sexta-feira, 18 de outubro de 2013
O Belo e a Monstra
Eno : Taking Tiger Mountain (by strategy) (EG / Virgin; 1991?)
Jarboe : Anhedoniac (Atavistic; 2004)
O primeiro é um disco de Brian Eno, o homem que fez de tudo: parecia um mau cosplay nos tempos Glam, fez templates para o Glam, Pop, Punk, Goth, Electrónica, Ambient e até falsa música do mundo, é o gajo que vendeu os U2 ao mundo (eis qualquer coisa de horrível num currículo invejável para além do mau cosplay dos anos 70), enfim, e com aquele ar sério de larilas aristocrático britânico que tem agora ainda é artista visual e multimedia. Este é o seu segundo disco a solo, de 1974, que mostra que sempre foi um génio da música Pop e que não precisamos de ouvir as rabetices tipo "Ariel Pink não-sei-o-quê" quando em 2013 este disco continua actual e cristalino. É Pop com laivos negros e surrealistas que ainda hoje suscita discusões sobre o que as letras significam ou se o que ouvimos é mesmo aquilo - ao que parece Eno nunca quis as letras escritas em papel. O tema Third Uncle aparece aqui, mais tarde versionado pelos Bauhaus, e ao que parece é uma inspiração enorme para o Punk que viria. Difícil de bater este disco, não admira que o David Bowie andou a namorá-lo para fazer discos em conjunto...
O disco de Jarboe é de 1998 e reeditado em 2004 com fotografias de Jarboe em pose erótica gótica-fetichista - cortesia do erotic-master Richard Kern. Creio que é quarto álbum a solo desta cantora e o primeiro após o fim dos Swans. Já agora ela vêm em Novembro à ZDB meter-nos medo! Se ela continuar a fazer coisas como faz neste disco, haverá muita gente a sentir-se mal no cubículo da ZDB mesmo que ela mostre as mamas em palco - o que eu duvido que aconteça. Neste disco como moino-mutante nova-iorquina que é, os temas directos e ambientes escatológicos vão mudando de peça a peça, por isso Jarboe vai despejando lenga-lengas para adultos, impropérios animalescos, melodias para amansar bestas e até gospels para serem cantados em casinos sempre com ambientes sonoros próximos do que foi feito em Swans, ou seja Drones para bater com a cabeça na parede ou para justamente para deitá-la no sofá a pensar num doce suicídio. Tal como na fotografia vemos uma desafiadora mulher-animal enjaulada a olhar para nós (ai de ti se fizeres um gesto em falso!) é isto que também o que ouvimos na rodela. O Kern sabe o que fotografa!
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