domingo, 5 de maio de 2024

Paul Henley : "Leave the Capital" (Route; 2017)

 Este livro e como os últimos livros sobre música que tenho escrito aqui recentemente vieram ou devem ir parar à Neat Records, simpática loja de discos em Lisboa. Aliás, este veio de lá e lá voltará. Não que seja mau, até me confirmou o facto que o José Carlos Fernandes ter sido sempre um "name-dropper" chato, mas acaba por ser um livrinho leve e curioso sobre a música gravada em Manchester. 

Como qualquer outra segunda maior cidade de um país, acaba sempre por ser mais interessante que os riquinhos da Capital, olha Lisboa / Porto, por exemplo - mas espera, no Porto é só malta com pasta, certo? Ops! Manchester por ser operária, longe dos "snobs" de Londres, "faz as coisas de forma diferente" (frase lapidar de Tony Wilson), e realmente olhando para bandas como Buzzcocks ou The Smiths, percebemos que faziam de forma diferente.

Mas estas coisas não acontecem por geração espontânea e daí este livrinho ser especial para perceber a história das gravações em "Madchester" para chegarmos aos Stone Roses. Foi nos anos 60 que elementos de bandas Rock com mais ou menos 15 minutos de fama que começaram a investir dinheiro em estúdios para não se terem de se deslocar ao caos / vampirismo de Londres para gravar, contruindo de uma forma orgânica estas estruturas e que se tornaram emblemáticos como o Strawberry e o Pluto, ligados aos elementos dos Mindbenders e Herman's Hermits, respectivamente. Ou aos 10cc, banda Pop/Rock foleira mas que devido às suas experiências e maquinaria desenvolvida no estúdio, criaram o húmus sonoro para o LP Unknown Pleasures dos Joy Division, por exemplo. Este espectro glacial e melancólico tornou-se emblema da cidade e das suas bandas - ou de alguns dos seus  seus temas - tanto que se vai encontrar isso no tema Bankrobber dos londrinos The Clash que gravaram esse tema no Pluto. Por isso, sim havia algo de peculiar em Manchester, tal como noutras cidades também já foram peculiares, antes de tudo ser arrasado pelo menor denominador comum do capitalismo, qual Boring Europa...

Ah! O autor fez parte dos The Fall, e não sei se é por isso (ou pelo espírito da cidade) que escreve com bastante humor. Perfeito para ler no autocarro, ide lá à Neat sacá-lo!

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