sábado, 25 de setembro de 2010

Scanner Darkly 3


Quando escrevi sobre o álbum de estreia, Archie-Lymb, destes franceses na revista Underworld / Entulho Informativo #19 (Abr'06) explicava que a música que iamos ouvir era explicada a priori pela capa do disco. Falando do álbum seguinte, dois anos depois da estreia e dois anos depois de ter saído (adquiri em Berlim durante a Freak Tour da CCC na conceituada loja Staalplaat), acho que ainda se pode manter a mesma forma de fazer a resenha crítica - embora admita que desde que parei de escrever para publicações, tornei estas resenhas displicentes e pouco sumarentas. Talvez esteja na hora de as abandonar, quem sabe...
Na capa e no interior do CD Hero Crisis temos um cavaleiro e outras imagens misto de "stencil" e de rendas sobre um fundo frio azul-metalizado. Se Archie-Lymb esvaziava-se em "Paraísos Artificiais" veranis, este disco é Inverno electromagnético onde o Electro ganhou protagonismo, a tensão e a melancolia deste projecto mantêm-se mas está cristalizada, de alguma forma perdeu-se a frescura e a promessa de percorrer novos mundos sonoros. Não quer dizer que Hero crisis seja mau - ou que esteja arrependido de ter colocado Archie-Lymb como um dos melhores álbuns de 2006 - apenas deixou de ser uma surpresa e passou a ser um mundo próprio com regras e leis próprias. Se o primeiro era anarquia agora passou-se para o rigor. É a outra face da mesma moeda?
Quando andava pelos 20 anos curtia era o Inverno - a escuridão, o frio, a obrigação de algo - hoje com os 30 anos é o contrário, venha o Verão e o seu descanço e renovação das células... Sem prejuízo deste CD ser bastante bom fico-me pelo Archie-Lymb.

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