quarta-feira, 16 de setembro de 2020

Quem não tem cão, caça como gato


«Ó Farrajota, qual é a tua banda favorita?»... Fácil, fácil de responder: Butthole Surfers! Ficaria bem sem ouvir mais nada do espectro Rock com a discografia completa desta cambada de lunáticos. E claro, nunca terei a satisfação de os ver ao vivo porque toda a música em Portugal é controlada por companhias de telemóveis. E sim, quem me dera ter estado AQUI apanhar com balas da caçadeira do Gibby! Há dez anos que acabaram, tal como aconteceu com o Rock e o Pop (para o fim eles estavam mais electrónicos e Hiphop). Sim, cago de alto para tudo antes e depois deles, incluindo Beatles e Nirvana.

Resta descobrir aos poucos os projectos paralelos dos seus elementos. E mesmo que se não soubesse que The History of Dogs (Rough Trade; 1991) fosse do guitarrista Paul Leary como não resistir a uma capa com uma cachorrinha loura? Leary toca tudo, canta tudo, etc... apoia-se no passado da banda como projecta caminhos que iriam trilhar mais tarde. De Punk Rock ao Cabaret, à Pop nocturna à à balada soalheira. Não é tão extravagante como possa parecer porque a comparação com os Butthole, meterá sempre alguns pontos mais abaixo. E eu que nem curto cães... lá me vou levando com o disco que tem apenas 33 minutos.

Em 1995 houve os P - sim só isso: "P" - com um álbum homónimo, pela Capitol. A banda é o encontro improvável de Gibby Haynes (vocalista dos Butt), Bill Carter (um gajo do Country), Johnny Depp e Sal Jenco - ambos actores e "teen idols" na série televisiva 21 Jump Street. Um álbum ecléctico que vai do Cow Punk ao Dub mas não deixa de ser "normie" comparando com os Butt, é mais limpo e bem tocado, pode-se assim dizer. Apesar de ser uma espécie de sucedâneo, não deixa de ter momentos bem altos como as versões de Daniel Johnson e ABBA (I save cigarette butts e Dancing Queen, respectivamente), o "hit" Michael Stipe (será baseado no passatempo dos Butthole perseguiam os elementos dos R.E.M. nos anos 80?), Jon Glenn (Megamix) que são 9 minutos do melhor Dub alguma vez feito, e o último tema que parece um auto-epitáfio, The Deal. O grafismo do disco é do Gibby e é apenas lindo!

Belos CDs adquiridos na Glam-O-Rama. Quero mais!!!


Como descobrir discos nas lojas em Portugal, um gajo vai ao Discogs também para arranjar o CD de Gibby Haynes and His Problems (Surfdog / Latino Bugger Veil; 2004) que parece ser um álbum de Butthole sem o nome deles, logo a começar pelo "artwork" de caras distorcidas no photoshop ou o raio que o parta. E claro, a voz de Haynes está cá no seu esplendor mais o psicadelismo country e também as electrónicas & batidas Hip Hop da última fase da banda que termina em 2001. Mais acessível - mais Pop como as bolhas da capa - ainda não é um álbum para desiludir ninguém, ou pelo, menos para matar saudades.

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