quinta-feira, 10 de março de 2011

Hipster!


Estive no Porto algumas semanas e claro que aproveitei para ir a lojas à séria porque como toda a gente sabe não há disso em Lisboa. Uma que fui é a CDGO.com que estão sempre a despachar a preços fixes discos hipsters que os hipsters já não curtem mas desta vez não encontrei nada excepto este DVD, Sound Mirrors : Videos + Remixes (Ninja Tune; 2006) dos Coldcut. Custou uns 10 euros o que é barato se pensarmos que é DVD mais CD... E curti os gajos quando vieram cá tocar... E é da Ninja Tunes, caramba!
Seja o DVD ou o CD das remisturas ambos começam bem com o tema True Skool (com voz de Roots Manuva) e percebe-se porque os Coldcut são os Mestres de beats post-House ou de house tribalistas digitais (?) só que o álbum vai variando em altos e baixos estranhos, incoerentes e falsos. Há temas de belezas artificiais enfadonhas, vai continuamente perdendo o "Groove Black" e é isso mesmo... o disco vai ficando esbranquiçado! Para Mestres da técnica de corta-e-costura (Hip Hop) é preciso ser mestre para juntar cromos como Jon Spencer, Roots Manuva, Saul Williams e não sair nada de jeito. Talvez por isso tenham tentado disfarçar as músicas pedindo vídeos que fugissem ao habitual "video-promocional" e entrassem num campo mais artístico. Só num vídeo é que aparecem os Coldcut e Manuva, True Skool - porque será? porque é um bom tema! É óbviamente um single! E por isso mereceu um vídeo promocional...
Os vídeos são ilustrações das músicas com a tal vantagem de não incluírem os stars e músicos. Assim não temos de ver palhaçadas e farsolices destes artistas a quererem-nos entreter durante 3 minutos e tal. Alguns dos filmes roçam a abstração (Sound Mirrors pelos Up the resolution), outros criam narrativas (Mr. Nichols que é um reaproveitamento de um filme de Andreas Riiser) e muitos são filmes de animação, em que destaco o divertido This Island Earth de Joel Trussell que já trabalhou no igualmente divertido vídeo War Photographer de Jason Forrest. No total há uma mensagem política de descontentamento "fim-de-Bush" / "pré-Obama" mas fazer música de dança (club, soul, r'n'b, house) com uma mensagem política parece tão contraproducente como lamber os pés a um paraplégico.
As remisturas pouco adiantam aos originais, ou seja quando o tema é bom avança-se pouco, quando os temas são chatos nada aacontece mas também se dá o fenómeno de alguns casos as remisturas serem tão vulgares que até envergonham como uma mistura Big Beat (em 2006?) dos Qemist - creio que algumas delas já devem ser antigas mas ainda assim... Por fim, um disco de remisturas é sempre uma treta que só poderá interessar os DJ's, ou só deve mesmo ser editado isoladamente, maxi a maxi, single a single mas nunca compilar em "álbum" porque soa a uma manta de retalhos sem sentido ou ordem.

Sem comentários: