sábado, 25 de setembro de 2010

Scanner Darkly 3


Quando escrevi sobre o álbum de estreia, Archie-Lymb, destes franceses na revista Underworld / Entulho Informativo #19 (Abr'06) explicava que a música que iamos ouvir era explicada a priori pela capa do disco. Falando do álbum seguinte, dois anos depois da estreia e dois anos depois de ter saído (adquiri em Berlim durante a Freak Tour da CCC na conceituada loja Staalplaat), acho que ainda se pode manter a mesma forma de fazer a resenha crítica - embora admita que desde que parei de escrever para publicações, tornei estas resenhas displicentes e pouco sumarentas. Talvez esteja na hora de as abandonar, quem sabe...
Na capa e no interior do CD Hero Crisis temos um cavaleiro e outras imagens misto de "stencil" e de rendas sobre um fundo frio azul-metalizado. Se Archie-Lymb esvaziava-se em "Paraísos Artificiais" veranis, este disco é Inverno electromagnético onde o Electro ganhou protagonismo, a tensão e a melancolia deste projecto mantêm-se mas está cristalizada, de alguma forma perdeu-se a frescura e a promessa de percorrer novos mundos sonoros. Não quer dizer que Hero crisis seja mau - ou que esteja arrependido de ter colocado Archie-Lymb como um dos melhores álbuns de 2006 - apenas deixou de ser uma surpresa e passou a ser um mundo próprio com regras e leis próprias. Se o primeiro era anarquia agora passou-se para o rigor. É a outra face da mesma moeda?
Quando andava pelos 20 anos curtia era o Inverno - a escuridão, o frio, a obrigação de algo - hoje com os 30 anos é o contrário, venha o Verão e o seu descanço e renovação das células... Sem prejuízo deste CD ser bastante bom fico-me pelo Archie-Lymb.

sexta-feira, 24 de setembro de 2010

Scanner Darkly 2


Mick Harris, Eraldo Bernocchi : Total Station (Sub Rosa; 1998)
Scanner : Delivery (Earache; 1997)

Segundo round com os mesmos gajos que escrevi recentemente, desta vez o Harris e o Bernocchi safam-se melhor estando mais orientados para beats Hip Hop com um fundo dub industrial. Mas na realidade não faz mossa para quem já tiver os Techno Animal como referência, tem faixas porreiras, outras vulgares e uma um bocado pirosa. Bah! Nada de novo, talvez fosse interessante em 1998...
Delivery fecha as abordagens tolas da colaboração com Signs ov Chaos para um álbum quase que ambiental dramático - embora tenha beats - e ao que parece transita para um espaço musical de Scanner mais conhecido pelo seu trabalho de piratear conversas telefónicas alheias - encontra-se aqui duas dessas faixas "voyeuristas", o deseperante Heidi e tenso Affaire. Não foge a alguns "templates" da revolução musical electrónica dos anos 90 e já pode ter um cunho datado da época, o que torna a aposta no Scanner numa coisa definitivamente estranha no catálogo barulhento da Earache. Go figure!?

sábado, 18 de setembro de 2010

#22 : Seitan Seitan Scum


Finalmente está cá fora o número #22 do zine Mesinha de Cabeceira com trabalhos de projectos frustrados pela inércia alheia e uma série de novos trabalhos vindos do outro lado do Atlântico sobre o tema das "Seitas"
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Chegou numa altura que Portugal recebe o decadente representante da Seita Seminal - a que criou as estruturas repressoras mais complexas da História da Humanidade. O Papa Rammstein fez de Portugal o seu penico católico e os portugueses nem piaram. Fecharam a Baixa Lisboeta para ele poder mijar disparates e o Estado português subserviente e salazarista deixou os seus Ministérios serem fechados, bem como escolas, universidades, bibliotecas e tudo o que é "seu" e ainda mandou rebocar carros para que o Papa Mais Feio de Sempre ("por cada pecado cometido, uma ruga te marcará a cara", como está escrito na Bíblia Sagrada!) possa sujar as nossas ruas com a sua legião de beatas pestilentas.
A única hipótese de salvar o país seria se o Representante Máximo do Porco Nazareno trouxesse a Peste Negra que lhe deve estar naqueles genes de Rato Negro e dizimasse todos os tontos que lhe cortejam. Mas o Universo é injusto e cruel e isso não acontecerá... só nos resta ler e ver o Seitan Seitan Scum
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Depois de mil atribulações, em que os editores do projecto já achavam que haveria uma Cabala contra o livro conseguimos reunir ilustrações (muitas) e bd's (poucas) dos portugueses Bruno Borges, Pepedelrey, Filipe Abranches, Pedro Zamith (capa), Mulher-Bala, Jorge Coelho, André Lemos, José Feitor, João Maio Pinto, Daniel Seabra Lopes, João Tércio, Ricardo Cabral, e ainda cartuns de Silas - a representar a ala Protestante, bem como o Panque Roque do Senhor (ele pertence à banda Pontos Negros entre outros projectos FlorCaveira).

Do Brasil surgiram muitas propostas de bd vindas dos colectivos mais dinámicos do momento como o pessoal das revistas Prego (Chico Fêlix, Guido Imbroisi e Alex Vieira) e Samba (Gabriel Mesquita, Gabriel Góes e LTG), e do colectivo Pégassus Alado representados por Biú, Roberta Ramos e Stevz, e que nos visitaram em 2008 no evento Brucutumia.

Do Brasil também temos o Fábio Zimbres - excelente grafista e responsável pela extinta mas muito influente revista Animal - que desenhou uma história de Marte (Loverboy, NM), argumento escrito para outro projecto frustrado.

Por fim, temos ainda o norte-americano satânico-que-baste e polémico Mike Diana que numa bd decide homenagear a banda portuguesa industrialita Bizarra Locomotiva, sabe-se lá porquê. Os originais, aliás, já tinham sido apresentados no evento Furacão Mitra, em Dezembro de 2008 na sua visita papesca, e nunca chegamos a perceber porquê a razão de tal coisa... aliás, não se percebe nada deste livro!
Amén!
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60p A4 a cores. edição brochada.
ISBN: 978-989-8363-00-8.
co-edição El Pep e Chili Com Carne
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ESGOTADO / exemplares disponíveis para consulta e empréstimo na Bedeteca de Beja e Bedeteca de Lisboa
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Historial: lançamento a 20 de Maio 2010 na loja Trem Azul na Rua Garrett nº70 no âmbito do Chiado After Work com a presença de alguns dos autores ... 3º prémio do Slowcomics Best Fanzine 2010 pela Fundação Franco Fossati (Itália)
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Feedback: uma excelente antologia de histórias em quadrinhos, colagens, cartuns e ilustrações que falam – ou emitem pensamentos telepáticos – sobre as mazelas das religiões como um todo – ou como a própria contra capa resume, descrença secular. Nada recomendado para os de fraco estômago e os mais ortodoxos. Amém. Pula Pirata ...
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exemplos de trabalhos (Stevz, Mulher-Bala, Mike Diana e Daniel Seabra Lopes):