quarta-feira, 9 de novembro de 2011

Porcalhota (1/3)



Antes de ir prá Residência na Finlândia, decidi despachar todos os livros e discos que andaram moribundos durante "n" Feiras Laicas... E despachar não significa ir sacar guito mas sim trocar por mais lixo cultural à procura de pérolas esquecidas por todos ou apenas desconhecidas por mim. Uma das hipóteses foi a Carbono Amadora , apesar de conhecer um dos sócios - que faz parte dos [f.e.v.e.r.] - não me apetecia muito ir à Porcalhota que nem se quer para ir ao seu Festival de BD vou há 3 anos... porque infelizmente os CTT fizeram merda e da grossa com a entrega dos discos dos Çuta Kebab & Party e tive mesmo de ir lá! Levei uns quantos CDs e trouxe mais uma série de deles que mal consegui ouvir porque dias depois estava a ouvir "suomi". Eis finalmente o relatório de aquisições e por ordem alfabética:
Abe Duque : So underground it hurts (Abe Duque; 2004) estava na secção do Hip Hop sem querer e sem querer trouxe a pensar que seria isso. No no! Techno e Big Beat que poderia ter sido útil no Pinhal Novo... Quem ouve esta merda em casa? Eu não...
Beenie Man : Undisputed (Virgin; 2006) também estava na secção do Hip Hop só porque é preto mas ao menos este sabia que levava o "Rei do Dancehall"... Embora esse auto-proclamado título pudesse ser verdade há 20 anos não creio que agora ou em 2006 fosse verdade - o Sean Paul já levava o título em 2002 com o tal disco que roubei no Pinhal Novo. Disco básico com o Rei a não se aguentar nas canelas ao ponto de se rebaixar pedindo o apoio do vomitante Akon numa faixa, para além de tentar conquistar novas terras como o Reggaeton e o House manhoso sem inspiração. A melhor faixa é quando entra Lady Saw, claro, não fosse ela a... "Rainha do Dancehall"!
Chullage : Rapresálias : Sangue Lágrimas Suor (Lisafonia; 2001) E se Beenie Man é o Famous and Dandy (Like Amos and Andy), Chullage será o oposto - a "CNN dos negros"? Embalado por uma militância bacoca sobre o género musical Hip Hop e a sua cultura, acaba por criar um ponto de saturação em que por mais que a mensagem seja séria (descriminação, pobreza,...) não é possível ouvir mais do que poucas faixas. É o mal do "Hip Hop 'tuga" incapaz de inovação e de criar algo único. Pode-se criticar o sistema mas quando nos agradecimentos Deus é o primeiro a aparecer na lista, então ainda há muito caminho para percorrer... Mais um disco a evitar tal como se evita entrar num bairro social.
HawkwindUndisclosed Files - Addendum (Emergency Broadcast System; 1995) é um disco ao vivo dos inventores do Space Rock com 11 temas de dois concertos, um de 1984 e outro de 1989. Blues / Hard Rock com sons espaciais é a fórmula desta banda só cada vez que eles abrem a boca, não estamos numa nave espacial algures na via láctea mas num pub na província britânica. Farto-me de ouvir falar bem desta banda mas nunca ouvi um disco de jeito deles, azar cósmico?
Makongo : Angolan Kung-Fu (ed. de autor; 2008) foi o passo lógico depois dos Buraka Som Sistema terem inventado o "kuduro progressivo" - por acaso a Petty está neste projecto - e que acaba por ultrapassar o que os BSS fizeram nesse mesmo ano com Black Diamond. Quer o "Diamante" ou o "Kung-Fu" são histriónicos e aproveitam ao máximo o facto do mundo ter-se aberto para o "tecnho angolano" mas enquanto os BSS simplificaram a fórmula (ou para agradar as massas ou para ir mais de encontro ao Kuduro original) estes Makongo decidem ir realmente pelo "progressivo" da coisa com temas mais longos e misturadas do universo da música de dança... Não é nada mau mas parece que não tiveram sucesso - pelo menos nunca ouvi falar neles e farto de ver CDs deles em promoção. Será que Portugal ainda é racista? Hum...
They Might Be Giants : They got lost (Idlewild, 2002) e é quando reparo que a maioria destes discos foram editados pelos músicos - assumidamente como edição de autor ou com uma etiqueta! Curioso... E no caso dos TMBG até faz sentido dada a quantidade de música que eles produzem fora do mercado habitual do Pop/Rock como prova esta antologia de temas feitos pra revistas, programas de TV, um atelier de Design,... Esta é a banda que pode fazer músicas Pop sobre História, Ciência (explicar o que é o Sol é um dos seus clássicos!), Mamíferos, Classe Média ou qualquer outro tema que lhes derem - é sabido uma boa série de discos e livros para a infância feita por eles também. E se como alguém notou que esta deve a única banda que é possível fazer compilações de temas dispersos sem estragar uma coerência do disco também é verdade que os TMBG há muito deixaram de ter a piada que tinham até 1992, quando dos dois Johns aumentaram o formato do projecto para banda (ou seja como mais elementos). Desde então há demasiada guitarrada, menos esquizofenia de mudanças de ritmos e géneros, não sei como é possível mas deixaram há muito de serem (tão) orelhudos e terem o elán da juventude. Creio que foi a última tentativa de os ouvir pós-Apollo 18.

1 comentário:

david campos disse...

pinhal novo roka forte!!!!