sonora original para um mundo que se desmonora a olhos vistos em 73 minutos. Cospe-se em Jesus?
quinta-feira, 15 de abril de 2010
Peter Steele (nome artístico de Peter Ratajczyk), (4 de janeiro de 1962 - 14 de abril de 2010)
«será que eles vão continuar com o Fernando Ribeiro a cantar o malhão-malhão?»
sexta-feira, 9 de abril de 2010
Túmulo vago aos próximos que irão morrer por omissão
Deve ser um discos mais podres que já tive na minha vida! Tudo é mau neste split'CD que junta os finlandeses Força Macabra e os brasileiros Armagedom. Mas o CD junta mais do que isso... para quem não sabe os Força Macabra nasceram no hemisfério errado, e o que eles curtem mesmo é Hardcore do Brasil, e assim sendo, rejeitaram a incomprensivel língua-mãe (e cagaram bem de alto pró inglês - respeito só por isso!) e começaram a cantar / berrar / escrever / vomitar em português sem conhecerem a língua. Títulos como Estúpidos do Metal Infernal não deixam dúvidas onde vamos parar e andava eu louco para conhecer esta aberração fonética! Por acaso, soa melhor (e falo só da voz para começar) que muita bandinha manhosa portuguesa! Pelo menos têm a convicção apocalíptica que ninguém cá consegue fazer mesmo que o som seja uma granda javardeira de Hardcore / Trash / Crust.
Os Armagedom são uma banda antiga que os Força Macabra deviam adorar e que os inspirou a pegar em instrumentos, por isso deve ter sido um "orgasmatron" terem sido editados neste split mesmo quando as gravações dos brazucas sejam de 1989 (a edição é de 1999!) e tenham sido recuperadas de k7! Sim! O som é podre até à medula! "Trashalhoco" manhoso como só um finlandês poderia gostar!
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