quinta-feira, 3 de outubro de 2013
Bitter Recordz ou Zef Komix?
Die Antwoord : Ten$ion (Zef / Downtown; 2012)
A banda mais excitante e misteriosa consolidou a excitação e o mistério com este segundo disco - entretanto uma grande parte posto à descoberta com o recente documentário. Este disco é mais dançante e histriónico que o primeiro, e também não menos polémico devido ao imaginários dos seus vídeo-clips. No tal documentário, diz-se que neste disco quase não há participações de outros músicos mas se houve colaborações foi com artistas visuais - incluíndo o autor de BD Anton Kannemeyer, que assinava Joe Dog no zine Bitterkomix nos anos 90. Curiosamente o tema da pedófilia ariana na África do Sul que muitas vezes era alertada na publicação também pode ser observada no disco no "skit" Uncle Jimmy... Foi o Beck que disse nos anos 90 que as Boys Bands ainda seriam apreciadas no futuro, quando tivessemos alguma distância deles. O mesmo se poderia dizer o Euro-Dance que os Antwoord vampirizam entre mil referências que são óbvias as citações textuais (Kyle Minogue, Eminem) e musicais, que passam de estilos electrónicos populares contemporâneos como o Dubstep ao gangsta-rap ainda mais caricatural que os Puppetmastaz. Só faltam eles pegarem nos Backstreet Boys mas se calhar o Beck falhou na afirmação. O espírito pós-moderno está por aqui até à exaustão, aliás a crítica e a academia, já os consideram o único caso sério de pós-modernidade no século XXI. Um dos exemplos mais extremos é quando referem o "mundo ocidental" de "overseas", tal como um país colonial a referir-se à metrópole. Um gozo da banda que adora baralhar a imagem do que é um sul-africano nos dias de hoje. E é disso que se fala muito, a imagem da banda, tanto que na realidade comprei os CDs deles para ter algo visual deles. Foi Al Jourgensen que disse que Black Sabbath era "mais viciante que cona ou heroína". Perdoa-se o anacronismo dos anos 90 mas devia-se fazer um update, Die Antwoord é ainda mais viciante! E é inexplicável como se pode gostar das suas músicas sempre a roçar o mau-gosto popularucho e trash. Se no CD anterior faltavam músicas para a dança este Ten$ion é uma pujança total para mexer os ossos, em especial o tema (que goza com a Lady Gaga) Fatty Boom Boom. Se ainda há tema Zulu para chamar os Antwoord de "africanos" é este graças ao batuque lo fi que estrutura todo o tema. Merda! Ando a meses para escrever sobre este disco e não consigo estruturar uma única ideia, eis um disco que está demasiado próximo de nós para percebermos o que se passa aqui.
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