Ops! Passou o tempo e não tive tempo de divulgar o Festival de Beja, quer dizer... nem ia o fazer na realidade senão fosse o facto do primeiro fim-de-semana não só estavam lá os palhaços da BD como havia malta a vender vinis! Comprei três belezocas à Aqui não há crise, loja de segunda mão de Beja, que estava a ver que por pouco não pediam muito mais pelos discos. Como já devem ter percebido por aí, os discos africanos começaram a ser procurados, não há Bonga que esteja a safo de ver os seus vinis que antes valiam 1 euro a passarem para 10 euros!!! Felizmente consegui pagar 3 euros por cada disco, dois porque gosto realmente do Afropop PALOP e outro porque é uma peça curiosa.
Começo pelo último, os C.T.T. e o seu Oito Encomendas Discriminadas No Verso (Polygram, 1982) que só tem piada pelo design do disco e conceito gráfico de apresentar o trabalho da banda como um objecto postal - as oito músicas o álbum são as tais "encomendas discriminadas" na contra-capa do disco. Aliás, o design deste LP mete qualquer designer hipster de 2013 a borrar-se todo, caso eles próprios já não tivessem falta de vergonha de copiarem-se uns aos outros nesta onda de agora anda por aí: fundo simples, formas geométricas, objectos / ícones, setas / sinaléticas, letras retro, etc... Voltanto à banda, ao que parece não passam de uns "losers", banda de baile (Conjunto Típico Torrense) que tentou apanhar o comboio da MMP (Música Moderna Portuguesa) dos anos 80 e ao falhar, voltaram a ser carne para canhão nas festas populares que tanto curtimos em Agosto. Estamos perante Rock cantado em português nas onda de Taxi ou Salada de Frutas (com ascendência em The Police e à New Wave), com toda a vulgaridade das letras a relatar histeria urbana (OVNI), vulgaridades (Ai que sina a minha), a boémia e pequena marginalidade da noite, com a ousadia de falar à socapa em drogaria (o que poderá significar fumamos até partir em Uma noite passada?), bebedices e fodinhas (É bom). Deixa um ar de nostalgia de como os tempos eram melhores e mais livres quando havia menos pessoas a sair à noite. Mas se calhar em Torres Vedras ainda hoje se pode ir às 7h da manhã prá praia partir ganzas e gajas sem ser incomodado por betos estúpidos... Destaque para o referido tema Uma noite passada por ser um reggae sintético mas com um solo de orgão cósmico convicente q.b.
Indo ao que interessa, arranjei mais um disco dos A Voz de Cabo Verde que é o melhor que já ouvi deles! Minino na tchora [Voz de Cabo Verde; 1977? (data da assinatura da ilustração na capa)] não se dispersa para ondas anglo-saxónicas como noutros discos (posteriores?) que ouvi. Concentra-se em mornas, coladeiras, ritmos afro-cubanos e psicadelismos manhosos que lhe dão coesão e um universo próprio. Ok, nem tudo é perfeito, uma cover de uma canção francesa (Je suis parti) estraga o lado B com o sotaque forçado do vocalista e a última música do lado A, Adnum, que está mal-gravada, ou melhor, um orgão aparece tão estridente que quase é música concreta, hahahaha
Por fim Luis Morais (1935-2002) com Sensacional (Decca; 1974). e que é acompanhado pelo Conjunto Voz de Cabo Verde, ao qual Morais era o seu director. Neste disco o seu clarinete prefere investir nos merengues e cumbias já adulteradas (pelo próprio) num pelo disco instrumental de festarola brava! Pelo que percebi do texto em inglês no "link" sobre Morais, o senhor era um mestre que mudou a música de Cabo Verde para sempre, se calhar merece mesmo o adjectivo de "sensacional"... já ter pombos à sua frente é que não me parece tão fixe.
segunda-feira, 17 de junho de 2013
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