quinta-feira, 19 de janeiro de 2023

Vamos rifar o último LSD na Matiné Fetra!



Cafetra anda a organizar matinés com concertos e o zine Mesinha de Cabeceira juntou-se à festa! Neste próximo encontro, leva consigo uma mesa de Mesinhas recentes e alguns raros.

Será levado o último exemplar do recente e raro Lúcidos, São e Determinados de Luís Barreto, uma das cabeça se assim se pode dizer d'O Triunfo dos Acéfalos

Este número que esgotou em poucas semanas terá UM EXEMPLAR em rifa. Sim, é isso: vamos rifar o último LSD na Matiné Fetra!

Basta comprar o bilhete da matiné e no final da festinha, será tirado um número de bilhete à sorte. O vencedor é aquele que ainda tiver o seu bilhete pouco molhado de suor ou de cerveja barata!

sexta-feira, 13 de janeiro de 2023

10 cidades tornam-se numa aldeia

Antes de ser o livro Ten Cities : Clubbing in Nairobi, Cairo, Kyiv, Johannesburg, Naples, Berlin, Luanda, Lagos, Bristol, Lisbon 1960 - March 2020 (Spector; 2020) por Johannes Hossfeld Etyang, Joyce Nyairo e Florian Sievers (e que já lá iremos) foi um disco. Ten Cities (Soundway; 2014) reúne 50 produtores e músicos das dez cidades já referidas para uma saudável e higiénica orgia juntarem-se para criar o monstro sónico Frankenstein que... pariu um ratito aldeão! Sou contra a ideia que "a fusão é um erro" mas é verdade que pode correr muito mal quando os intervenientes não tenham coragem artística para explorar mais do que uma simples fusão de ritmos já mastigados pela Aldeia Global, sobretudo na área da música electrónica funcional ou de dança. A ideia de juntar norte e sul - Europa e África - num laboratório de música de "Clubbing" tem tudo para correr bem. Talvez o dinheiro do Goethe tenha ido para betinhos que não deixaram a malta ir para o desconhecido musical - ao contrário o que tem acontecido entretanto em Kapala. Tudo é previsível mesmo que as línguas desconhecidas africanas apareçam ao longo do disco, o que é considerado como um brinde exótico pelo responsável da edição. Metade do disco é de uma vulgaridade tal que se resume na letra de Quero Falar (Lunabe com MC Sacerdote) que apesar do apelo... nada diz. Um óbvio reflexo do estado da arte no século XXI, muito artifício, pouco conteúdo. A outra metade do disco é mais chill e também mais interessante mas sem rasgos de génio mesmo que tenha o Maurice Louca ou Alva Noto como músicos. A evitar...

O livro logo que saiu estava já aberto às consequências dos horrores humanos. A primeira e assumida é que aborda a história do Clubbing nas ditas cidades desde os anos 60 até Março de 2020 - mês que marca o final de algo contínuo e progressivo nas nossas vidas, devido ao covid-19. Dois anos depois o que aconteceu a alguns dos clubes e discotecas que existiam até então? A segunda consequência é a inclusão de Kyiv que desde Fevereiro deste ano apanhou com a tentativa de invasão russa na Ucrânia. Que noitadas haverá nesta capital desde então?

O gigantesco livro ensina-nos imenso sobre duas coisas, a história da música de clubbing nessas cidades e a sua relação política. Alguns géneros de música são fáceis de associar às cidades, do Krautrock à Capital do Mundo do Techno que é Berlim ou o Afrobeat / Highlife de Fela Kuti em Lagos. Ou ainda o Jazz sul-africano de Joanesburgo e claro o Trip Hop de Bristol. Ah, e o Kuduro de Luanda! Mas que dizer de Nápoles lembrando-me lá eu que já conhecia 99 Posse? Há descobertas para se fazer neste livro mamute. Para além do "género" muito disto passa pela exclusão social, racismo e contestação às autoridades, não esquecendo o nojo do Apartheid e das suas cidades separadas por raças ou o confronto político das Okupas e Raves ilegais na Europa.

Já perceberam que se aprende muito com o livro mas claro quando chegamos a Lisboa temos Judas na área. Rui Miguel Abreu escreve um artigo sobre a história da música urbana portuguesa (deveria ser sobre música de clubbing, boy!) sem aprofundar nada em especial (porque se calhar não há uma música que defina Lisboa) e Vítor Belanciano dá um no cravo e outro na ferradura, armado em rebelde a criticar a gentrificação da cidade mas tal como Abreu também a vende como um sítio excitante e multi-cultural. Não sei onde estes gajos saem à noite mas devem ser sítios do caraças!! Vê-se nas fotografias que acompanham os artigos! Quase todas em volta do Frágil dos anos 80! Ah! Como a cidade vibra ou sempre foi "multi-culti" de artistas e betos brancos... Onde está essa relação entre Europa e África? Sempre foi fraca e estes artigos revelam isso sem o quererem fazer. Lisboa é uma fraude e gera seres fraudulentos que escrevem sobre ela, obrigado por relembrarem isso.

Mau disco, bom livro.

PS - No livro há uma lista de sons criados por cada cidade. Em Lisboa ela começa em Heróis do Mar para acabar em DJ Lilocox. No meio inserido o Pois pois dos Repórter Estrábico. Sim é a única banda portuguesa Pop/Rock que merece estar em qualquer lista de admiração mas que eu saiba ela sempre foi do... Porto! 

PPS - Abreu e Belanciano: ide pastar!

sábado, 7 de janeiro de 2023

Dave Laing : "One Chord Wonders: Power and Meaning in Punk Rock" (PM Press; 2015)

Depois de acabar o livro, pergunta-se porque raios escreveu-se mais livros a explicar o Punk? Ainda por cima originalmente foi escrito e publicado em 1985... Duvido que a nova edição mudou muito. Grande PM!