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Clockwork Boys: "Rock nas cadeias" (
True Force; 2007)
Rob K & Uncle Butcher: "The Jam Messengers" (
Groovie +
Pisces; 2007)
O primeiro é um EP, ou seja, tem um formato de um single (de 7") mas tem mais do que um tema em cada lado do vinil. O segundo é um mini-disco e tem um formato de 10". Claro que estes conceitos fazem sentido no mundo do vinil. Na escalada do consumo do CD como formato comercial da música, a ideia do que é um EP, um LP, um Mini-LP ou seja o que for desapareceu porque passamos a ter singles e EP's de uma hora, álbuns de 80 minutos, etc... Daí quando arranjei estes discos ainda tive umas discussões valentes com os seus editores para perceber o que estava a arranjar... Bem, seja como for, vamos ao que interessa, a música!
Os
Clockworks Boys é uma banda de Punk White Trash, definição que pode levar o pessoal a torcer o nariz (com ou sem coca) mas a verdade é que as letras não são tão desfasadas de uma certa realidade portuguesa xunga. É fácil esquecer que em certos meios, ainda há portugueses fodidos ou todos fodidos ou as duas coisas, pessoal que mete bebés no caixote do lixo, que gasta o salário todo na bola ou no Casino, que vão às putas, não usam preservativo e contaminam as mulheres, enfim... um manancial de pecados e boçalidade que não se encontra só nos filmes americanos de
serial-killers passados nas paisagens de "traillers" do Sul. Em Portugal, há matéria-prima prós Clockwork Boys (que merda de nome, não podiam se chamar os Gajos dos Ponteiros ou os Chavalos com Ponta?) mesmo que algumas músicas ou letras parecem vir de uma fornicação entre os UHF (dos primeiros tempos) e dos Mata-Ratos - o que pensar de temas intitulados
Fernando Xalana era R'n'R ou
Hooligans na noite? Ao vivo os rapazes podem ser inesperadamente podres – como, de uma vez no concerto de Natal de 2006, o vocalista cortou-se no peito com cacos de uma garrafa de Superbock! E por falar em podridão, este EP é resultado das primeiras gravações da banda, já velhas e que só uma editora espanhola é que poderia querer editar. As novas músicas soam melhor, por isso, espera-se mais desta banda no futuro (*).
Mais interesante é a atitude de "jam" de
Rob K. e
Uncle Butcher que fazem Blues da forma mais pura, improvisando. São dois cromos, o norte-americano Rob que já fez trinta por uma linha no meio alternativo nova-iorquino desde os anos 80, o Butcher é um "Tigerman" brasileiro que encontro o Rob na 'net. Andaram a trocar ficheiros mp3 uns para os outros para gravar música da forma mais pura possível. O resultado são oito músicas para amantes de álcool, café e cigarros não necessariamente por esta ordem. A edição portuguesa tem um poster desenhado por
Pedro Brito o que só enriquece o disco e as ligações promíscuas entre a ilustração/bd e a música - aliás, esse é o
muy interessante programa editorial da Groovie, cada disco ter ilustração, seja a capa ou no interior.
Go!
(*) Este "post" foi escrito em Março de 2008 e entretanto saiu o CD
Arquivo vol.1 (Zerowork; 2009) que compila todas as sessões de gravação da banda - que teve alguns bateristas diferentes ao longo de 2005 e 2006. Não há muito a acrescentar ao que já foi escrito excepto que parece que o som do CD parece ser melhor - a voz ouve-se melhor - e que estes gajos da banda e da editora bem podiam ter arranjado um gajo que soubesse de arranjo gráfico para ter um CD que tivesse bom aspecto. Foda-se, em 2009 ainda há malta que faz Design javardo!?
Abraços ao Dr. Ray Ban que me arranjou o EP e Ao Mau Amor pelo Mini. E mais uma vez ao Ray Ban pelo CD!