sábado, 12 de outubro de 2013

Porcos imperialistas!



Jucifer : за волгой для нас земли нет (Mutants of the monster; 2013)

Não é a Jucifer da BD que se fala aqui antes demais! É de um casal nómada norte-americano que passa a vida em "tour" pelas América do Norte e Europa. Vi-os em Barroselas em 2012 e não foi à toa que foi a única banda que dei realmente atenção no livrinho do DVD. Ao vivo são brutais, tocam um metal pesado que parece improvisado tais são as várias referências e a complexidade dos temas. Comprar discos deles é que não!!! Pelo menos o que (ou)vi nos youtubes era de uma piroseira "indie pop" inacreditável a roçar Teen Goth Metal e digo-vos que ninguém deve investigar esta banda pelos videos oficiais.
Agora se forem ao youtube ver vídeos ao vivo, e melhor ainda, se os poderem ver ao vivo (como voltei a fazer durante as férias em Barcelos, no Festival Ramboia) então serão uma agradável experiência sonora! Desde o Boring Europa que passei a ter um respeito pelas bandas em tournê. Percebi a dureza de vida que é e como o simples facto de comprar coisas à banda isso pode ajudar imenso no dinheiro do dia-a-dia. Apesar de ter jurado nunca comprar discos a esta banda - dada a escandalosa diferença entre o Pop nojento dos registos sonoros e o excelente Doom dos espectáculos - acabei por comprar o novo disco naquela... pode ser que eles até tenham atinado e agora sigam o triângulo Sludge / Doom / Stoner. Tive sorte, parece que eles de um álbum para cá que estão nessa! Ainda assim há umas vozes celestiais de virgem a ser sacrificada ao Grande Cabrão mas até assentam bem depois de 70 minutos de barulho.
É um álbum dedicado aos defensores de Estalinegrado (nome de Volgogrado entre 1925 e 1961) durante a terrível batalha contra os Nazis entre 1942 e 1943. Os habitantes dessa cidade participaram numa das maiores batalhas da Segunda Guerra Mundial, creio que foi a que teve o maior número de mortes e danos materiais, e as pessoas foram literalmente metidos entre a espada nazi e a parede estalinista, ou se preferirem entre a pressão da máquina de guerra nazi e da burocracia genocida de Estaline - este último obrigou os civis e militares a ficarem numa cidade sitiada para não perderem posição estratégica, condenando milhares de pessoas à morte.
O casal quis fazer uma homenagem à cidade que assitiu tantos massacres e momentos históricos - depois da batalha de Estalinegrado, começa o fim do poderio Nazi - mas parece-me estúpido. Há algum valor extraordinário em sobreviver e fazer frente ao inimigo quando não há mais alternativas? A homenagem é pelo sangue civil eterna vítima dos jogos de poder ou é um traque nacionalista? Traque ou truque? Claro que temas bélicos e das suas consequências são a matéria-prima favorita de bandas de Metal, o Metal é música para operários e militares como se sabe. Felizmente como colocaram em cirílico o título do álbum e dos temas e como não se percebe nada dos grunhos da vocalista Amber Valentine até se ignora todo o conceito. Só quando se lê as letras e notas da folha do CD é quse fica a saber de russas combatentes fanáticas e assassinas, tropas que disparavam sobre desertores, e todo um rol de horrores de guerra.
No fim de contas é preciso que naturais de um império para reconher valores idênticos de outro. A banda que vá ver o livro Imperium (1993) do repórter polaco Ryszard Kapuściński (1932-2007) para perceber o que caralho significa ser russo! Americanos ignorantes!

Sem comentários: