Nigga Poison: "Resistentes" (Very Deep / Som Livre; 2006)
Foi a faixa destes niggas na colectânea Poesia Urbana (Horizontal; 2004) que me fizeram comprar o álbum de estreia - apesar de já conhecer o CD-EP Podia Ser «Mi» (edição de autor; 2001). Na colectânea, o seu tema metia as outras 12 participações num canto, tal era a misturada hiper-energética de HipHop, Ragga, Kuduro, quase a roçar para um Punk Digital - cena marada mesmo! No furor dessa descoberta atirei-me a estes Resistentes sem pensar... e... desilusão! Problema nº1, antes demais parece uma caderneta de cromos invés de um álbum: há HipHop francês, há Reggae, há Dancehall, há R'N'B, há HipHop (claro, é uma banda de HipHop) ora old school ora new school... Ou melhor: há uma faixa de HipHop francês (Julgado pela aparência), há uma ou duas de Reggae (Fazes parte deste mundo com uma participação dos nojentos Terrakota), há uma de R'n'B (a pior do disco: Onde é que estas?), há uma faixa de HipHop a lembrar a barulheira dos Public Enemy (Alas ta ben, o melhor do disco?), há uma faixa de Kuduro (Yes man - esta é que é a melhor do disco mas longe da tal da Poesia Urbana, infelizmente esta é mais básica), etc... ou seja, a lógica é de ir a todas sem arriscar fundir os géneros - como fizeram, novamente, na tal música da Poesia Urbana - e por isso sem inovar um milímetro. O álbum é mau por isso? Não, há obviamente música boa e bem produzida, cantada/rapada em crioulo (efeito porreiro de se ouvir em qualquer receptor de lusofonia) como também há momentos para esquecer para sempre. O que não se percebe é como não há um direcção, uma ideia para não serem mais uns no meio da música portuguesa. Numa altura que Buraka Som Sistema provou - finalmente! - que há um nicho de mercado para música africana ou luso-africana, é estranho os Nigga virarem-se para o Reggae (que já deve ter os seus dias contados enquanto moda) ou para a "MTV".
Como o camarada Seringa uma vez escreveu, em Portugal quando saí um disco de um som que tenha estado na moda vêm sempre com 5 anos de atraso e geralmente é uma merda. Acho que Portugal já diminuiu esse parâmetro para 2 anos e já não é uma merda total. Mais uma geração e pode ser que a música feita neste país de coninhas seja qualquer coisa de jeito. Até lá ouvimos na faixa A Nós é real alguém a perguntar aos Nigga Poison «agora vocês andam a cantar comercial»... pois...
sexta-feira, 20 de outubro de 2006
Vómito negro
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