v/a: "Crna tacka" (Urbaniturbani?; 2006?)
O camarada Zograf voltou à Porcalhota e não se esqueceu de mim mais uma vez. O ano passado trouxe os By-Pass, este ano trouxe-me esta colectânea de bandas sérvias onde vale tudo: Rock, HipHop, Indie, Pop, Electrónica, Reggae, Punk... São 24 projectos com nomes difíceis de pronunciar (como os interessantes Rock-noisers Klopka za Pionira) ou idiotas como Fancy Frogs - banda com laivos de Rock Gótico, a única banda que não recomendo e que infelizmente abrem a colectânea. Há também uns punkers Stuka para mais uma coincidência de nomes entre bandas portuguesas e sérvias...
A produção e gravação não são más e tirando as rãs elegantes, não há bandas que envergonhem... Mentira! Há ainda uma banda de Nu-Metal com letras em inglês com aquele sotaque dos balcãs até ao tutano que quase me esquecia deles, são os O-Pozition (ohohohohoh).
As bandas parecem ter pica suficiente à sua maneira e soam bem até porque não se percebe o que dizem - nada pior do que perceber as letras de uma banda quando são más. Destaco os Weird Cop com uma divertida canção Electro-porco intitulada Blowjob Queen («I want to kiss the Blowjob Queen, kisss kisssssssss kissssssss kisssssssss») seguido da foleirada de k7 de feira dos Elektrolasta que se assumem quase um turbo-folk que deverá fazer algum feror na festinha da aldeia onde os beberolas partem garrafas na cabeça. O HipHop sombrio dos Tetrade em sérvio deve ter muito que se lhe diga mas não há muito que eu possa comentar - paciência, novamente, se as letras forem uma merda mais vale nem saber que são.
Faz confusão os ritmos jamaicanos dos Marron e Zontag com aquelas línguas, fica "duplamente exótico" embora não haja aqui grandes espantos porque na grande aldeia global tudo soa quase ao mesmo.
Uma boa mostra do que se passa para além da Europa Ocidental.
Qualidade numérica: 3,7/5 Objectivo pós-audição: fica na colecção até ir aos balcãs encontrar melhor...
domingo, 29 de outubro de 2006
Urbana paranoja
domingo, 22 de outubro de 2006
On the count of ten, you will be in Europa
Flat Earth Society: "Trap" (Zonk / Sabotage; 2002)
Kaada: "Music for Moviebikers" (Ipecac / Sabotage; 2006)
Duvido que esta sociedade seja quadrada como a outra embora a ideia de uma big band seja coisa do passado. FES é um grupo belga da parte flamenga que explode de som pelos poros, tantos danos deve ter feito ao vivo (conta a lenda) que convenceu o Mike Patton a editar um "best of" dos seus 4 álbuns esquecidos na Europa, Isms (Ipecac; 2004) - embora deva admitir que esta banda fizesse mais sentido na Web of Mimicry... Em esquizofrenia e energia (zappaniana, bungleana, pattoniana?) há aqui um bocadinho de tudo para todos os gostos: swing, free, mambo, cabaret fumarento da 2ªGG, cha-cha-cha, lounge mais qualquer coisa embrulhado no respeitável formato do Jazz. Nada de electrónicas e afins, a atitude é mais do tipo, ou sabes tocar ou vais para casa... [4; podia ser melhor se não tivesse a voz da gaja - que mania de por sopeiras a cantarem nos combos de Jazz]
...
“I wanted to find a title that described the fact that this was cinematic music. The alternatives were Music for an Imaginary Film, which was too cliché, Accompaniment to a Cinematographic Scene sounded too pompous and another idea was Fake Film, Real Music, which sounded stupid. Music for Moviebikers was a good fit.” - Kaada
Conhecido pelas bandas sonoras de filmes na sua terra-natal, a Noruega, Kaada foi dado a conhecer ao mundo via Mike Patton e a sua Ipecac em Thank You for Giving Me Your Valuable Time (Ipecac; 2003), uma "vintage sample extravanganza" bastante viciante e refrescante, um dos melhores álbuns de 2003! Uma via que foi desviada no álbum seguinte com Patton, Romances (Ipecac; 2004) e que agora foi cimentada com estas "falsas bandas sonoras", em que os samples também são abandonados por uma verdadeira orquestra de instrumentos de cordas, sopro ou outros instrumentos como o saltério ou o dulcitone, onde há coros, assobios, recitais. A música é composta por Kaada mas executada por 22 elementos e dirigida por um maestro - Baldakhin. As coordenadas sonoras são dadas por Tom Waits, Yann Tiersen, Ry Cooder, Ennio Morricone e outros que não me lembra agora, sem nunca se chegar a momentos épicos ou estridentes. Todo o percurso deste "filme" é realmente feito de bicicleta pelo campo com chuvinha a tombar incessantemente. Estamos no fim do verão no norte da Europa e a caminho do doloroso Inverno.
Cheira, de facto, a filminho europeu subsidiado pelo Estado para só meia dúzia de almas sensíves verem. Não que eu seja contra, não que eu ache mau o "filme". Só tenho pena é que raro, na Europa destruída pelo betão e neo-liberalismo, encontrar um campo para passear de bicicleta à chuva miudinha, ou pior, que se encontre tempo para poder fazer isso. Talvez uns jovens universitários possam fazê-lo, escapando às aulas inúteis. Que efeito inverso que esta música bonita me faz! [4; para o ano escuto outra vez, por que raios a embalagem teria de ser tão sui generis]
sábado, 21 de outubro de 2006
Fotos de Satélite sobre a inauguração da Laica no Espaço
sexta-feira, 20 de outubro de 2006
Vómito negro
Nigga Poison: "Resistentes" (Very Deep / Som Livre; 2006)
Foi a faixa destes niggas na colectânea Poesia Urbana (Horizontal; 2004) que me fizeram comprar o álbum de estreia - apesar de já conhecer o CD-EP Podia Ser «Mi» (edição de autor; 2001). Na colectânea, o seu tema metia as outras 12 participações num canto, tal era a misturada hiper-energética de HipHop, Ragga, Kuduro, quase a roçar para um Punk Digital - cena marada mesmo! No furor dessa descoberta atirei-me a estes Resistentes sem pensar... e... desilusão! Problema nº1, antes demais parece uma caderneta de cromos invés de um álbum: há HipHop francês, há Reggae, há Dancehall, há R'N'B, há HipHop (claro, é uma banda de HipHop) ora old school ora new school... Ou melhor: há uma faixa de HipHop francês (Julgado pela aparência), há uma ou duas de Reggae (Fazes parte deste mundo com uma participação dos nojentos Terrakota), há uma de R'n'B (a pior do disco: Onde é que estas?), há uma faixa de HipHop a lembrar a barulheira dos Public Enemy (Alas ta ben, o melhor do disco?), há uma faixa de Kuduro (Yes man - esta é que é a melhor do disco mas longe da tal da Poesia Urbana, infelizmente esta é mais básica), etc... ou seja, a lógica é de ir a todas sem arriscar fundir os géneros - como fizeram, novamente, na tal música da Poesia Urbana - e por isso sem inovar um milímetro. O álbum é mau por isso? Não, há obviamente música boa e bem produzida, cantada/rapada em crioulo (efeito porreiro de se ouvir em qualquer receptor de lusofonia) como também há momentos para esquecer para sempre. O que não se percebe é como não há um direcção, uma ideia para não serem mais uns no meio da música portuguesa. Numa altura que Buraka Som Sistema provou - finalmente! - que há um nicho de mercado para música africana ou luso-africana, é estranho os Nigga virarem-se para o Reggae (que já deve ter os seus dias contados enquanto moda) ou para a "MTV".
Como o camarada Seringa uma vez escreveu, em Portugal quando saí um disco de um som que tenha estado na moda vêm sempre com 5 anos de atraso e geralmente é uma merda. Acho que Portugal já diminuiu esse parâmetro para 2 anos e já não é uma merda total. Mais uma geração e pode ser que a música feita neste país de coninhas seja qualquer coisa de jeito. Até lá ouvimos na faixa A Nós é real alguém a perguntar aos Nigga Poison «agora vocês andam a cantar comercial»... pois...
quinta-feira, 19 de outubro de 2006
Por um punhado de selos
v/a: "Movimentos perpétuos : música para Carlos Paredes" (Universal; 2003)
É raro, mas mesmo raro, um artista popular português ainda estar vivo e receber uma homenagem em Portugal. Em 2003 fizeram-se uma série de iniciativas para homenagear Carlos Paredes, sob o nome Movimentos Perpétuos - título emprestado ao segundo álbum de estúdio do guitarrista, Movimento Perpétuo (Columbia, 1971) - mesmo a tempo de reconhecer de vez a importância deste músico (*). Uma das muitas iniciativas foi este disco-duplo de homenagem com 20 temas de Paredes revistos por outros 20 artistas seleccionados por Henrique Amaro da Antena 3.
O produto é bem executado, bem gravado e inteligente pelos vários cruzamentos de gerações e abordagens musicais: HipHop, Electrónica, Jazz, música de câmara... infelizmente não consigo deixar de achar que muitas das abordagens são limitadas e sem grandes riscos. Tudo é melancólico - apanágio idiota de ser português e da guitarra portuguesa - em que se salva o Ensemble J.E.R. (creditado como José Eduardo Rocha) e os Gaiteiros de Lisboa - curiosamente separados por serem os últimos do alinhamento do primeiro disco e os primeiros da segunda rodela - cujo uso de instrumentos pouco convencionais provocam aquela excelente reacção de aversão-que-se-estranha-e-logo-entranha-se. De resto, é impossível achar alguma ponta de interesse às "soundtracks" pirosas de Rodrigo Leão, aos cosmopolitismos fanhosos das Mísias, a grande treta western-sparghetti dos Dead Combo (ainda não tinham gravado os álbuns e já tinham cunha para homenagear os grandes), os arfares símios de Maria João, as mudanças mal-executadas de Lupanar (se não têm unhas para tocar o que pretendem, então vão aprender seus porkos!), ... no geral quase se cria um clima de beleza artificial para inglês ver - por acaso o HipHop e Electrónica de Sam the Kid, Bullet e Shelter Av. safam-se mais do que possam parecer à primeira audição. Maldita melancolia e saudade! Se é para assim prefiro não ser português! Então porque raios faço eu com um disco destes? Bem, a história até tem a sua piada, troquei com um tipo que conheci pela 'net que queria comprar selos. Lembrei-me que tinha uma colecção quando era puto e como estava a "apodrecer" decidi despachá-la para esse tipo - só fiquei com os selos do Zaire (onde passei parte da infância), mais um da URSS (fabuloso selo vermelhão com dois astronautas!), alguns de Portugal, um de Itália e de Espanha porque estes selos fazem parte do meu ADN visual-emocional. Em troca de cerca de 300 selos recebi isto...
(*) passados 3 anos, o site www.movimentosperpetuos.com já foi à vida, curiosamente e infelizmente...
Qualidade numérica: 3,8/5 Objectivo pós-audição: trocar por moedas nazis?
unDJ GoldenShower || Laica no ESPAÇO
Banca de zines e edição independente da Chili Com Carne
Pintura mural com José Feitor
unDJ GoldenShower
Inauguração às 19h.
Entrada livre.
domingo, 15 de outubro de 2006
Ghana Soundz 2
publicada na revista pdf Sonic Scope Quarterly (Grain of Sound; Nov'06) e I know Mohammed is u're bitch one-nite-zine (An Others Thinking Productions; Dez'06)
sexta-feira, 13 de outubro de 2006
quinta-feira, 12 de outubro de 2006
sexta-feira, 6 de outubro de 2006
DEA report on "Troca de Discos com unDJ GoldenShower || ESPAÇO"
Ontem, lá foi mais uma sessão de Troca de Discos no Espaço... Correu bem, misturas bem sucedidas apesar do equipamento continuar a ser uma manhosice. Apareceram menos pessoas - embora já haja habituées - o que quer dizer a dada altura os discos começaram a escassear.
Passei discos de Residents, Merzbow com World Music do piorio, B-52's, Keilerkopf, Flugschädel, Tore H. Boe & Anla Courtis, Eminem, Die Haut, Acid da semana, Ltd Noise, Carnival in Coal, Hugo Montenegro, Nigga Poison (um sucesso!), Sun Dial, de EBM xungão, a colectânea Drum'n'Ass misturada com End, Electro, o Acid Jazz chato de Courtney Pine com o Noise de DSM666... Uma miscelânea que resulta de forma inesperada.
O disco dos The Advantage voltou à base - que tinha trocado na outra sessão pelos Therapy? - e troquei, em absoluto desesperado de não ter mais discos, muitos discos de Chill Out (um nodjo New Age o Woob2 "4495" (em:t; 1995) ou um disco de remisturas Trance dos Pink Floyd) e de Metal - o título da colectânea Metal Ostentation I (Sound Riot; 2000) revela bem o desespero... «Ostentation»? «Ostentation»? Não pode ser... - de Celestial Season (Soft Doom à My Dying Bride) e Edge of Sanity (Death). Tirando o "Poison pen" (Música Alternativa; 2002) dos norte-americanos The Nerve Meter, que me impingiram como Rock Gótico, que na realidade está no cruzamento Nick Cave, Tom Waits, David Bowie e Tindersticks, foi um belo monte de banhadas que apanhei nesta sessão. Muito obrigado, sr. Gama! ;)
Até dia 2 de Novembro...